Mesmo sem ocupar as primeiras posições no número de sócios-torcedores, os clubes cariocas são aqueles que conseguem atrair mais pessoas fora de seu estado. Vasco, Flamengo, Botafogo e Fluminense têm as maiores porcentagens de associados que não moram no mesmo estado do clube.
No topo do ranking, o Gigante da Colina tem 10.128 sócios-torcedores, de acordo com o Movimento por um Futebol Melhor. Destes, 37% não estão no Rio de Janeiro. O Flamengo, com 56.623 associados, tem 35% fora do estado. No Botafogo, são 27% e, no Fluminense, 21%. Do outro lado, estão Cruzeiro e Atlético-MG. A Raposa e o Galo têm apenas 3% e 4% de seus sócios fora de Minas Gerais.
Apesar de os cariocas terem sócios em várias regiões, o colunista Rodrigo Capelo, da revista "Época", acredita que não existe chance de uma grande ampliação o número de sócios. O jornalista crê que é impossível alcançar uma marca de 1 milhão de inscritos.
- Esses dados mostram que os programas de sócios-torcedores têm uma característica local. Os clubes do Rio de Janeiro têm cerca de 60 ou 70% dentro do Rio. Os outros clubes estão perto dos 90%. Os 10% são torcedores que estão muito longe, mas pagam um dinheirinho pequenininho para ajudar de alguma forma. Por isso que não dá para sonhar com 1 milhão de sócios-torcedores. É local, está relacionado ao estádio. No caso do Flamengo, por exemplo, não dá para pegar um percentual da torcida nacional do Flamengo e dizer que é possível ter 5 milhões de sócios. Você tem que pensar sempre no mercado local, próximo ao Maracanã, em quem vai ao estádio - disse o jornalista.
Rodrigo Capelo acredita também que o modelo de sócio-torcedor do Brasil precisará sofrer uma mudança nos próximos anos, porque crê que os afiliados têm poucas vantagens ao se tornarem membros.
- Isso só existe no Brasil. Na Europa, não existe sócio-torcedor. Existe o que eles chamam de season ticket, o clube vende ingressos para a temporada inteira. Aqui no Brasil, criamos esse conceito de sócio-torcedor, em que o cara paga para entrar em uma fila. É o caso de Palmeiras e Corinthians, o torcedor paga todo mês para ter o direito de entrar no estádio. O Brasil hoje ganha muito dinheiro com isso, mas acho que não é um modelo sustentável por muito mais tempo. Uma hora o torcedor vai cansar de pagar 30 ou 50 reais por mês, para não ter contrapartidas de verdade. É só para entrar na fila do estádio. Acho que é um modelo que vai ter que ser revisto daqui a alguns anos.
Fonte: Sportv.com