Natação Paralímpica: Susana Schnarndorf: 'Tive dias muito difíceis, momentos de achar que tudo estava perdido, mas nunca desisti'

Domingo, 11/09/2016 - 09:28
comentário(s)

Susana Schnarndorf vive um dia de cada vez. É a forma que tem encontrado para lidar com uma grave doença degenerativa, que vem comprometendo funções importantes do seu corpo ao longo dos últimos anos. Na noite desta sexta, a inédita e sonhada medalha paralímpica, nos Jogos do Rio, fez valer cada minuto de esforço. Com o avanço da síndrome, a atleta gaúcha de 48 anos tem perdido gradativamente a coordenação motora e precisou reaprender a nadar para subir ao pódio ao lado de Daniel Dias, Clodoaldo Silva e Joana Neves, com a prata no revezamento 4x50m livre misto até 20 pontos.

- Minha luta é diária contra a minha doença. Não tinha certeza se estaria aqui agora. Para medicina, não estaria aqui. Várias vezes tive medo da doença me vencer. Eu tenho muita paixão pelo que faço, tenho muita vontade de estar aqui, e eu consegui. Tive dias muito difíceis, momentos de achar que tudo estava perdido, mas nunca desisti - ressaltou Susana, sem segurar as lágrimas.

Na comemoração logo depois da prova, no pódio ou dando entrevistas. Depois de conquistar a medalha de prata no 4x50m livre misto, sua primeira em Paralimpíadas, Susana se emocionou diversas vezes. A Múltipla Falência dos Sistemas (MSA), doença que compromete gradualmente os movimentos, a respiração e outras funções do organismo, não a permitia fazer planos para o futuro. Era difícil prever se conseguiria realizar o desejo de disputar os Jogos do Rio. Realizá-lo e ainda subir ao pódio era mais do que podia imaginar, uma alegria imensurável.

- O meu caminho até aqui foi difícil. Passa um filme na cabeça da gente. A gente lembra de tudo que aconteceu, de toda a luta para eu estar aqui. Essa medalha tem um valor muito especial para mim. É a minha vida. A natação paralímpica é a minha vida. Eu e meu técnico lutamos muito para ter essa medalha – disse Susana, que ainda disputa outras três provas na Rio 2016 (50m livre, 100m peito e 200m medley).

A ex-atleta de triatlo convive com o avanço gradual da doença há 12 anos, quando descobriu a MSA. Em 2010, passou a se dedicar ao esporte paralímpico e fez da natação sua aliada para tentar frear a evolução do problema. A estreia nas Paralimpíadas veio em Londres 2012. De lá para cá, no entanto, os sintomas se agravaram e, consequentemente, o desempenho dentro das piscinas foi ficando prejudicado. No processo em busca do sonho de disputar os Jogos do Rio, a gaúcha precisou ser paciente e recomeçar do zero.

- Foi uma luta diária. Minha doença evoluiu muito na parte da coordenação motora. Tive que reaprender a nadar. Tem movimentos que a gente acha que consegue fazer, mas não consegue mais. Quero dedicar essa medalha para os meus filhos, que são minha vida, e para o meu técnico (Felipe), que me ensinou a nadar de novo e me ajudou a chegar até aqui - disse a nadadora, que tem três filhos.

Clique aqui para ver o vídeo



Fonte: GloboEsporte.com