O CRB carrega a quinta maior média de público da Série B: 5.142 mil pessoas por jogo.
Mais do que torcedores, a campanha que pode recolocar o futebol alagoano de volta à primeira divisão depois de 30 anos tem atraído a atenção também de olheiros de clubes ao redor do país. Na mira deles, o camisa 7 que surgiu nesta temporada, tem enfileirado defesas e é considerado a principal revelação do campeonato nesta temporada: o atacante Luidy.
Enquanto o Sport teve uma oferta recusada, Santos, Vasco e outros fizeram consultas recentes por seu futebol.
Será praticamente impossível mantê-lo no estádio Rei Pelé para a próxima temporada.
O mais impressionante de toda a história em torno do atleta nascido em União dos Palmares, município no interior do Estado, é que ele tem apenas pouco mais de um nos gramados. A sua formação foi toda ela feita na várzea.
A exemplo de Zumbi, respeitado herói da resistência antiescravagista, Luidy enfrentou seus percalços à sua maneira.
Sem qualquer comparação, claro.
"O sitio da minha família fica onde era o Quilombo dos Palmares. Falam muito do Zumbi, ainda mais o pessoal de fora. Todo fim de ano tem festa aqui na cidade. Eu particularmente não conheço muito a história dele", conta o jovem jogador ao ESPN.com.br.
O garoto do CRB deu os seus primeiros passos pela seleção de sua cidade, chegou a jogar profissionalmente, inclusive, contra o CSA com apenas 15 anos na segunda divisão estadual e, em seguida, se transferiu para o Caçador Atlético Clube, de Santa Catarina. Não funcionou como esperava e, ao voltar para casa, foi chamado pelo Murici para a disputa da Copa São Paulo.
Não seria daquela vez, ainda, que os holofotes iriam fisgá-lo.
Ainda pior, ao fazer o caminho de volta para o povoado Muquém, localizado ao lado de Palmares, teve de lidar com o desemprego dos pais e a morte do avô, então responsável por sustentar a família. Em meio a tudo isso, descobriu também que a sua namorada estava grávida.
Então, havia se decidido deixar a bola de lado para correr atrás de um emprego.
"Estava jogando pela seleção de Palmares e fizemos um amistoso contra o CRB. Acabei me saindo bem, o professor Jean Carlos [treinador da base] me viu e me chamou para Maceió. Agora estou morando com minha namorada e tendo uma vida legal e diferente. Decobri que ela estava grávida bem no momento mais difícil quando estava pensando em desistir. A minha filha se chama Laisa Cecília. Depois dela, tudo melhorou", afirma Luidy.
"Esse ano não poderia ser melhor. Nunca tinha passado por isso. CRB no G-4 por várias rodadas, hoje posso ajudar meus pais, reformaram nossa casa, que não tinha piso nem reboco, telefone não para de tocar, o assédio está grande", prossegue.
Fruto de sua formação defasada, o atacante ainda enfrenta dificuldade apenas para driblar a cobrança por uma alimentação melhor.
"É um pouco difícil esse lance de alimentação. Às vezes, pegam no meu pé. Não estou acostumado com essas comidas. Não como verdura, por exemplo, mas estou me acostumando", diz.
Com Luidy, o CRB volta a campo neste sábado, contra o Vila Nova-GO, às 21h (de Brasília), no Rei Pelé.
O time regatiano ocupa o quarto lugar na Série B, com 38 pontos, e precisa reagir com uma vitória para não deixar a zona de acesso e ficar para trás.
Fonte: ESPN.com.br