Disputar uma Paralimpíada não era novidade. Correr na pista em vez de no gramado, porém, dava sim um ar de estreia. Quarto colocado nos Jogos de Londres com a seleção brasileira de Futebol de 7, Fabio Bordignon desta vez foi mais longe em um voo solo. Nos 100m da classe T35, para atletas com paralisia cerebral, o ex-atleta do Vasco e agora velocista conquistou a medalha de prata com 12s66, novo recorde das Américas. Ficou atrás apenas do ucraniano Ihor Tsvietov (12s31). O pódio teve ainda o argentino Hernan Barreto, que completou a distância em 12s85.
- Estou muito feliz. É comparado com receber a notícia de ser pai. É como se fosse um segundo filho para mim agora. (...) A transição foi dolorosa. Foi uma barreira grande que consegui destruir. Eu amava o futebol de 7, ainda amo. Mas tive que fazer essa escolha para representar o Brasil nos Jogos - vibrou o atleta, que nasceu em São Gonçalo.
Fabio, que tem na panturrilha uma tatuagem com a Cruz de Malta e a inscrição "Sempre ao teu lado"!, havia corrido também na sessão matinal do Engenhão. Na disputa eliminatória, liderou o seu balizamento, com o tempo de 12s78. Campeão paralímpico, o ucraniano Tsvietov também foi o melhor da qualificação. Com o tempo de 12s22, garantiu recorde mundial da prova.
- Tenho a tatuagem do Vasco porque sou vascaíno (risos). A cruz é pela metade porque o restante está na minha esposa, assim como o resto da frase. Cheguei a jogar pelo Vasco em 2013, foi um ano muito bom para a gente. Tínhamos um elenco muito bom. Mudei de clube justamente para poder fazer a transição para o atletismo - disse.
Depois de fazer parte da seleção de futebol de 7 dos Jogos de Londres 2012, Fabio passou a ter cada vez menos oportunidades diante de uma renovação que foi feita na equipe. Não esconde que se sentiu preterido e chateado, muito por não entender o porquê de não convocado. Algo que foi totalmente superado com o sucesso nas pistas. Uma frustração que abriu as portas para o sucesso individual.
- Depois da Paralimpíada de Londres houve uma renovação. Mas não era convocado e ninguém me dizia o motivo. Fiquei um pouco triste porque ninguém me falava. Melhorei meu rendimento, mas nunca mais fui convocado e resolvi migrar para o atletismo. Descobri que tenho talento também para isso. Amo agora o atletismo, como amo o futebol.
Fabio ainda pode conquistar mais nos Jogos Paralímpicos do Rio. No domingo, ele disputa as semifinais da prova dos 200m. A final está marcada para segunda.
Fonte: GloboEsporte.com