Hoje no futebol da Rússia, ex-vascaíno Pedro Ken relembra título 'garfado' do Urubu

Terça-feira, 06/09/2016 - 00:25
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Atualmente no Terek Grozny, da Rússia, o meia Pedro Ken atua pela primeira vez em sua carreira fora do Brasil. O meia revelado no Coritiba e com passagens por Vasco e Cruzeiro ficou sem contrato no final do ano passado após conquistar o acesso para a Série A do Campeonato Brasileiro com o Vitória.

"Tinha esse objetivo de jogar na Europa. Aconteceram umas sondagens antes, mas nunca deu certo. Foi o momento certo e ideal para sair. A cultura é bem diferente de tudo que já vi. Até hoje não entendo o que eles falam, pego uma ou outra palavra (risos). O frio era complicado, mas acostumei", disse o jogador, ao ESPN.com.br.

Por causa do idioma, o atleta de 29 anos conta que sofreu no início para fazer coisas do cotidiano.

"Uma vez fui comprar roupa de cama, mas comprei uma menor. Tinha que trocar e falar com o tradutor e tive que ir sozinho, mas as atendentes tiveram que fazer na mímica, mas deu certo (risos)", completou.

A saudade é outro problema que o atleta enfrenta por morar na região de Chechênia. "Minha namorada, que é medica e faz residência no Brasil, vem me visitar quando pode, além da minha mãe".

Atuando ao lado dos compatriotas Adílson (ex-Grêmio) e Rodolfo (ex-Vasco), Pedro Ken explica que faz no máximo 35 partidas por temporada - 30 pelo Campeonato Russo e outras cinco na Copa da Rússia.

Com um calendário menos desgastante, o meia que pode render ainda mais dentro de campo.

"Temos mais tempo para treinar e fazer uma preparação melhor, coisa que não Brasil não existe. Isso prejudica porque era jogo de quarta e domingo e sempre corria risco de lesão".

ELE PODE VIRAR JAPONÊS

Pedro Ken Morimoto Moreira começou aos 10 anos na base do Coritiba, clube no qual se profissionalizou. Ele começou a estudar educação física na faculdade, mas precisou trancar o curso por causa da profissão.

"Nossos amigos eram Marlos, Henrique, Keirisson, Rodrigo Mancha, jogamos juntos a Copa São Paulo. A gente foi campeão da Série B do Brasileiro em 2007 com a molecada que tinha ido bem na Copa São Paulo. Depois, todo mundo acabou tendo sua carreira e até hoje somos amigos".

Neto de japonês por parte de mãe, ele não descarta defender a seleção nipônica em um futuro, mas admite que pode ser muito difícil pela burocracia. "Quando comecei minha carreira me cogitaram na seleção japonesa, mas para me naturalizar precisa trabalhar lá por cinco anos lá e dificulta. Quem sabe, se surgir essa oportunidade de jogar por lá seria bacana".

"Falo só o basicão mesmo de japonês. Meus avós falavam entre eles, mas como só os via nas férias escolares não peguei as manhas".

Após se destacar no time paranaense, ele foi para o Cruzeiro e teve um ótimo começo. "Depois que trocou treinador eu não tive mais tantas chances. Fui emprestado ao Vitória e subimos para a Série A em 2012".

Após conquistar o acesso, ele foi para o Vasco e fez 54 partidas somente no primeiro ano. "Tive muitos bons momentos. O clube vivia dificuldades financeiras, mas era um ambiente muito familiar e todos muitos amigos. Torcida é muito grande e fanática e ia a todos os lugares que jogávamos".

"Uma vez na Copa do Brasil fomos atuar no Maranhão. Chegamos às duas horas da manhã e fomos escoltados direto da pista do aeroporto porque estava lotado (risos). Aquilo me marcou".

A grande tristeza que ele viveu foi a perda da decisão do Campeonato Carioca de 2014 para o rival Flamengo. A equipe cruz-maltina havia eliminado o favorito Fluminense na semifinal e estava conquistado o título até o final do segundo tempo, mas acabou levando o empate por 1 a 1 de forma irregular e deu adeus ao sonho.

"No último minuto eles empataram com um gol impedido do Márcio Araújo, que estava uns três metros à frente (risos). Escapou por pouco por causa do erro de arbitragem. Ficamos bem tristes e revoltados, fazia tempo que não ganhávamos um Carioca. Já estava um clima de vitória de título e na última bola aquilo aconteceu".

No começo de 2015, Pedro resolveu voltar ao Coritiba para ficar perto do pai que estava com câncer. Ficou pouco tempo e retornou como capitão ao Vitória para jogar a Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado.

"Ele falou que não era para ficar preso lá por causa dele, que poderia ir tocar minha carreira. Então, voltei o Vitória e graças a Deus subimos. Só que infelizmente ele acabou falecendo ano passado e não viu o acesso. Ficou como homenagem para ele".




Fonte: ESPN.com.br