A preparação física não é o único foco dos atletas brasileiros em um evento de grande porte, como os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Todo um acompanhamento psicológico e também religioso faz parte atualmente dessa rotina.
A questão religião e esporte gerou polêmica esta semana após um suposto comentário do treinador do atleta francês, Renaud Lavillenie, medalhista de prata no salto com vara na última segunda-feira (15), que teria declarado que a vitória do brasileiro Thiago Braz estaria relacionada a "forças místicas, talvez as do candomblé". Thiago Braz é evangélico e atribuiu a Deus decisões de treinar fora do Brasil e saltar 6,03m.
Em entrevista exclusiva para Sputnik Brasil, o Técnico da Equipe de Remo do Clube carioca Vasco da Gama, Marcelo Neves dos Santos afirmou que tanto o preparo psicológico e o fator crença são hoje em dia fundamentais para todos os atletas.
"Hoje não somente no remo, mas em qualquer modalidade esportiva ele é dividido em quatro vertentes físico, técnico, tático e psicológico, e mais recentemente já se colocou também a vertente religiosa, a crença. É muito importante. Muitas vezes dizemos que não existe treinamento errado, existe sim a crença do atleta, do grupo de acreditar naquele treinamento que está sendo proposto para eles. Essa é a grande diferença hoje em dia que se tem."
Sobre a polêmica envolvendo o atleta Thiago Braz e Renaud Lavillenie, o especialista esportivo acredita que cada vez mais os atletas procuram sim uma preparação religiosa.
"Se você acredita que é capaz de atingir determinado objetivo, é o primeiro passo para tal. Se você não acredita, por melhor que seja a sua preparação, por melhor que sejam os profissionais envolvidos em todo o processo dessa preparação, se não há a crença de que você vai chegar a esse objetivo, com certeza você não vai alcançá-lo. Isso é verdadeiramente importante."
Em relação à parte psicológica, o técnico Marcelo Neves dos Santos destaca que ela é feito em duas vertentes: a etapa para suportar o alto volume de treinamentos físico e técnico, que engloba a capacidade de superação no dia-a-dia, e o treinamento psicológico para a competição propriamente dita, no que diz respeito a concentração, a acreditar que o resultado é possível.
"Se você analisar fisicamente e tecnicamente, por exemplo, na minha modalidade os seis finalistas em uma prova de Skiff, que é um barco de um remador só, você vai ver pouquíssimas diferenças físicas e técnicas entre esses seis atletas. O que vai predominar como o diferenciador de uma medalha é exatamente esse trabalho psicológico."
Ao ser indagado sobre como vê a participação do Brasil, nos Jogos Olímpicos em sua especialidade, o Remo, o treinador do Vasco da Gama diz que infelizmente ainda estamos muito aquém do primeiro patamar das equipes que se encontram no topo à nível internacional. "Nós precisamos ainda ter um caminho muito longo pela frente. Nossa melhor colocação foi em 14º lugar, que não foi diferente das últimas Olimpíadas, quer dizer, nós estamos estagnados. Nós não conseguimos um melhor desenvolvimento que outras modalidades conseguiram nesses dois últimos ciclos olímpicos, como por exemplo, a canoagem, o handebol, e outras modalidades que conseguiram uma melhora muito significativa. Isso não aconteceu com a nossa modalidade. Precisamos verificar o que está faltando e procurar desenvolver esses nossos pontos fracos", analisou Marcelo Neves dos Santos.
Fonte: Sputnik Brasil (texto), Reprodução Internet (foto)