A mesma Seleção Brasileira contestada em suas duas primeiras partidas nas Olimpíadas do Rio de Janeiro – frustrantes empates por 0 a 0 com África do Sul e Iraque – foi ovacionada pelo público do Maracanã no início da tarde desta quarta-feira, no Maracanã. Não era para menos. A equipe comandada por Rogério Micale não tomou conhecimento de Honduras, construiu uma vitória por 6 a 0, com gols de Neymar (2), Gabriel Jesus (2), Marquinhos e Luan, e chegou à sonhada decisão.
Será a quarta final de um torneio olímpico de futebol masculino que o Brasil, ainda em busca da inédita medalha de ouro, disputará. Antes, o País foi derrotado em decisões pelo México em Londres 2012, pela União Soviética em Seul 1988 e para a França em Los Angeles 1984. Além dessas pratas, houve dois bronzes na história nacional, em Pequim 2008 e em Atlanta 1996.
A adversária da Seleção Brasileira será definida ainda nesta quarta-feira, no duelo de algozes entre Nigéria (que eliminou o Brasil nos Jogos de 1996) e Alemanha (a responsável pela histórica goleada por 7 a 1, sofrida na Copa do Mundo de 2014), que se enfrentam em Itaquera em busca da chance de também estar na final das 17h30 (de Brasília) de sábado, no Maracanã. No mesmo dia, mas às 13 horas (de Brasília), Honduras jogará pelo bronze no Mineirão.
O JOGO
O Brasil não deu tempo para surgirem sinais de desconfiança no Maracanã. Enquanto muitos torcedores ainda se acomodavam nas arquibancadas, Neymar já pressionava a saída de Honduras, forçando o erro de Palacios. O atacante do Barcelona ficou livre na área adversária, dividiu com o goleiro López e viu a bola entrar aos 14 segundos de partida.
A única preocupação que a Seleção Brasileira encontrou no primeiro tempo, a partir de então, foi o fato de Neymar ter se machucado na disputa com López. Recuperado pouco tempo, o astro logo chamou a atenção dos marcadores hondurenhos, que o marcavam com violência – embora ele valorizasse bastante cada queda no gramado, como costuma fazer.
Sem conseguir incomodar a defesa brasileira, o técnico colombiano Jorge Luis Pinto e os seus jogadores, então, voltaram as suas críticas à arbitragem do romeno Oividiu Alin. O Brasil não se importava com as queixas. Nem a torcida, que festejava o bom momento do futebol nacional, raro nos últimos anos, com gritos empolgados de “o campeão voltou”.
Haveria mais para celebrar ainda na etapa inicial. Aos 25 minutos, Luan recebeu a bola de Gabriel e achou Gabriel Jesus nas costas da defesa hondurenha, do lado esquerdo. O atacante que o Palmeiras vendeu ao Manchester City correu e completou com categoria na saída de López para ampliar o placar.
A jogada de Gabriel Jesus trouxe tranquilidade não apenas para a Seleção, contestada no início da sua campanha nos Jogos Olímpicos, mas para o próprio atleta, um dos mais criticados no período de turbulência. Foi dele também o terceiro gol. Aos 34, com assistência de Neymar, voltou a concluir diante de López e, desta vez, mandou para o alto da meta.
Parecia claro que, naquele instante, o Brasil já tinha uma medalha olímpica assegurada no Rio de Janeiro. Eufórico, o público vislumbrava a premiação dourada – e tinha até uma seleção predileta para a conquista da prata. “Ô, Alemanha, pode esperar! A sua hora vai chegar!”, berravam os torcedores, ainda sem saber o resultado da semifinais entre os alemães e a Nigéria.
Com esse ambiente, a Seleção Brasileira foi e voltou serena do vestiário do Maracanã para jogar o segundo tempo. E rapidamente transformou o marcador parcial de vitória em goleada. Aos cinco minutos, Neymar cobrou escanteio da esquerda, e a bola parou nos pés de Marquinhos. O zagueiro teve dificuldades no domínio, mas estufou a rede na finalização.
Bastante satisfeito com a atuação brasileira, o técnico Rogério Micale pôde se dar ao luxo de projetar a decisão olímpica em suas alterações. O primeiro a sair foi Rodrigo Caio, que já tinha um cartão amarelo, para a entrada de Luan Garcia. Depois, o ovacionado Gabriel Jesus acabou substituído por Felipe Anderson.
Àquela altura, a torcida já havia feito o Maracanã se assemelhar à arena de vôlei de praia montada em Copacabana, com um repertório vasto para a sua cantoria. Honduras enfim se lançava ao ataque, desesperadamente, na esperança de encaixar uma boa investida e abalar a vibração do público.
O avanço de Honduras só abriu mais espaços para a Seleção Brasileira. Envolvente, com rápida troca de passes e triangulações, o time de Rogério Micale voltou à carga aos 33 minutos e, após um cruzamento rasteiro da esquerda, Luan empurrou para o gol aberto e comemorou o quinto gol – enquanto o público já pedia o sétimo, lembrando a contundente goleada alemã do último Mundial.
Não foi possível fazer sete gols. Por pouco. Já nos acréscimos, Luan foi derrubado por Palacios dentro da área, e o árbitro não hesitou em assinalar o pênalti. Neymar se apresentou para a cobrança, deslocou López e fechou a contagem em 6 a 0.
FICHA TÉCNICA
BRASIL 6 X 0 HONDURAS
Local: Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Data: 17 de agosto de 2016, quarta-feira
Horário: 13 horas (de Brasília)
Árbitro: Ovidiu Alin Hategan (ROM)
Assistentes: Octavian Sovre (ROM) e Sebastian Eguren Gheorghe (ROM)
Cartões amarelos: Rodrigo Caio (Brasil); Acosta, Vargas, Palacios e Espinal (Honduras)
Gols: BRASIL: Neymar, aos 14 segundos, e Gabriel Jesus, aos 25 e aos 34 minutos do primeiro tempo; Marquinhos, aos 5, Luan, aos 33, e Neymar, aos 46 minutos do segundo tempo
BRASIL: Weverton; Zeca, Rodrigo Caio (Luan Garcia, 12 do 2º), Marquinhos e Douglas Santos; Walace e Renato Augusto (Rafinha, 31 do 2º); Luan, Neymar, Gabriel Jesus (Felipe Anderson, 23 do 2º) e Gabriel. Técnico: Rogério Micale
HONDURAS: Luis Lopez; Marcelo Pereira, Johnny Palacios, Jhonathan Paz, Allans Vargas (Salas, intervalo) e Brayan Garcia; Marcelo Espinal e Bryan Acosta (Allan Banegas, 27 do 2º); Romell Quioto, Alberth Elis e Anthony Lozano (Benavidez, intervalo). Técnico: Jorge Luiz Pinto
Fonte: Gazeta Esportiva (texto, ficha), Tribuna PR (ficha), Divulgação (foto)