Marcelo Mattos chegou ao Vasco com o mesmo objetivo do clube para 2016: a tentativa de recomeço. Afinal de contas, enquanto o Cruz-Maltino foi rebaixado para a segunda divisão no ano passado, o volante deixou o Botafogo devido ao alto salário, acertou com o Vitória, mas foi pouco utilizado. No futebol brasileiro, Marcelo Mattos ficou conhecido por ser um volante de características essencialmente defensiva: muita marcação e o objetivo de "destruir" as jogadas.
No Vasco, o jogador tem sido utilizado de outra forma: o técnico Jorginho o escala quase como um terceiro zagueiro, responsável pelo combate aéreo, além de se destacar na saída de bola. O alto índice de acerto nos passes chama a atenção da comissão técnica. Seja como titular ou reserva, Marcelo Mattos tem um aproveitamento alto no quesito: a média é de 92% de acerto.
Se chegou ao Vasco sob um cenário de desconfiança (e a recíproca era verdadeira), hoje o volante tem a confiança de Jorginho, de Zinho, da diretoria, dos jogadores e da torcida. Em reportagem exclusiva à Super Rádio Tupi, Marcelo Mattos espera por um final feliz no final da temporada.
O Vasco começa o segundo turno do Campeonato Brasileiro da Série B mais tranquilo devido á diferença para o Ceará?
Essa diferença de pontos que nós temos pro Ceará é muito boa, mas sabemos que não vai ser fácil esse segundo turno. As equipes irão querer dificultar ao máximo, os jogadores sempre querem aparecer sempre contra o Vasco. Os jogos são sempre complicados, principalmente no nosso estádio.
Quais cuidados que o Vasco precisa ter no segundo turno não ter de passar sufoco no final da competição?
Temos que encarar os jogos com seriedade, porque, repito, sempre serão complicados. Todos querem aparecer contra o Vasco. As equipes vão a São Januário jogando fechadas, o que complica pro nosso time. Temos que continuar trabalhando, tentando fazer o melhor, treinando sempre bem e tentar sempre ultrapassar essas barreiras. Nosso treinador e a comissão técnica sabem que os adversários sempre jogarão com dez na defesa, bem fechados, e eles estudam isso para fazer o melhor para o Vasco.
O elenco do Vasco parece estar adaptado à maratona aérea da Série B do Brasileiro. O desgaste físico com os deslocamentos ainda é o maior adversário?
O desgaste é o nosso maior adversário. Mas a diretoria está fazendo de tudo para que tenhamos o maior descanso possível, fretando aviões durante esses jogos em cidades mais longes, por exemplo. Isso ajuda bastante e por isso somos os líderes do campeonato. Estamos fazendo tudo isso com inteligência: o pessoal da preparação, do Cappres, da recuperação. Enfim, o trabalho é bem feito, e o Vasco tem uma equipe com idade considerada alta. Mesmo assim, somos líderes da Série B e nas oitavas da Copa do Brasil. Ou seja: o trabalho é bem feito.
Você é um dos jogadores mais vitoriosos do elenco do Vasco e foi contratado no início do ano para dar mais experiência ao elenco após o rebaixamento. Qual foi o cenário encontrado na sua chegada e qual é o cenário de agora dentro do elenco?
O cenário que encontrei em janeiro foi de confiança, que tudo daria certo neste ano. Sempre vi os jogadores querendo trabalhar, dar o máximo para colocar o Vasco na primeira divisão. Sabíamos que a pressão para subir seria alta e estamos caminhando bem. Também sabemos o quão a Copa do Brasil valorizaria o ano do Vasco, porque é um meio de chegar à Libertadores. No ano passado, jogamos bem na reta final, mas não tínhamos mais forças e infelizmente caímos.
Foi difícil encontrar uma brecha no meio de campo tendo Julio dos Santos e Diguinho como concorrentes?
Sempre tive em minha mente fazer o melhor pro Vasco e pra mim, buscando o melhor nos treinamentos para poder melhorar física e tecnicamente. Os trabalhos do Jorginho na pré-temporada me ajudaram bastante. Tê-lo, ao lado do Zinho e de outros ótimos profissionais, é excelente. Toda comissão técnica coloca nas nossas cabeças que somos igualmente importantes. Espero que, neste ano, tudo possa terminar bem.
Nessa sua passagem pelo Vasco, chama a atenção seu posicionamento defensivo, atuando praticamente como terceiro zagueiro. Em alguns momentos fica nítido que você é o dono da bola aérea. Isso é uma novidade e como Jorginho trabalha isso no dia-a-dia?
Minha função é a proteção aos meias, nesse trabalho. Tenho uma preocupação com o zagueiro também. Às vezes, sai cruzamento e estou dentro da área para ajudar meus amigos de zaga. É uma característica minha. Isso acontece nos treinamentos e, lá, sempre tento aprimorar: o que tenho dificuldade, eu tento evoluir. As pessoas estão sempre querendo me ajudar. O Zinho, o Jorginho, o Valdir... pessoas que ganharam muitas coisas e que têm todo meu respeito. A cada dia, temos que ter humildade para aprender com as pessoas.
Fonte: Super Rádio Tupi