Casaca divulga nota sobre campanha no 1º turno da Série B e medalhas olímpicas do Vasco

Segunda-feira, 08/08/2016 - 07:47
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Duas formas de abordar dois temas

Com o empate na última rodada do primeiro turno da Série B, o Vasco terminou o referido turno com a terceira maior campanha da história dos pontos corridos no modelo atual (39 pontos e 12 vitórias), sendo superado apenas pela campanha parcial de Vitória-BA (2012) e Palmeiras (2013). Acima das campanhas protagonizados por Atlético-MG, Botafogo e Corínthians, quando disputaram a segunda divisão nos anos de 2006, 2014 e 2008.

Pela primeira vez no atual modelo de pontos corridos um clube liderou o turno de ponta a ponta.

Diferentemente de Atlético-MG, Botafogo, Corínthians e Palmeiras (partícipes do grupo dos 12 grandes clubes do país), o Vasco foi Campeão Estadual no ano em que disputa a segunda divisão. Aliás podemos destacar que o título cruzmaltino foi conquistado de forma invicta, superando neste quesito o Flamengo, que obtivera o empate em títulos estaduais invictos no ano de 2011.

No ano, o Vasco também fez história no quesito invencibilidade.

O Gigante da Colina, além de bater seu próprio recorde em partidas oficiais, que era de 28 jogos, chegando aos 34, ultrapassou vários clubes grandes no mesmo quesito: Atlético-MG (1976), Palmeiras (1973), Internacional-RS (1984) e Flamengo (1978/1979), igualando as marcas obtidas pelo Corínthians (1957) e Cruzeiro (2003).

Além disso, junto à equipe mineira, obteve a maior invencibilidade do século XXI em partidas oficiais.

E mais um detalhe: nenhuma sequência invicta oficial de clube algum, além do Vasco, foi obtida com a disputa de 11 clássicos estaduais e interestaduais, considerando estes os disputados entre os 12 maiores clubes brasileiros.

Há também uma curiosidade: o Vasco não perde jogos contra equipes da Série A desde 08/11/2015, portanto está há mais de oito meses invicto, tendo jogado 15 partidas no período, vencido 9 e empatado 6.

Do chamado G4 do Campeonato Brasileiro da Série A, todos os adversários enfrentados pelo Vasco perderam ou empataram apenas dentro da sequência exposta acima. Flamengo, duas derrotas e um empate, Palmeiras, uma derrota, Corínthians, um empate, Santos, uma derrota.

Falando assim, a queda do Vasco parece não ter explicação, mas há um fator que é indiscutível. O clube foi prejudicado em 20 lances capitais pela arbitragem no Campeonato Brasileiro do ano passado, contra um erro a seu favor, em 38 rodadas. O Vasco deixou de conquistar 14 pontos em função da arbitragem, considerando os tais erros capitais e suas consequências contra o clube e a favor dos adversários dele ao longo da competição.

Se a Série B nada tem a ver com este elenco do Vasco, os recordes obtidos em 2016 apenas ratificam isso.

Esta simples matéria poderia ter sido escrita para louvar o Vasco em 2016, não pelos recordes na Série B, mas pelo conjunto da obra da equipe, classificada e invicta também na Copa do Brasil até aqui.

Mas o UOL preferiu fazer uma matéria comparando as performances do Vasco na Série B de 2009, 2014 e 2016, ignorando o fato de que o clube havia batido recordes não apenas contra suas próprias performances anteriores, mas sim sobre todas as outras no modelo atual, disputado desde 2006, sendo o único clube líder de ponta a ponta no primeiro turno da competição.

A matéria, replicada pelo site Netvasco no dia 02/08, acima citada, não teve de nossa parte muita atenção, mas em vista de outra publicada no dia 06, sobre a participação do Vasco em Jogos Olímpicos, ficou latente caber a nós uma elucidação ao público a respeito do tema levantado.

O Vasco é o clube carioca com o maior número de medalhas olímpicas conquistadas na história. Foram 34, sendo 6 de ouro, 17 de prata e 11 de bronze, considerando conquistas com atletas brasileiros e estrangeiros vinculados ao clube na ocasião de disputa dos Jogos.

Nos mais populares esportes coletivos, futebol, basquete e vôlei o Vasco teve 9 representantes que “medalharam”.

No Atletismo, considerado o esporte mais ligado aos Jogos Olímpicos por sua essência, dois dos principais resultados obtidos pelo Brasil contaram com a participação de cinco atletas cruzmaltinos.

Na natação, entre atletas estrangeiros e brasileiros, o número de medalhas chegou a 10.

No Vôlei de Praia mais quatro atletas conquistaram 6 medalhas ao todo.

E até mesmo na Vela e no Hipismo foram mais quatro medalhas.

Mas a distância do Vasco para os demais co-irmãos do Rio de Janeiro só foi conseguida em função do Projeto Olímpico desenvolvido pelo clube desde 1998 e interrompido bruscamente no início do século, em função de dois fatores públicos e notórios:

1 – O fim do aporte financeiro contratado entre Vasco e Nations Bank – que dava evidentemente lastro ao investimento – ocorrido a partir do segundo semestre de 2000, que ocasionou a denunciação do contrato por parte do clube em janeiro de 2001, considerando o Vasco ser credor do banco, algo ratificado por um executivo do próprio banco meses após, publicamente.

2 – Aquilo que ficou conhecido como “Torniquete Financeiro” ao clube, por parte da Rede Globo, conforme matéria publicada pelo jornal “Meio e Mensagem” em janeiro de 2001, citada em 09/07/2002 pelo presidente vascaíno Eurico Miranda em carta à emissora da qual extraímos um pequeno trecho:

…aproveito a oportunidade para reproduzir entrevista concedida pelo Sr. Marcelo Campos Pinto, executivo da TV Globo, concedida ao Jornal Meio e Mensagem em janeiro de 2001:“Oficialmente, a TV Globo não vai fazer nada. A revanche, no entanto, ocorrerá por meio de um endurecimento no adiantamento de bilheteria, placas de publicidade e televisionamento. Ela trata os clubes do Rio com paternalismo, mas com o Vasco isso acabou. A intenção é punir o clube com um torniquete financeiro. Sem dinheiro, ele não vai poder manter o time e, quando começar a perder, não terá mais o apoio da torcida”.

Após o pequeno parêntese vamos voltar ao tema focado pela matéria do site UOL.

O projeto Olímpico realizado pelo Vasco foi um exemplo de apoio ao esporte como um todo, algo gritado por atletas, técnicos e dirigentes ao fim de cada edição dos Jogos Olímpicos até aquela.

Diante de uma realidade na qual o clube pôde investir e tinha no investimento algo acordado com o próprio banco, que era seu parceiro, o Vasco mostrou ser sim possível montar e realizar um Projeto Olímpico, conquistar dezenas de medalhas, representar com êxito o Brasil e o próprio clube em competições mundiais, pan-americanas e sul-americanas e com isso fazer a marca Vasco ter em notoriedade, mídia espontânea e atrelamento a conquistas em todos os cantos do país e no exterior algo a princípio imensurável, além de obter um número maior de simpatizantes e torcedores, consequência também disso.

Os valores posteriores desembolsados pelo Vasco para pagamentos de atletas olímpicos, considerando esportes nos quais o Brasil foi representado em Sidney, não oneraram o clube numa cifra de grande relevância do montante a ser pago por pendências que envolveram o futebol, funcionários, impostos, esportes não olímpicos e o próprio Basquete Masculino – ausente dos jogos de Sidney – na mesma época.

A história do Projeto Olímpico, detonado por grande parte da imprensa durante os próprios Jogos Olímpicos, por despeito ou inveja de alguns, ficou para a história como um exemplo de que é possível sim realizar o feito pelo Vasco.

As contas que não puderam ser pagas naquele momento foram satisfeitas ao longo dos anos e já em 2008 – na gestão daquele que de fato em 2000 presidia o clube e de direito assim permaneceria em 2001 – acordos eram cumpridos e valores a ser desembolsados estavam previstos para pagamento no Ato Trabalhista assinado pelo Vasco e os outros grandes clubes da cidade, desde 2004. Ato nº 673/2004.

Novo Ato (nº 837/2007) foi assinado por Vasco, Fluminense e Botafogo no final de 2007, com o cruzmaltino obtendo condições melhores de pagamento que os demais, exatamente pelo fato de dever menos que ambos e como se sabe nenhum deles fez Projeto Olímpico algum.

Em 2016 o Vasco leva apenas três atletas para os Jogos Olímpicos, mas dando novamente um exemplo para a sociedade, digno de aplausos e reverências, será representado também nas Paraolimpíadas com 12 atletas ao todo, sendo a base da equipe de futebol com 7 jogadores do plantel.

Mas infelizmente o site UOL publicou matéria resumindo o Projeto Olímpico a um ato que tivesse trazido “grandes prejuízos ao Clube”, como se o quantitativo de medalhas ganhas, a história protagonizada pelo Vasco, a forma como a marca foi exposta, o número de torcedores e títulos conquistados e o montante daquilo que o clube teve de pagar em função da inadimplência de seu parceiro e financiador do projeto, fosse, no fiel da balança, grave, prejudicial ou oneroso a ponto de não se ter noção do quanto o clube ganhou com isso, sob o aspecto institucional, histórico e visual. Nada apaga aquilo que o Vasco idealizou, construiu e realizou ao longo daquele período.

Como parágrafo final da matéria tivemos uma conclusão digna de ser escrita por algum simpatizante do MUV, ao longo dos últimos 16 anos. Segundo dito pelo UOL não teria acontecido o retorno financeiro ao Vasco (como se a direção cruzmaltina esperasse significativo retorno financeiro direto), e o clube, a partir daí, teria mergulhado “num mar de dívidas”, querendo, de fato, fazer crer ao torcedor do Vasco que os valores concernentes a ações trabalhistas de uma parcela dos atletas olímpicos, eventualmente credores do clube, teriam tal amplitude.

Uma inverdade repetida mil vezes pode se tornar verdade, mas basta um mínimo de raciocínio lógico para desfazê-la, apenas detalhando um pouco mais o tema.

Em 2000 o Vasco levou a Sidney, entre atletas brasileiros e estrangeiros, 85 pessoas, participantes de exatos 20 esportes, o clube conquistou 26 medalhas, se fosse um país teria terminado entre os 15 primeiros. No mesmo ano obteve entre medalhas e troféus nos mais variados esportes “amadores” mais de 1000 (mil) conquistas, publicadas inclusive no jornal “O Globo”, no início de 2001, em duas páginas inteiras do diário (para alguns “mais um prejuízo” por certo).

A história narrada e vivida pelo Vasco naquele período merece ser contada e reverberada muito para além de problemas posteriores (sanados pelo clube). O que não poderá ser impedido pelos insatisfeitos é a rememoração da belíssima página escrita pelo Vasco durante aqueles anos, com direito a uma performance em 2000 distante, muito distante de ser igualada ou mesmo aproximada por qualquer outro. E sabemos o quanto isso incomoda a muitos.

Casaca!




Fonte: Casaca