Fernando Prass tratou a faixa de capitão como simples simbologia. O técnico Rogério Micale respondeu a três perguntas em sua primeira entrevista coletiva na Granja Comary sobre o tema - que veio repetido do próprio anúncio da lista para a Rio 2016. E não respondeu objetivamente a nenhuma delas. Não chega a ser um drama a definição do capitão da seleção olímpica, mas o suspense deve durar mais uns dias. Micale quer estabelecer contato maior com todo o grupo antes de entregar a braçadeira de capitão. Há dois favoritos óbvios: Neymar e Fernando Prass.
O craque do Barcelona se impõe como referência técnica e último capitão da seleção principal com o técnico Dunga - bom lembrar que na última Copa do Mundo, com Felipão, era Thiago Silva o dono da braçadeira. Mas qual a opinião de Micale para o posto? Hoje, ele ainda avalia as alternativas. Agrada muito o nome do goleiro do Palmeiras. Considera Prass um reflexo da liderança positiva num grupo de futebol. A primeira impressão sobre Neymar também foi boa.
Há vantagens, desvantagens e até alternativas para onde Micale resolver amarrar a braçadeira. Por enquanto o treinador opta pela conversa, pelos contatos diários e o "olho no olho", como disse mais de uma vez. Neymar surpreendeu a comissão técnica na chegada. O jogador do Barcelona serviu de guia da garotada para os sete da seleção sub-20 que chegaram para completar o grupo de apenas 16 convocados - Marquinhos e Renato Augusto se juntam na quinta-feira e no dia 27, respectivamente. Ele fez questão de se apresentar a todos e cumprimentar um por um.
Micale e Erasmo Damiani, coordenador da base da CBF, observam o grupo e levam em conversas individuais pequenas impressões e anotações para diagnóstico do time olímpico. Sem psicólogo na delegação, enxergam a passagem da braçadeira como ritual de fundamental importância para o grupo.
Confira o cenário para a definição:
O craque: Neymar é o cara que carrega nas costas a responsabilidade de ser o melhor jogador, o que faz as principais jogadas e deve comandar o time. A ideia de Dunga de lhe dar a braçadeira era das melhores. Traria junto a noção de maturidade, de um representante da seleção, mas não foi bem assim. Mais "reclamão" do que o costume, ele discutiu e quase brigou com adversários e juízes e foi punido com cartões, suspensões.
O experiente: Fernando Prass é, desde a convocação, um porta-voz de Micale e da seleção olímpica. Em cada entrevista reforça esse status natural. Mas não é só com as palavras que ele impressiona. O primeiro dia de treinos no campo mostrou bem isso. Chegou antes das 9h ao lado dos garotos Uilson, de 22 anos, e Daniel Fuzato, 19. Foram os primeiros a chegar, últimos a sair, após o treino da tarde. No fim, ainda comandou a resenha sentado no gramado. Mas o goleiro do Palmeiras já deixou claro que não vai depender da braçadeira para cobrar, comandar, cativar, liderar... Entre os defensores estão, justamente, Damiani e Micale.
O porto seguro: Renato Augusto não estava na lista original de Micale. E isso se explica mais por alternativa de jogo, preferência tática a favor de Douglas Costa do que pelo também bom futebol do ex-jogador de Corinthians e Flamengo. Apesar de só chegar na próxima semana, se apresentando em Goiânia, Renato, aos 28 anos, é exemplo de maturidade e versatilidade que Micale quer ver. Colocar a faixa de capitão em Renato tiraria mais esse peso de Neymar e não inibiria em nada o capitão sem faixa que pode ser Fernando Prass.
Os jovens capitães: Não é coincidência que Marquinhos, Rodrigo Caio e Luan sejam os três zagueiros dessa seleção. Pela versatilidade, pela boa técnica para sair jogando e para pensar o jogo vindo de trás - já atuaram em outra função, como lateral e volante -, mas também pela liderança natural. Os três têm histórico na função nas seleções de base. Marquinhos foi o capitão no Sul-Americano e no Mundial Sub-17 de 2011, Rodrigo Caio usou a braçadeira no Torneio de Toulon, em 2013 e 2014, e Luan, em 2015, foi o escolhido por Micale para ser o capitão da seleção que foi ao Pan, em Toronto.
Fonte: GloboEsporte.com