Volante Douglas Luiz supera dificuldade de morar em comunidade e pode ganhar chance neste sábado

Sábado, 16/07/2016 - 13:05
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Douglas Luiz está com o elenco do Vasco para o jogo contra o Luverdense, neste sábado, pela Série BA vida de Douglas Luiz mudou bastante no último mês. Há duas semanas, o volante se preparava para o primeiro jogo da semifinal da Taça Rio sub-20, contra o Flamengo, quando ficou dois dias sem poder ir treinar no Vasco. O motivo: tiroteio na comunidade Nova Holanda, na zona norte do Rio de Janeiro, onde ele mora. Neste sábado, ele estará longe, em novo desafio. Ficará no banco de reservas da equipe profissional cruz-maltina para o jogo contra o Luverdense, pela Série B do Campeonato Brasileiro.

- Nós temos grande dificuldade. Moramos numa área carente. Tem dia que tem tiroteio, ou que a polícia está fazendo operação. Quando isso acontece não podemos levá-lo. Estamos esperando uma moradia fora daqui para tirá-lo. Ele não pode mais ficar aqui - contou o pai do volante, Edmilson Soares, de 52 anos.

Ao lado de Hugo Borges, Douglas Luiz foi puxado do time sub-20 por Jorginho para completar o elenco, que viajou para o Mato Grosso desfalcado dos principais jogadores. A princípio, não tem muita perspectiva de entrar em campo, mas a primeira vez no elenco profissional será importante para o garoto de 18 anos.

- A gente sabe que os jovens precisam de tempo para se adaptar. Uns conseguem com mais rapidez, outros levam tempo maior. Esses jogos vão capacitando, dando experiência a eles - disse Jorginho, em entrevista coletiva na sexta-feira.

Aprovado em peneira

Estar no profissional cruz-maltino já é uma vitória para Douglas. Após se destacar em escolinhas e atuar em times de várzea na Nova Holanda, o menino chegou ao Vasco com 15 anos, após ser aprovado em uma peneira em Itaguaí. Ele faz parte da elogiada geração 98 do clube, ao lado de nomes como Mateus Pet, Evander, Alan Cardoso e Hugo Borges, que ganhou diversos títulos na base. No ano passado, conquistou o Campeonato Carioca sub-17.

Mesmo em ascensão, Douglas ainda tem que lidar com problemas cotidianos. Filho do caminhoneiro Edmilson Soares e da cabeleireira Maria Leda, ainda não conseguiu sair da Nova Holanda. As dificuldades para ir treinar não são novas e aconteceram outras vezes antes da preparação para o jogo contra o Flamengo. Sua família faz espécie de força-tarefa e se reveza para poder levá-lo aos treinamentos.

Por isso, Douglas, caso entre, jogará também com outra motivação: a de ajudar a vida de sua família. Apoio não vai faltar: seus parentes vão se organizar para acompanhar o duelo com o Luverdense, mesmo sabendo da possibilidade de não vê-lo em campo. A esperança é maior: que o garoto possa mudar de vida.

- Estamos muito felizes. Ele vem de comunidade, tem bom comportamento. Jogava em time de favela e agora está num time grande. Já pensou entrar e fazer um golzinho? Melhora mais ainda. Temos a esperança de uma vida melhor. A batalha continua.



Fonte: GloboEsporte.com