Jordi fala sobre seu início no Vasco, Seleção Brasileira, Martín Silva e momento atual

Sábado, 09/07/2016 - 11:59
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A ponte mais marcante da carreira de Jordi não aconteceu num campo de futebol. Foi numa piscina, quando ele, adolescente que vivia no alojamento de São Januário, empurrou o amigo Dhieyson na água e se desesperou ao ver que o parceiro não sabia nadar. Do menino levado e tagarela dos tempos de escola, o goleiro vascaíno guardou algumas características, mas amadureceu. Sofreu numa das piores goleadas da história do clube (6 a 0 para o Inter em 2015), aprendeu com Martín Silva e garante ter evoluído. Seu próximo teste acontece neste sábado, quando será titular contra o Brasil de Pelotas, pela 15ª rodada da Série B, às 18h30 (de Brasília), em São Januário. O amigo uruguaio está suspenso.

- Estava na piscina com o Dhieyson. Apareceu um sábado na beira da piscina. Quando o Dhieyson foi olhar, empurrei ele. Coitado, todo mundo achava que ele sabia nadar. Quando fui ver, o rapaz estava quase morrendo. Pulei para salvar, quase fui junto. Ele tentava se salvar e me colocou para baixo. Consegui sair. Foi o primeiro salto. Ponte na certa. A maior da carreira e a mais desesperadora de todas (risos) – lembrou Jordi.

O goleiro cruz-maltino chegou a São Januário com 15 anos. Estudou na escolinha, onde atormentou professoras e diretoras porque não parava de falar, viveu no alojamento e sempre foi visto como promessa. Desde que subiu, porém, não conseguiu confirmar a esperança da torcida vascaína. Em alguns jogos, mostrou insegurança, algo normal para um jovem de 22 anos. Em outros, teve boas atuações e ganhou confiança. A pré-convocação para a seleção olímpica foi confirmação para ele, apesar de não ter estado na lista final.

Em 2016, Jordi atuou em nove partidas e sofreu oito gols. Detectou aspectos de jogo em que pode melhorar, como nas saídas do gol, algo que vem trabalhando especificamente com Fábio Tepedino, preparador de goleiros. Por outro lado, aproveita a convivência para Martín Silva para aprender segredos da posição e ganha apoio do uruguaio.

Confira a entrevista na íntegra:

GloboEsporte.com: Como é sua relação com o Martín Silva?

Jordi: É uma pessoa que considero muito. Estou há três anos concentrando com ele, temos uma intimidade muito grande. É um irmão para mim. Conversa muito comigo, aponta meus erros e fala onde tenho que melhorar. Não foi uma palavra que ele disse, mas um gesto que me marcou. No jogo contra o CRB ele estava acompanhando, e logo que acabou o jogo ele veio, apertou minha mão e fez assim (cerra os punhos). Como se dissesse: “Boa, Jordi, parabéns.” Aquilo foi um momento marcante para mim.

GloboEsporte.com: E aqui no Vasco? Qual foi o momento que você mais lembra?

Estava na piscina com o Dhieyson. Apareceu um sábado na beira da piscina. Quando o Dhieyson foi olhar, empurrei ele. Coitado, todo mundo achava que ele sabia nadar. Quando fui ver, o rapaz estava quase morrendo. Pulei para salvar, quase fui junto. Ele tentava se salvar e me colocou para baixo. Consegui sair. Foi o primeiro salto. Ponte na certa. A maior da carreira e a mais desesperadora de todas (risos).

Você era levado, então...

Muito. Eu me dava bem com os professores, conversava com eles, mas falava muito, estava o tempo todo brincando. Às vezes eles ficavam “pê” da vida (risos).

Em campo, você também é falante desse jeito?

Aqui a gente é muito aberto um com o outro. Já não tenho mais essa dificuldade. O que tiver que falar eu chego e falo, com os experientes e os mais novos. Só de se concentrar com um cara como Martín já sei o que falar.

Além do Martín, tem algum outro goleiro no qual você se espelha?

O Jefferson. Está passando por um momento difícil, machucado, todo goleiro passa. Mas é um goleiro estável, que faz a diferença para o Botafogo. É goleiro de Seleção.

Você esperava a pré-convocação para a seleção olímpica?

Eu traço objetivos na vida, e um desses era a seleção olímpica. Achei que conseguia estar entre os 35, sabia que a oportunidade poderia vir. Acompanhei a convocação, estava com expectativa boa, mas há tempo para todas as coisas.

Você sempre visto como uma promessa do clube, mas ainda não tem total confiança da torcida. Como tem tentado melhorar?

Acredito que tenho vindo muito bem nos jogos. O que acontece é que todos cometem erros. Estou começando, não podem me comparar com um cara de 32 anos, sendo que tenho 22. É trabalhar e me dedicar. A saída de bola é um forte que eu tenho, mas que senti um pouco de dificuldade, porque não é igual à base. Venho trabalhando e vou me sobressair muito um dia nisso.

Como aquela derrota por 6 a 0 para o Inter no ano passado, com você no gol, te impactou? Como fez para superar aquilo?

Se não foi o pior, foi um dos piores (dias da minha vida). Um dia depois era meu aniversário. Tirei aquilo como exemplo, para crescer. Vi como o Vasco é grande, foi algo que superei. Agora é esquecer. Tem coisas melhores para vir.

O que mudou do Jordi daquele jogo para o que vai enfrentar o Brasil de Pelotas neste sábado?

Hoje é um Jordi mais experiente, mais calmo, que cresceu bastante nos trabalhos, na postura, na dedicação. Isso tem sido o diferencial.

E mais falante?

(Risos). Bem mais falante. Que orienta bastante, conversa e se expressa da melhor maneira possível.




Fonte: GloboEsporte.com