Há 63 anos, no dia 04 de julho de 1953, o Vasco vencia o São Paulo por 2 a 1 e conquistava um dos maiores títulos de sua história: o Torneio Ocotogonal Rivadavia Corrêa Meyer. E de forma invicta.
O torneio foi sucessor da Copa Rio, realizada nos anos de 1951 e 1952, mas com várias semelhanças: ambas as competições tiveram o mesmo organizador, a CBD, com autorização da FIFA, comprovada pela participação do presidente da Federação Italiana e vice-presidente e Secretário-Geral da FIFA Ottorino Barassi na sua organização.
Assim como nas edições da Copa Rio, no Torneio Rivadavia os árbitros eram todos do quadro da FIFA: por exemplo, o árbitro paulista Querubim da Silva Torres foi aceito na competição apenas na condição de “bandeirinha” por não ser um árbitro do quadro da entidade máxima.
Após empatar em 3 a 3 com o Hiberian, bicampeão escocês 1950/51 e 1951/52, vencer Fluminense e Botafogo por 2×1, e despachar o Corinthians nas semi-finais com duas vitórias (4×2 e 3×1) Vasco pegaria o tricolor paulista na grande final.
Na primeira partida, vitória do Vasco por 1 x 0 em pleno Pacaembu, gol de Djair. Mas ainda faltava um jogo. O jogo.
Na tarde de sábado do dia 4 de julho, o Maracanã receberia a grande final do octogonal internacional. E novamente o Vasco sairia vencedor, dessa vez por 2 a 1, dois gols de Pinga, conquistando um dos mais valiosos troféus de sua grandiosa história. Este dia também ficaria marcado como o último título de Ademir de Menezes pelo “Gigante da Colina”.
“Está terminado o Torneio Octogonal. E coube ao Vasco laurear-se no certame em disputa da taça “Rivadavia Corrêa Meyer”, fazendo-o com inteira justiça. Foi um vencedor à altura do titulo, provando ter sido a decisão lógica e merecida. Na verdade, pertenceram ao esquadrão de São Januário, em todo o decorrer do Torneio Octogonal os feitos de maior expressão tornando-o, por isso, o vencedor indiscutível de alto mérito.
É verdade que houve prélios em que foi necessária toda a dose de espirito de luta e alguma chance, como frente ao Botafogo e no primeiro confronto com o São Paulo. Mas, ainda assim, atuou o campeão do Octogonal à altura das tuas credenciais.
A vitória de sábado, sobre o mesmo São Paulo por 2 a 1, valeu pois, pela confirmação de uma superioridade que já se desenhara e foi a consagração final pela conquista do título.”
A Noite (05/06/1953)
“O Vasco é o campeão da primeira Taça Rivadavia Corrêa Meyer. Vencendo o São Paulo na tarde de sábado, pela contagem de 2×1, o team cruzmaltino completou a sua serie invicta no Torneio Internacional. Na série de classificação, empatou com o Hibernian por 3×3, derrotando Fluminense e Botafogo pelo mesmo score de 2×1. Nas semi-finais venceu duas: vezes ao Corintians, por 4×2 e 3×1.
Classificado para as finais, com o São Paulo que derrotara o Fluminense, voltou a ganhar duas vezes, começando na quarta-feira da semana passada, na Paulicéia, por 1×0 (goal de Djair) e bisou o triunfo sábado. Utilizando dois arqueiros — Ernani e Oswaldo; quatro zagueiros —Augusto, Haroldo, Mirim e Bellini: quatro halves — o mesmo Mirim, Ely, Danilo e Jorge: e nada menos do que onze atacantes: Pedro Bala, Alfredo, Maneca, Sabará, Ademir, Ipojucan, Alvinho, Pinga, Simão, Chico e Djair, 21 jogadores ao todo, o quadro de São Januário cumpriu destacada performance, merecendo o titulo conquistado.
Foi, sem favor, o team mais regular, saindo de um pálido empate com os escoceses de Edinburgo para notáveis exibições, merecendo citação as que desenvolveu contra o Fluminense e na primeira peleja com o Corintians. Ao todo marcou dezessete goals, contra nove dos adversáos, apresentando a media de 2,2 pró e 1,2 contra. Como o “goal average” está entrando em moda no Brasil, o vascaíno foi de 1.88. Diga-se que os cruzmaltinos, que começaram com a zaga Augusto e Haroldo, para as semi-finais tiveram de improvizar Mirim como back direito, colocando Bellini como seu companheiro. E tudo deu certo, e pode ser compreendido pelo plantel de São Januário e a habilidade na escolha dos elementos.”
O Globo (05/07/1953)
As atuações dos campeões, segundo o periódico carioca:
ERNANI – Jogou apenas poucos minutos da segunda fase, saindo de campo por ter torcido o tornozelo direito, ao cobrar um tiro de meta. No primeiro tempo, porem, foi um bom arqueiro, praticando seguras defesas. A sua mais sensacional intervenção foi num “shoot” cruzado de Bauer.
OSWALDO — Entrando aos 8 minutos da segunda fase, para substituir Ernani, o veterano guardião houve-se com sucesso. Não foi culpado no goal único do adversário e fez espetacular defesa aos 43 minutos, quando evitou tento tido como certo, num shoot de surpresa de Pé de Valsa, que invadira a área. Sem exagero pode-se dizer que, com a sua intervenção dita milagrosa, Oswaldo pagou o preço do seu ingresso no Vasco.
MIRIM — Jogando contundido, Mirim não pôde desenvolver o seu melhor jogo. Mas foi um valente e supriu com entusiasmo as dificuldades que encontrava para firmar o pé. Fez penalty em Maurinho, que o juiz não marcou.
BELLINI — Errando logo no primeiro minuto, segundos antes do goal número um do Vasco, quando a bola passou sob os seus pés e foi perdida por Oito sozinho diante de rnani, depois foi crescendo de produção. No final, na reação dos paulistas, destacou-se pela firmeza nas rebatidas, tirando partido do seu físico.
ELY — Firme o medio direito, embora nos momentos decisivos abusasse um pouco do Jogo viril. Mas ninguém deve ficar espantado com o entusiasmo e os excessos do defensor vascaíno, pois faz parte do seu estilo de jogo. Para o seu team, porque mais interessa aos torcedores e companheiros, foi um elemento útil.
DANILO — Com bons e maus momentos, sentindo talvez um pontapé que recebeu na canela direita. Lutou, porém, com ardor e procurou resolver de qualquer maneira os lances, nos instantes de dificuldade.
JORGE — Fez um primeiro tempo fraco, pois não conseguiu acertar muito com Maurinho. Depois foi melhorando. principalmente quando o ponteiro direito sampaulino passou para a esquerda. Lanzoninho foi mais fácil de controlar.
MANECA — Embora escalado na ponta direita, raramente Maneca foi encontrado no posto, pois ficava armando o jogo e soltava as bolas para os companheiros pela sua ala. Depois passou para a meia e foi visto mais vezes na frente, procurando o goal. Deu um grande shoot na trave, quase aliviando o team quando o São Paulo atacava muito.
ALFREDO — Jogou dez minutos apenas, criando um caso com o juiz por ter agarrado Poy. Na sua missão de perturbar o árbitro — se realmente foi essa —teve bom desempenho.
ADEMIR — Colaborou nos dois goals vascaínos feitas por Pinga e deu algumas de suas sensacionais arrancadas. Deixou o campo aos 35 minutos da fase final, por ter sentido o joelho direito, justamente o que o afastara do gramado durante três meses.
IPOJUCAN — Sentindo a distensão muscular. não foi o mesmo player dos últimos encontros. Mas desta vez, pelo menas, teve a seu favor a disposição para a luta, tendo aparecido com sucesso ao apoiar a retaguarda, quando maior era a pressão bandeirante.
PINGA — Duas chances e dois goals: parece que não precisava fazer mais, quando se sabe que o Vasco venceu por 2×1. No segundo tempo andou com cuidado devido às entradas dos adversários e não apareceu muito.
DJAIR — Ficou escondido grande parte do jogo. pois De Sordi esteve atento. Mas no final desferiu violento shoot, obrigando Poy a difícil defesa, ao recolher a bola que Maneca mandara na trave superior.
O Globo (05/07/1953)
Outras vitórias do Vasco em 04 de julho:
04/07 – Progresso 1 x 4 Vasco (Carioca – 2ª Divisão – 1920)
04/07 – Vasco 3 x 0 Syrio e Libanez (Carioca 1926)
04/07 – Canto do Rio 2 x 3 Vasco (Carioca 1943)
04/07 – Vasco 2 x 1 São Paulo (Torneio Rivadávia Correa Meyer 1953)
04/07 – Vasco 2 x 1 Madureira (Carioca 1970)
04/07 – Uberaba 1 x 3 Vasco (Amistoso 1971)
04/07 – Vitória-BA 0 x 3 Vasco (Amistoso 1973)
04/07 – Vasco 3 x 0 Fluminense (Carioca 1981)
04/07 – Vasco 4 x 0 Santos (Brasileiro 2007)
Fonte: Casaca