Recentemente, tocou o telefone de Jorginho, técnico do Vasco. Era Dunga do outro lado da linha. O então treinador da seleção brasileira queria informações sobre Luan, titular absoluto no Cruz-Maltino, candidato a uma vaga nos Jogos do Rio de Janeiro. Gostou do que ouviu e incluiu o defensor na pré-lista olímpica.
Dunga foi demitido, Rogério Micale assumiu, mas o nome de Luan permaneceu. Na quarta-feira, o defensor foi citado na lista de convocados para os Jogos Olímpicos, uma das principais surpresas da relação. Afinal, ele não havia sido chamado para nenhum amistoso de preparação com Micale; outros nomes estavam à frente, como Dória, Wallace, Marlon, Lucão e Rodrigo Ely.
Na corrida pela vaga, Luan deu um sprint na reta final. Num cenário em que seus concorrentes jogavam com pouca frequência em seus clubes ou tinham dificuldades para conseguir a liberação, o zagueiro do Vasco reunia todos os requisitos.
- Luan esteve presente no Pan-Americano, foi capitão, tem perfil de liderança. Ele vem atuando com frequência no Vasco, e a gente vê que o clube vive bom momento. É um jogador em quem a gente acredita, tem qualidade, perfil agregador. Tudo isso o credenciou para fazer parte da lista – explicou Micale, durante entrevista coletiva.
O Pan-Americano foi a única experiência de Luan com Micale. Na ocasião, o treinador levou um time alternativo e utilizou a competição justamente para observar possíveis nomes. Daqueles, apenas o zagueiro foi aproveitado na lista olímpica.
- Joguei todos os jogos no Pan. Conheci o Micale no Pan. Já tinha jogado contra ele nos juniores, ele no Atlético-MG, eu no Vasco. Ele é um cara muito correto, muito sério. Ele fala olhando no olho. Vi o que ele falou sobre mim na entrevista dele. Estou muito feliz. É recíproco – completou Luan.
Experiência e ritmo de jogo
O zagueiro preferido de Micale é Marlon, do Fluminense. Mas o defensor pouco jogou neste ano e amargou a reserva. O mesmo aconteceu com Dória, Lucão e Rodrigo Ely. Wallace, do Monaco, outro forte candidato a uma vaga, não conseguiu a liberação do Monaco. Luan vive situação completamente diferente: é titular absoluto do Vasco, joga com frequência, e seu clube não impôs qualquer dificuldade para permitir sua participação nos Jogos.
A definição sobre Luan já havia acontecido alguns dias antes da convocação. Tanto que, ao sair de campo num carrinho, contra o Paraná, na terça-feira, o zagueiro gerou preocupação na CBF. Entretanto, o problema não é grave: o defensor teve contratura lombar e já faz tratamento. Soube do chamado para a seleção olímpica, inclusive, enquanto fazia sessão de acupuntura.
Luan também é calejado em relação a problemas. O zagueiro está há 10 anos no Vasco, fez toda sua formação em São Januário e é titular absoluto há três temporadas. Isso lhe dá experiência necessária para suportar a pressão de disputar a Olimpíada em casa. Depois de sofrer dois rebaixamentos e conquistar dois títulos cariocas, a aposta de Micale é que o defensor terá maturidade para lidar com um de seus maiores sonhos.
- Se firmar em um time titular, vindo da base, é difícil. Ontem se não me engano completei 142 jogos pelo Vasco. Não é fácil. Estou meio um pouco ainda sem acreditar. É um sonho o que estou vivendo. Eu quando cheguei com 13 anos, dormia aqui e pensava: "Será que um dia vou jogar no campo de cima? Será que vou para a Seleção?". É um sonho de moleque. Hoje estou realizando um sonho. Muito feliz. Vamos em busca desse ouro inédito.
Fonte: GloboEsporte.com