Luan estava fazendo acupuntura em São Januário quando Rogério Micale anunciou a lista dos 18 jogadores que vão compor a seleção brasileira olímpica. Cheio de agulhas, recebeu um abraço que ele caracterizou como sincero de Nenê, que entrou na sala animado após a notícia. O zagueiro, que chegou ao Vasco com 13 anos, mantém regularidade na equipe titular desde 2014 e foi bicampeão do Carioca com a camisa cruz-maltina.
Nas entrevistas, Luan costuma ser bastante sereno. Uma tranquilidade que impressiona apesar de ser jovem: ele tem 23 anos. Nesta quarta-feira, porém, o zagueiro deixou a emoção mexer um pouco com suas palavras. Disse que a convocação não é mérito apenas dele, mas de todos que trabalham com ele no Vasco: o técnico Jorginho, o companheiro de zaga Rodrigo, o presidente Eurico Miranda...
- Ainda bem que foi da entrevista (parecer mais velho). Se falar do rosto eu ia ficar p... (risos). Apesar de ser muito brincalhão aqui dentro, sou sério na hora do trabalho. Mas falo bem também nas entrevistas. Acho que para a Seleção, são muitas qualidades que o jogador tem que ter. É difícil falar disso ou daquilo, do que me credenciou. Isso é mérito meu, mas também é mérito do Jorginho, do Eurico, do Nenê, do Rodrigo, da minha esposa, meus irmãos. Fico até sem palavras. Eu sou um cara muito tranquilo, mas hoje eu estou bem emocionado. Mas já chorei demais ali dentro do vestiário, tenho que curtir agora - disse Luan.
Único representante do Rio de Janeiro na lista, Luan, que nasceu em Vitória, no Espírito Santo, afirmou que para ele é um orgulho representar a cidade onde mora e trabalha.
- O Rio já é minha casa, meu estado. Se firmar em um time titular, vindo da base, é difícil. Ontem se não me engano completei 142 jogos pelo Vasco. Não é fácil. Estou meio um pouco ainda sem acreditar. É um sonho o que estou vivendo. Eu quando cheguei com 13 anos, dormia aqui e pensava: "Será que um dia vou jogar no campo de cima? Será que vou para a Seleção?". É um sonho de moleque. Hoje estou realizando um sonho. Muito feliz. Vamos em busca desse ouro inédito.
Até estar à disposição de Micale, Luan ainda joga três partidas pelo Vasco na Série B, contra Avaí, Brasil de Pelotas e Luverdense. O zagueiro, que sofreu uma contratura na região da lombar diante do Paraná, na terça, deve estar à disposição no confronto de sábado. O Cruz-Maltino enfrenta o Avaí, na Ressacada, em Florianópolis, às 16h30 (de Brasília).
Confira outros trechos da entrevista coletiva de Luan:
Momento da notícia
- Eu estava na sala dos médicos fazendo acupuntura. Estou muito feliz. Meu celular não parou de tocar. Já chorei. É a realização de um sonho. Tenho que agradecer o Vasco pela oportunidade. Cheguei com 13 anos aqui. É um sonho para todas as crianças. Muito feliz, e vamos em busca desse ouro inédito.
Contar a notícia para os pais
- Estou trabalhando dia e noite. Saí com dor nas costas ontem. Não tem como esconder que eu estava com o pensamento nessa lista. Falei com meus pais. Meu pai chorou, minha mãe está muito feliz. Só tenho que curtir e desfrutar desse momento que estou vivendo. Sem dúvida é o melhor momento da minha carreira. Não tenho nada a reclamar. Só agradecer a Deus mesmo. Minha prioridade é fazer um grande jogo sábado e ajudar o Vasco sempre.
Capitão no Pan-americano
- Joguei todos os jogos no Pan. Conheci o Micale no Pan. Já tinha jogado contra ele nos juniores, ele no Atlético-MG, eu no Vasco. Ele é um cara muito correto, muito sério. Ele fala olhando no olho. Vi o que ele falou sobre mim na entrevista dele. Estou muito feliz. É recíproco.
Jordi fora da lista
- Queria lembrar do Jordi. Estávamos felizes de estarmos juntos nessa lista. Não está mais na lista dos 18. Lamento ele não estar nessa, mas tem coisa melhor para ele lá na frente.
Agradecimento ao Vasco
- Eu devo tudo ao Vasco. É o clube que me deu de dormir, me deu de comer. Me tirou dos braços do meu pai e me acolheu como um pai. O Álvaro, o Euriquinho. Isso é uma conquista do clube também. Sempre disse que queria retribuir com reconhecimento. A Série B é difícil, sabemos que não é o lugar do Vasco. É um clube de tradição. Toda vez que eu entro em campo acho que é meu primeiro jogo com a camisa do Vasco mesmo.
Abraço do Nenê
- O Nenê foi lá na sala e quase bagunçou as agulhas da acupuntura. Foi um abraço sincero.
Qualidades que o credenciaram para a lista
- É difícil falar de você mesmo. Mas acho que minha melhor qualidade é que eu sou sincero, sou correto. Eu lembro que o Micale sempre falava isso para nós. Antes de sermos jogador, temos que ser seres humanos. Claro que foi meu futebol que me levou para a lista. Não sei falar sobre mim. Estou dando minha vida por isso aqui. O Vasco está vivendo um bom momento. É um aprendizado muito grande. Não quero parar por aí. Falam na Seleção principal. Mas a Seleção olímpica está aí, cara. Vão estar olhando.
Regularidade no time titular do Vasco
- É uma série de fatores que me ajudaram. Esse é um deles. Ter regularidade. É uma coisa que procuro na minha carreira. Tenho que estar sempre mantendo a minha média. Isso é uma coisa que contou bastante.
Situação para o jogo de sábado
- Tirei a bola, rodei e deu uma dor na coluna. Do jeito que cheguei em casa ontem e como estou agora, nem se compara. Acho que vou estar à disposição do Jorginho sim se Deus quiser.
Fonte: GloboEsporte.com