Humor de Almanaque
“Eurico Miranda é um ser da pior espécie possível. Um câncer para o Vasco e o futebol. Não há qualidades nesse ser humano. Ele fez as pessoas odiarem o Vasco. Éramos um time querido, o primeiro a lutar para ter negros jogando e todo mundo gostava de nós. Criou-se uma raiva contra o Vasco que não existia”,.
“…o Vasco é o único carioca com estádio particular e o local é uma vergonha.”
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Li ontem uma inserção de humor no site Netvasco. Nela, se pronunciava o divertido Fábio Porchat, que se diz vascaíno. Salvo engano, o pronunciamento se deu em um negócio chamado “Papo com o Benja”, ou algo similar. Confesso minha ignorância, mas a justifico. Imagino que Benja seja um diminutivo para Benjamim. Vamos e venhamos que o sujeito que se vale de diminutivos deste tipo nos roga para ser levado bem menos a sério.
Voltando à fala do hilário Porchat, vou começar pelo fim, quando ele diz que “ é o Vasco único carioca com estádio particular e o local é uma vergonha”. Há duas hipóteses para a fala:
Hipótese 1: Pochat se incomoda com favelas muito próximas.
Neste caso, acabou por se contradizer. Explico. Em fala anterior, disse o seguinte: “Éramos um time querido, o primeiro a lutar para ter negros jogando e todo mundo gostava de nós.” Claro está que nosso sábio humorista tropeçou. Pois não é lógico que se enalteça o caráter social de um clube para, posteriormente, se criticar o ambiente que cerca a instituição, popular e com comunidades/favelas próximas (Tuiuti, Barreira…).
Se esta hipótese prevalece, entendo que o divertido Pochat pode pensar em aproveitar o vídeo do sensacional Porta dos Fundos, do qual é renomado integrante, intitulado “Pobre”:
Desconfio que da próxima vez que for ao Vasco poderá chegar mais cedo para usufruir da excursão proposta no vídeo anexo. Deverá se esforçar para não ser confundido com forasteiro: loiro, branco demais e avesso ao ambiente “hostil”, convém disfarçar.
Hipótese 2: Porchat se incomoda com o interior de São Januário.
Sem prejuízo do que será dito a seguir, Porchat poderia começar cobrando dos seus parceiros de filosofia elitista. Foram 6 anos de Dinamite e sua trupe, a quem Porchat sempre fez questão de defender, sem uma ação a favor de tornar o ambiente, digamos, mais favorável a gente como ele. Se não, vejamos: na estreia em 2008, Dinamite, Olavo e sua turma rasgaram um pré-contrato assinado com a empresa Lusoarenas para modernizar São Januário, assinado pela diretoria retrógrada de Eurico Miranda; no meio da administração, Dinamite, Olavo e sua turma entregaram à torcida do Vasco a fanfarronice do Rugbi de 7 que seria disputado nas Olimpíadas que começam em 40 dias. A presepada dizia que São Januário seria reformado para esta maravilha (felizes somos nós que hoje não nos vemos mergulhados em falcatruas de empreiteiras/governo). Não foi. Sequer saiu do papel; e no fim daquela aberração administrativa, o que se viu foram dezenas de caminhões de lixo sendo retirados do estádio pelo descaso da administração que o loiro, rico e famoso apoiava.
Não obstante, se a hipótese correta é esta, parece que Porchat não conhece do estádio que, de fato, é antigo. Dos anos 20. Mas como seu discurso oscila entre o popular/social do politicamente correto e tropeços elitistas que sequer percebe, indico que ele busque na História do Vasco o que ensejou a construção de São Januário. E, depois disso, tudo o que se trabalhou contra a sua existência, travando, por certo, a sua modernização ao longo do tempo, em paralelo à própria desconstrução de São Cristóvão, bairro relegado a segundo plano apesar de seu papel na História do país pré-Vasco.
Em relação ao resto de sua fala hilária, não devo me ater a opiniões pessoais. Porchat acha Eurico Miranda um ser da pior espécie possível. É uma questão de opinião. Assim como há quem sequer reconheça a espécie de Porchat. Ou quem repudie suas vocações políticas. Ou quem odeie suas preferências sexuais. Realmente, não vem, ou não deveria vir ao caso. A não ser que incentivado por Benja e respondido por Porchat. Que dupla!
Ademais, Porchat diz que o Vasco era amado nacionalmente antes de Eurico. Bem se vê que nível histórico possui em termos de Vasco: rasteiro. Bem rasteiro. Ao dizer que o clube foi “o primeiro a lutar para ter negros jogando” não deveria concluir que por isso “todo mundo gostava de nós”. Ora, ora. Ele e sua gente são tão críticos contra o preconceito ainda reinante no país que deveriam saber que, exatamente por isso, o Vasco nunca deixou de ser odiado.
O que Porchat deveria argumentar é que, em dado momento, o Vasco foi aparentemente menos odiado. Como ele é quase um menino, deve ter poucas lembranças disso. Mas o Vasco foi menos odiado justamente no período em que não conquistou nada. O ódio ressurge justamente na hora que volta a conquistar. E como este ódio, até então (hoje não é mais assim!), podia ser canalizado para uma só pessoa, assim o foi. E o ingênuo Porchat (logo quem, tão malandro e inteligente!) caiu na esparrela.
Sim, caro Porchat: Eurico centralizou o ódio reprimido contra o Vasco. Faça suas contas: ele se intensifica no final dos anos 80, no tri do início dos anos noventa e no final da década. O ódio contra Eurico não fez o Vasco ser mais odiado. Apenas reacendeu na elite o ódio histórico contra o Vasco. Elite da qual esperamos que você, com esta sua cara de tricolor, não faça parte ao se misturar com a torcida mais popular do Rio, no Estádio mais popular do Rio, na área mais popular do Rio.
Abraço
João Carlos Nóbrega de Almeida
Fonte: Casaca
Ao Vascaíno de Mentira
O hilário humorista Porchat, um vascaíno de mentira, um tricolor de aparência, passou recibo quanto à insatisfação dos verdadeiros vascaínos, a quem remete tal recibo, a respeito das declarações públicas que concedeu sobre São Januário. Mas a emenda saiu pior do que o soneto.
Em sua patética resposta, lá pelas tantas, Porchat diz que a diretoria atual (velha) nada fez pela reforma do estádio. Falso. Ao sair, em 2008, deixou pré-contrato assinado com a Lusoarenas para ampliação e reforma de casa dos verdadeiros vascaínos. Mas a diretoria seguinte, apoiada entusiasticamente pelo falso vascaíno Porchat, tricolor de aparência, cuidou de rasgar o documento. Genial.
Não pensem que a diretoria apoiada pelo vascaíno de mentira, tricolor de aparência, se resumiu a isso. Posteriormente, inventou o factóide rugbi olímpico. Garantiu que São Januário seria reformado para a disputa deste esporte nas Olimpíadas que começam em menos de 40 dias. Deu no de sempre: água. Aliás, parêntese: sorte nossa. Não consigo imaginar o Vasco imune ao propinódromo que se estabeleceu no Rio de Janeiro desde os tempos do Odebrechtão, ex-Maracanã, capitaneado por outro vascainíssimo com cara de tricolor.
Nem nestas ocasiões, nem no momento em que o estádio foi deixado literalmente em escombros, ao final daquela catastrófica república das bananeiras, Porchat teceu qualquer comentário. Bem se vê a sua isenção, não somente na foto acima, em que aparece do lado de um candidato-fantoche fabricado pelo dr. Olavo Monteiro de Carvalho, o dono do rugbi de 7 que do papel não saiu, o detentor da tesoura que picotou o documento da Lusoarenas.
Mas Porchat consegue piorar sua fala. Em defesa de modernidade, cita que o Vasco deveria se espelhar no Morumbi, do São Paulo e no Itaquerão, do Corínthians. Se não sabe, deveria saber: estes estádios foram levantados por dinheiro público, ao contrário do Estádio Vasco da Gama. Se não sabe, deveria saber: pelo menos um deles está sob investigação por suposta farta distribuição de propina em função de sua construção para a Copa de 2014, suposições envolvendo empreiteiras, governo federal e a própria diretoria do clube. Isso sim, uma vergonha que parece não envergonhar Porchat (imagina-se o motivo). É que o Dr. Rouanet ensinou alguns integrantes da turma da arte a praticar indignação seletiva.
Em suma, o não vascaíno, vascaíno de mentira, falso vascaíno, com seu semblante tricolor, que havia perdido uma baita oportunidade de ficar calado na lamentável fala original, conseguiu a proeza de tornar ainda pior seu argumento. Inegavelmente, como vascaíno Porchat é um divertido humorista, além de tricolor de aparência. Humor demonstrado quando ele cita como exemplo de melhoria a loja do clube. Por este ângulo, se houvesse alguma isenção, por que não citar o Caprres? Ou o campo anexo? Ou o ginásio?
O que essa gente que se diz vascaína para fazer política rasteira precisa aprender é que conversa fiada, discurso comprado em lojinha de 1,99, construção retórica sem base não vão passar. É preciso muito mais. O Vasco precisa, sim, investir, inclusive em seu estádio histórico. Mas somente quando recuperar a sua capacidade de investimento. Algo que só poderá ser retomado quando for limpa a gigantesca cagada deixada por Dinamite, sua trupe e os falsos vascaínos que a eles deram cobertura, inclusive aqueles tricolores de aparência.
João Carlos Nóbrega de Almeida
Fonte: Casaca