Dos jogadores que a Portuguesa contratou para a disputa da Série C do Brasileirão, o nome de mais destaque estreará neste domingo, às 11h (horário de Brasília), contra o Botafogo-SP, no Canindé. Promessa das categorias de base do Vasco, Renato Kayser é esperança da torcida rubro-verde de uma boa campanha na terceira divisão nacional.
Caso marque um gol neste domingo, Kayser vai homenagear Enrico, seu filho que nasce em novembro. A chegada do herdeiro pegou o jogador de surpresa. Antes de fechar com a Portuguesa, o atacante, que estava no Oeste, tinha propostas para jogar em Portugal e no Japão, mas adiou os planos de atuar no exterior quando soube que Jennifer, a quem namora há apenas oito meses, estava grávida.
– Fiquei sabendo logo depois de um jogo do Oeste. Ela não tinha falado nada comigo o dia inteiro. Eu mandava mensagem e ela não respondia. Eu estava no ônibus, ela me ligou e disse que precisava conversar. Quando fala assim , é porque é sério. Ela disse que tinha uma notícia e não sabia como eu iria reagir. Quando disse que estava grávida, eu paralisei. Eu só falava: "Meu Deus, meu Deus!".
Após o susto da gravidez inesperada, o reforço da Lusa está curtindo a ideia, inclusive usa o tempo livre em São Paulo para ir à feiras de gestantes comprar o enxoval da criança.
– Foi um baque, mas depois fiquei pensando: "Caraca, vou ser pai". Gosto muito de criança. Não é simples ouvir que você será pai aos 20 anos. Sempre nos cuidamos, ela tomava remédio. A data mostra que foi no dia seguinte que tínhamos conversado que o relacionamento iria acabar. Foi aquilo de reconciliação. Como é que pode? Foi coisa de Deus mesmo.
O atacante de 20 anos chegou à Lusa por acaso. O clube carioca o emprestou ao Oeste para a disputa do Paulistão e da Série B, mas a fusão entre o clube de Itápolis e o Audax tirou Kayser do elenco. Como não voltaria ao Vasco, o atacante recebeu proposta da Lusa e aceitou, apesar de não conhecer tão bem o clube até contar ao pai Maurílio que estava indo para o Canindé.
– Meu pai adorou quando eu vim para cá. Ele disse: "Vá, a Lusa tem tradição, é um clube conhecido e respeitado em São Paulo". Apesar de estar na terceira divisão, a Portuguesa sempre está brigando. Na semana passada, treinamos no Canindé. Quando entrei no vestiário e vi uma foto do estádio lotado, arrepiei muito. O Anderson (Beraldo, treinador da Lusa) fala muito da grandeza do time, que não é só para servir de impulso, mas de colocar o clube na primeira divisão de novo – conta o atacante.
Um dos orgulhos do atacante é pensar que o filho se chamará Enrico Kayser. Porém, o papai já sabe que o filho ouvirá as mesmas piadas que ele escuta até hoje por causa do sobrenome que também é marca de cerveja. O sobrenome do atleta é herança dos bisavós alemães.
– Brincam muito por causa do Kayser. Estava treinando e os caras não paravam de contar piada. Tiram muito sarro. Quando acabou o treino, começaram a falar: "Ah, esse final de semana vou tomar Skol, porque Kayser estava ruim". Eu só dou risada. Quando falam que tomar cerveja dá dor de cabeça, eu respondo direto: "Eu vim para dar dor de cabeça mesmo".
Na Portuguesa, o atacante já se diz adaptado ao reformulado elenco. Neste mês, houve um grande fluxo entre chegada e saída de jogadores. Renato Kayser viveu na pele esse período de transição.
– Estava no vestiário um dia e fiquei pensando que tinham saído cinco jogadores que eram titulares. O grupo acabou se unindo. Deu para entrosar e se conhecer um pouco mais, já que teve essa enxugada. Deu para treinar melhor, porque tinham menos jogadores no elenco – explica.
Após passagens por Santos e Desportivo Brasil, Renato Kayser chegou às categorias de base do Vasco em 2013. Pelo clube carioca, destacou-se em campeonatos juvenis e passou a ser visto como promessa do cruz-maltino. O atacante subiu aos profissionais no ano passado, mas não conseguiu se firmar na equipe de Jorginho. Foi emprestado para ganhar experiência.
– Trabalhei firme na pré-temporada deste ano com o Vasco, estava ciente que jogaria. Às vezes, fico meio sentido de falar, mas gosto do Vasco. Não tenho mágoa por eles terem falado para eu procurar outro time para ganhar experiência. Espero ainda voltar para lá e me firmar. Quero fazer história no Vasco, assim como quero na Portuguesa. Lembro todos os dias da imagem de quando o Jorginho falou para eu entrar contra o Atlético-MG, no ano passado, no Mineirão. O estádio estava lotado. Quero ver o Canindé assim de novo também – completa Kayser.
Fonte: GloboEsporte.com