O atual elenco do Vasco quebrou todas as expectativas em oito meses. A equipe que terminou o ano de 2015 rebaixada é a mesma que está próxima de igualar a marca histórica do próprio clube de 35 partidas invicta. Essa é saga de um grupo de jogadores que recuperou as esperanças dos torcedores no momento em que o time tinha apenas 13 pontos em 23 rodadas, e quase salvou o Gigante da Colina do terceiro rebaixamento em oito anos.
O roteiro que há poucos meses parecia impossível está prestes a se tornar realidade. E a partir dessa virada repentina, o GloboEsporte.com conversou com três personalidades do futebol que tiveram bons momentos no Vasco para tentar explicar: como esse time consegue ficar tanto tempo sem perder?
Começando pela defesa. Ex-zagueiro do time campeão carioca de 1994, Ricardo Rocha definiu os quase três anos de entrosamento da linha de zaga como principal motivo do bom desempenho da retaguarda vascaína. Dos 34 jogos da série invicta, a meta do Cruz-Maltino não foi vazada em 20 oportunidades, e em apenas duas sofreu mais de dois gols, contra Friburguense e Bahia. Mas ele vai além. A união de todos os setores do clube, desde os jogadores e Jorginho até chegar no presidente Eurico Miranda, é o que fortifica esse Vasco de 2016.
- Joga há muito tempo junto, como o goleiro, os laterais. O Luan é um baita zagueiro, com a experiência do Rodrigo, o Julio Cesar na esquerda, Madson. O Pikachu entrou muito bem. Mas não é algo só da zaga, é o time todo. Entrosamento da equipe, muito tempo jogando junto. Ganhou o Carioca de maneira invicta. E tem a estrutura que o Eurico dá, os jogadores adoram o Eurico. Sem falar do trabalho do Jorginho.
Companheiro de Jorginho no tetracampeonato mundial, Ricardo Rocha também afirmou que cada um desses jogadores já tem seu nome marcado na história do clube.
- Marcaram o nome no clube já. São partidas oficiais, e recordes são feitos pra ser quebrados, são importantes. São merecedores, se estivessem na primeira divisão seria um fato extraordinário. Perdeu muitos pontos no ano passado e isso prejudicou, mas eles já marcaram o nome de cada um no Vasco.
Sorato frisa que destaques individuais vem do jogo coletivo
Autor do tento que rendeu o bicampeonato brasileiro em 1989, Sorato admitiu não lembrar de ter uma sequência tão longa sem perder com a camisa do clube que marcou história. Ao ser questionado sobre a saída de Riascos, o ex-atacante preferiu valorizar quem entrou no lugar do colombiano, que retornou ao Cruzeiro, e é mais um que vê o conjunto como ponto fundamental.
- Já tem alguns jogos que o Riascos saiu e manteve a sequência. Foi um jogador que teve uma participação importante, fez gols. Mas quem entrou tem suprido bem a falta do Riascos. O Thalles no começo e o Leandrão, que entrou e fez gol. O conjunto é forte, é bem montado. E ainda manteve a base, os jogadores que fazem parte do grupo estão adaptados ao estilo de jogo. E a com isso, a individualidade se destaca. O Nenê, a zaga em alguns momentos, atacantes fazendo gols.
E ele acredita que esse elenco vai ser lembrado, pelo título estadual e pelo longo período sem sequer uma derrota.
- Só por essa sequência, com certeza. Todo mundo vai lembrar disso mais a frente. Já conquistou o Carioca, caminha para o acesso, e com certeza eles vão ser lembrados.
Joel: "Não é todo dia que você fica invicto"
Multicampeão pelo clube, Joel Santana também já teve sua série invicta dentro de São Januário, entre 1992 e 1993. Foi sob seu comando, inclusive, que o Vasco conquistou o último título estadual invicto, antes da conquista deste ano. O total da sequência daquele time foi 27/09/92 até 01/04/93, com o total de 26 partidas, superada na vitória por 4 a 0 sobre o Sampaio Corrêa, estreia da Série B. Ao perguntado se há semelhanças, Joel ressaltou a dificuldade de se manter invicto.
- Eu não lembro da escalação (do time 1992). Mas aquela equipe tinha mais qualidade, não digo que era melhor, mas tinha mais qualidade. Esse time de 1992, foi campeão invicto. E ainda ganhamos em 1993 e 1994. Ainda veio, depois, para reforçar com o falecido Denner e o Ricardo (Rocha). Mas todo não é todo dia que você fica invicto.
Ele também comandou Jorginho com a camisa vascaína e, juntos, foram campeões brasileiros e da Copa Mercosul de 2000. O "Papai Joel" ressaltou a personalidade do atual treinador do Vasco como fator determinante para o trabalho à frente da equipe.
- O Jorge foi sempre um grande jogador, além de jogar dos dois lados e no meio. Ele foi um atleta, profissional admirado, de comportamento e liderança. Aonde ele passou teve êxito pelo modo de ser, e acima de tudo pela qualidade técnica. Um jogador que desenvolve isso, tem tudo para ser um bom técnico.
Assim como Ricardo e Sorato, o ex-treinador do clube vê o conjunto como principal destaque mas, diferentemente dos outros, diz que ainda faltam títulos para o elenco ficar marcado na Colina histórica. Ainda assim, ele ressaltou que ainda há tempo e qualidade para cada jogar escrever seus nomes na história do Vasco.
Para igualar a maior série do Vasco, o atual elenco irá enfrentar o Atlético-GO no próximo sábado. Válida pela oitava rodada da Série B, a partida marca a disputa de líder e vice e está marcada para 16h30 (horário de Brasília) nos estádio Kléber Andrade, em Cariacica, no Espírito Santo.
Fonte: GloboEsporte.com