O meia Nenê garante que vai continuar no Vasco e negou que tenha recebido sondagem do Shandong Luneng, time chinês que tem Mano Menezes como treinador. Destaque no título do Carioca deste ano, o atleta desconversa sobre futuro fora do clube que o repatriou, no ano passado.
"Eu fiquei sabendo dessa história pela imprensa. Mas não chegou para mim, então não procede", afirmou o jogador de 34 anos, sem planos de aposentadoria. "Ainda tenho muito tempo de futebol, espero. Sempre me cuidei a carreira toda e isso está fazendo diferença agora. Minha ideia é jogar até os 39, 40 anos. É possível jogar em alto nível por mais alguns anos".
Na tarde deste domingo, Nenê esteve na entrega da Copa Tricks, evento promovido pela fornecedora de material esportivos que o patrocina, em um shopping de São Paulo. No sábado, ela havia participado da vitória por 1 a 0 contra o Goiás pela Série B do Campeonato Brasileiro. O resultado estendeu a série histórica de invencibilidade do Vasco, agora com 33 partidas em sete meses. Nenê não relativiza a conquista, mas trata de não levar a questão como um peso.
"Ainda não caiu a ficha do que isso representa. É claro que a gente sabe que isso é uma coisa incrível, já estamos marcados na história do clube. Mas a gente tenta levar de um jeito mais natural, como se não tivéssemos terminado o que estamos fazendo. Não acabou ainda, pode acontecer muito mais. Tem jogo a cada 3 dias, tem que pensar no que vem pela frente para tentar manter a invencibilidade o máximo possível", afirma.
"Quem sabe a gente não possa terminar o Brasileiro também invicto, seria uma coisa maravilhosa. A gente tenta nessa parte não nos pressionar muito, mas sabemos que se tirarmos o foco isso pode acabar de uma hora para outra".
Artilheiro do torneio nacional com 8 gols, o meia diz não se sentir pressionado para manter a média. Nem diz se importar com esse status. "Tanto faz ser artilheiro na série B como na série A, na França, como eu fui... A gente tem que lidar de uma maneira natural, até porque nem é o meu objetivo ser artilheiro. Não sou centroavante, minha função é dar passe pro gol. Fazer gol para mim é lucro. O importante é continuar no nosso objetivo coletivo, que é continuar na liderança e fazer o Vasco subir".
Domingo quase livre
Bem-humorado, Nenê acha graça ao ser questionado se ter os domingos de folga é a vantagem de jogar na segunda divisão. Em tom de brincadeira, sugere que foi iludido ao acreditar que teria sempre os dias livres.
"Hoje teve treino hoje de manhã (risos). Sem folga no domingo", diverte-se. "Eu particularmente pensava que ia sempre ter o domingo de folga, e o próprio sábado, já que temos jogos de sexta... Mas não está sendo assim. É complicado, a gente normalmente joga aos sábados e às terças. Então se você joga na terça, como faz para ter folga no domingo? Tem que recuperar para treinar na segunda, viajar e concentrar para o jogo. Mas nas tardes de domingo sim, dá para ficar com a família. às vezes realmente é bom".
O atleta, aliás, já faz planos para o dia dos namorados, que passará ao lado da mulher, Jéssica Garducci. O Vasco jogará no sábado. Com o domingo livre, curtirá a data com a mulher. "Vou procurar programar uma coisa diferente (risos). Somos casados, mas antes de tudo somos namorados. Tem que dar essa atenção especial", diz ele, que se julga um pouco ciumento.
Jéssica faz sucesso nas redes sociais. "Ela é uma pessoa muito tranquila, na dela... Como eu tenho fãs, ela acaba tendo também o pessoal que admira ela, muitas mulheres... Quando tem homens elogiando eu fico com ciúme, mas é sempre com respeito. Isso eu até agradeço, porque sempre a torcida é respeitosa comigo".
Nenê diz que a experiência de jogar a Série B faz com que ele viva sensações diferentes no futebol, sobretudo com o respeito que recebe dos adversários.
"Não digo que me sinto um ET, mas é diferente. É muito legal os outros jogadores virem falar comigo, dizer que admiram meu trabalho... Fico muito feliz, é gratificante", conta ele, que cita também o envolvimento mais passional da torcida. Cita a recente ida do Vasco a Manaus para exemplificar.
"A torcida é uma coisa impressionante também. Ficam no hotel, pedem para tirar foto... Claro que a gente tem que descansar, mas a gente procura atender da melhor forma possível, retribuir da melhor forma possível o carinho. É muito legal, resgata essa coisa do futebol de antigamente, da paixão do brasileiro pelo futebol que hoje em dia não é igual que antes", compara.
O lado negativo, elege, entre outros, os longos deslocamentos. "As viagens são muito desgastantes. Realmente dificulta muito, são longas. Tem também as estruturas dos estádios, dos campos, para gente que não está acostumado, é complicado... Mas é uma coisa que a gente vai adaptando, faz parte. Nada fora do normal", minimiza.
Vítima de desconfiança no retorno
Jogando em alto nível, ele afirma ter sentido a desconfiança das pessoas quando voltou ao futebol brasileiro. "Senti o receio... As pessoas já nem se lembravam de mim e, nessa idade, pensam, que quando um volta, depois de tanto tempo na Europa, depois Qatar, volta só mesmo pra terminar carreira, dar aquela 'roubada, como se diz na linguagem dos boleiros...", lembra.
"Mas para mim era totalmente ao contrário. Eu sou um cara muito competitivo, então se eu faço uma coisa eu faço muito bem feito. Graças a Deus a genética também me ajuda muito, nunca tive histórico de lesão, sempre me cuidei, tudo isso prolongou pelo menos uns 5 anos de carreira. Me alimentando bem, me cuidando, dormindo bem. não fumo, não bebo.. O trabalho no Vasco está sendo muito bom na questão física. O preparador físico tem desenvolvido um trabalho muito bom nisso, de equilíbrio muito grande, isso tudo está me ajudando muito".
Com as partes técnica e física indo bem, Nenê não vê como impossível o sonho de voltar a defender a seleção. "Tem exemplos aí do Kaká, do Ricardo Oliveira, que é até um ano mais velho que eu", diz.
Fonte: UOL