Casaca divulga nota sobre série invicta do Vasco

Quinta-feira, 26/05/2016 - 07:04
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Distorções em xeque

A mídia convencional e seus servos do sistema resolveram mesmo desvalorizar de forma categórica inúmeros torneios vencidos pelos maiores clubes brasileiros ao longo de sua história.

Os padrões adotados daquilo que é oficial e amistoso fazem Pelé não chegar a 800 gols na carreira, Romário ser o maior de todos os tempos com 762 gols, o tcheco Josef Bican o segundo, um gol atrás do baixinho, e o rei do futebol apenas o terceiro colocado.

O grande problema está na completa falta de bom senso e mesmo de conhecimento dos que se arvoram em adotar critérios preguiçosos da entidade máxima do futebol (que tanto criticam) padronizados única e exclusivamente para ela, FIFA, ter o controle total de dados, sem necessidade de esmiuçar o histórico futebolístico mundial e suas nuances em cada país.

Para a FIFA, o Flamengo, por exemplo, jamais enfrentou um clube europeu em partida oficial. O mesmo ocorreu com o Atlético-MG, Cruzeiro, Fluminense e Botafogo. Já o Santos nunca venceu uma partida oficial contra europeus, assim como o Grêmio.

Quando vemos pela TV falas orgulhosas fazendo referência ao time de 1977 do Vasco como a maior sequência invicta oficial do clube, a mensagem subliminar ali expressa é a de que o Troféu Ramon de Carranza e o Torneio de Paris são meros amistosos, nada além disso, como a Taça Teresa Herrera também o seria. Teriam o mesmo peso estatístico de um Vasco x Combinado de Petrópolis, disputado em 1988 e vencido pelo clube por 11 x 0.

Com isso o Vasco – ÚNICO CLUBE BRASILEIRO A POSSUIR AS TRÊS CONQUISTAS MENCIONADAS ACIMA – além de Santos, Palmeiras, Botafogo, Fluminense, Flamengo, Atlético-MG, São Paulo e Corínthians deveriam se contentar por terem vencido competições meramente amistosas.

Aliás vendo as imagens da época pôde se notar como os atletas de Vasco e Real Madrid atuaram de forma amistosa na final do Torneio de Paris de 1957. Aquilo não valia nada (para a FIFA nada). Uma bobagem…

O time do Vasco, Campeão Carioca de 1977, possui três recordes quase impossíveis de serem quebrados.

1 – É o time na história do Campeonato Carioca com mais tempo sem sofrer gols. Foram 17 partidas, mais 78 minutos do jogo contra o Bonsucesso, na antepenúltima rodada da Taça Guanabara e a prorrogação da decisão do segundo turno frente ao Flamengo. Sem considerar o período de acréscimos dos jogos temos 1.638 minutos sem ter levado um único gol. E o goleiro Mazaropi está na história por isso.

2 – É o time com a menor média de gols sofridos em toda a história da competição (0,17 gol por jogo).

3 – É o time com o maior saldo de gols da história dos Campeonatos Cariocas em todos os tempos. A equipe fez 69 gols e tomou apenas 5 na competição, totalizando 64 gols de saldo.

Ocorre que no meio do campeonato, primeiro em junho, depois em agosto, o clube excursionou à Europa e lá colheu resultados ruins. Perdeu para o Paris Saint Germain-FRA na disputa do Torneio de Paris e para o Atlético de Madrid, na luta pelo Troféu Ramon de Carranza.

Do exposto acima, por sinal, se dá outra invencibilidade torta. A do goleiro Mazaropi, sem levar gols no estadual desde os 13 minutos do primeiro tempo da partida contra o Bonsucesso (18/05/1977), relembrada pelo Casaca! há poucos dias no quadro “Vasco Hoje”, mas vazado nas duas competições, tomando nelas 9 gols em 4 jogos, contra Anderlecht-BEL, PSG-FRA, Atlético Madrid-ESP e Cadiz-ESP. Reiterando, as disputas ocorreram nos meses de junho e agosto, respectivamente.

Além disso, em mais 7 amistosos, o goleiro levou outros 7 gols. Já encerrado o Campeonato Carioca, antes do início do Brasileiro, outros 5 em 2 jogos.

Agora, considerando apenas os amistosos mesmo, partidas que não valem taça e são meros encontros entre duas equipes, algumas coisas precisam ficar claras. Uma sequência oficial invicta deve estar dentro de sua sequência geral e a história já mostrou como encaram isso os clubes que buscam se manter invictos durante muitos jogos, utilizando amistosos para tal.

Os exemplos comportam dois clubes brasileiros conhecidos.

Entre 1977 e 1978 o Botafogo mantinha uma sequência invicta. Terminara o Campeonato Brasileiro de 1977 sem perder uma única partida, embora nem se classificasse à semifinal da competição. A invencibilidade chegava a 22 jogos na ocasião, contando as duas rodadas finais do Campeonato Carioca mais dois amistosos. A fim de aumentá-la e ainda se preparar para o Campeonato Brasileiro de 1978, que seria disputado entre março e agosto, a equipe atuou em seis amistosos no prazo de 17 dias.

No segundo compromisso da série, contra o Uberlândia, na casa do adversário, empatava em 2 x 2 quando o árbitro Hélio Cosso – que já havia anulado um gol legal do time anfitrião quando o placar era de 2 x 1 para o Uberlândia – marcou pênalti a favor da equipe do triângulo mineiro, cometido por Mário Sérgio (mão na bola após cobrança de falta efetuada por Ferraz) já quase no fim.

Zagallo, técnico alvinegro, partiu para cima do árbitro, não aceitou a marcação e tirou o time de campo sem que o pênalti fosse cobrado. O placar de 2 x 2 foi mantido e o Botafogo partiu para mais 28 jogos invictos, sendo 4 amistosos e 24 oficiais. Por qual razão Zagallo teria ficado tão nervoso, descontrolado se a sequência oficial permanecia intacta? Pelo fato de ele e o universo inteiro saberem que a perda de um jogo (amistoso, não amistoso) quebra qualquer sequência.

O segundo exemplo se dá com o Bahia em 1982.

Eliminado pelo Guarani por 1 x 0 no Torneio dos Campeões daquele ano, a equipe baiana jogou 38 vezes pelo Campeonato estadual da Boa Terra sem sofrer qualquer derrota. Neste período atuou também em 5 amistosos, totalizando 43 partidas sem perder.

Aproveitando a maré e de olho na invencibilidade obtida pelo Botafogo entre 1977/78, o clube baiano começou a marcar amistosos o quanto pôde até o fim do ano (foram 5 em 10 dias). Nos três primeiros conseguiu manter sua invencibilidade, mas no quarto foi derrotado pelo Treze-PB, que fez uma grande festa pela quebra, lembrada até hoje pelos torcedores do clube, com muito orgulho.

Para o próprio Bahia a sequência havia sido quebrada de forma inequívoca. Tanto é que o número de jogos oficias invictos da trajetória do Botafogo era de 44 e tal fato não entusiasmou o clube baiano a incentivar ou reverberar isso no início do Campeonato Brasileiro do ano seguinte, no qual foi derrotado na segunda rodada pelo Mixto, em Cuiabá.

A distorção criada nos últimos tempos por alguns meios de comunicação, reféns de um método torto iniciado por entidades que não cumprem sua função de preservação da história do esporte, mas sim de preservação da história que desejam contar, traz inúmeros prejuízos às instituições praticantes do futebol, as quais veem conquistas emblemáticas serem postas num lugar menor.

Quando se desfaz de dois torneios qualificados e bastante conhecidos tanto na América como na Europa (o Torneio de Paris e o Troféu Ramon de Carranza), a pretexto da inclusão de uma campanha não invicta como a maior invicta oficial, diminui-se os feitos obtidos pelo próprio clube nos anos de 1957, 1987, 1988 e 1989.

Por outro lado, quando se tenta ignorar a perda de um amistoso como se não maculasse uma sequência invicta oficial está sendo desconsiderado aquilo que os maiores interessados apregoaram em uma sequência deles mesmos. Desrespeita-se aí o próprio “modus operandi” dos clubes na época.

Mas será difícil ouvir da imprensa que no Rio de Janeiro só o Vasco participou de um mundial (2000), aliás de dois pois a Copa Rio de 1951 foi oficializada pela entidade e confirmado isso no ano passado, que dos clubes do Rio, Flamengo, Fluminense e Botafogo nunca atuaram numa partida oficial contra europeus , apenas o Vasco tem essa primazia (E VENCEU TODOS OS CONFRONTOS!), que Pelé não tem mil gols “oficiais” na carreira, que o maior artilheiro da história do futebol mundial é Romário (cria do Vasco).

Não será fácil o narrado acima sair dela própria, que tem certa dificuldade de dar a devida notoriedade ao primeiro título oficial conquistado por um clube brasileiro no exterior, o Sul-Americano de 1948, ganho pelo Expresso da Vitória. Não pela conquista em si, mas pelo fato de o clube ser Bicampeão Sul-Americano, com a anuência oficial da Conmebol em 1996 a respeito disso, pois aquele título foi posto no patamar de Taça Libertadores da América com o convite ao Vasco para participar da Supercopa Libertadores (na qual só atuavam campeões de Libertadores) a partir do ano seguinte.

Rumo à maior sequência geral invicta da história do clube (35 jogos) e a mais quebras de sequências oficiais e gerais externas, pois temos hoje, para a alegria de todos os vascaínos, a maior interna de nossa história quebrada, a do Expresso da Vitória (1945/46), constituída de 27 partidas oficiais na época e que em nada diminui o timaço de Rodrigues, Barbosa, Augusto, Rafanelli, Berascochea, Eli, Argemiro, Ademir, Lelé, Isaías, Jair e Chico, Campeão Carioca invicto com 13 vitórias e 5 empates (tal qual em 2016) e Municipal Invicto (certame disputado antes do Campeonato Carioca), com 100% de aproveitamento na ocasião, competição na qual o Vasco seria Tetracampeão dois anos depois (1944/45/46/47).

Casaca!

Fonte: Casaca