Fim do treino em São Januário e Nenê é um dos poucos a ficar em campo para aprimorar chutes e cobranças de falta, uma mistura de seriedade e diversão a cada finalização. Em dias de regenerativo para os titulares, ele reserva uns minutos para disputar com um companheiro quem domina a bola após um chutão. Essas são cenas comuns no Vasco que mostram o quanto o camisa 10 é fominha e não consegue se desgrudar da bola.
Uma paixão que começou com 1 ano de idade, quando ganhou a primeira bola. Mas as primeiras lembranças são o início no futsal, aos 6 anos, e as brincadeiras na sua rua em Jundiaí, interior paulista.
“Não sou só um atleta, eu amo fazer isso, sou fominha. Desde que me lembro por gente já brincava com bola, ficava o dia inteiro na rua jogando e levava bronca da minha mãe porque não voltava para casa”, recorda.
Apaixonado, o apoiador vascaíno se diverte em campo. Mas se engana quem acha que ele vive futebol 24 horas por dia. A fome é pela bola. Se ela não estiver por perto, Nenê não se preocupa tanto em ver jogos pela TV.
“Eu gosto de me desconectar quando estou em casa. Faço algo mais tranquilo, como passear ou ir ao cinema. É até bom porque minha mulher não gosta muito, é perna de pau (risos). Jogo videogame mais na concentração. Tenho que estar com a bola no pé, só assim tem graça”, admite Nenê, que tem um campo em sua chácara em Jundiaí para os dias de folga e férias: “Jogo bola com meus filhos, é bom ter, sempre estou brincando. Se eles ficassem no Rio de Janeiro, aí sim eu ia jogar mais bola em casa.”
Fominha, Nenê acha que evoluiu ao longo da carreira, justamente por querer ficar mais tempo em campo, aperfeiçoando-se. Hoje, ele não vê a geração atual brasileira se importar tanto em ficar mais tempo em campo, mas sabe a importância que tem.
“Eu sempre fui assim. Fiquei mais completo e o que mais aperfeiçoei foi a parte física”, revela.
Pelo Vasco, Nenê já fez 41 partidas e ficou fora apenas duas vezes. Quer sempre estar em campo e, com bom futebol, é uma das referências para os torcedores. O título carioca coroaria o trabalho que vem fazendo desde o ano passado. E, para o apoiador, um gol na final deste domingo seria perfeito. De preferência de falta, que ele tanto treina, mas ainda não fez pelo clube.
“Seria muito bom fazer um gol na final, no Vasco ainda não fiz de falta. Ia ficar muito feliz e iria coroar esse começo de ano. Já pedi para Riascos e Jorge Henrique sofrerem umas faltas perto da área... (risos)”, completou.
'Fiquei mais completo'
1 - Sempre foi fominha de bola?
Sempre. Quero estar com ela o tempo todo. Se não recebo a bola, até nos treinos, fico bravo. É um privilégio trabalhar com o que amo.
2 - No Vasco te pedem para segurar?
Jorginho sempre fala para eu dar uma segurada, mas ele sabe que não vou mudar (risos).
3 - Esse seu jeito te ajudou a evoluir?
Para chegar à idade em que estou jogando em alto nível, acho que foi por ter sido fominha esse tempo todo. Acabei ficando mais completo.
4 - Os jogadores de hoje não gostam de ficar mais tempo no campo?
Eles poderiam ficar depois do treino, acho que falta um pouco na geração atual. Na Europa, a molecada ficava mais.
Fonte: O Dia