Jogador na década de 70, quando era considerado um dos atacantes mais oportunistas da época, Dé, o Aranha, abusava da "malandragem" em campo. Hoje comentarista de rádio, o ex-jogador de clubes como Vasco e Botafogo diz que sente falta da irreverência no futebol e, embora admita que hoje não seria visto com bons olhos por algumas atitudes, o ex-atacante se orgulha de algumas "artimanhas" (assista ao vídeo).
- Eu fui o "recordista mundial" de pênaltis cavados. Eu treinava me chutar dentro da área, era calçado por eu mesmo. Tinha isso com maior orgulho porque usava a malandragem para tirar proveito do adversário, do momento para conquistar a vitória para o meu time, e muitas vezes conseguia. Me considerava esperto, malandro, mas o bom malandro. Nunca machuquei ninguém, nunca dei porrada em companheiro, nunca quebrei a perna de ninguém. Eu usava a malandragem para tirar o companheiro do sério - contou, no "Redação SporTV".
No programa, Dé ainda recordou a "dedada" de Jara em Cavani, na Copa América do ano passado - irritado, o uruguaio perdeu a cabeça e acabou expulso (posteriormente, o chileno foi punido com suspensão e multa). Segundo o ex-jogador, na década de 70 ele usou muito da provocação para tentar atrapalhar os rivais.
- No futebol, existe a irreverência, a malandragem, a psicologia, tudo tem que ser usado. Na minha época não se pagava muito e os bichos que nos sustentavam. A gente tinha que fazer de tudo para ganhar o jogo e eu usava todos os recursos possíveis e imagináveis. Por exemplo, passar a mão no "busanfa" do zagueiro, como vi no jogo do Chile. Eu fazia exatamente isso. O cara ficava desesperado. Você usava esse artifício para ganhar o jogo, mas acabava o jogo, acabou. Ninguém levava para fora - afirmou.
Apesar de defender a malandragem, o ex-jogador admite que o cenário mudou bastante e que, no futebol atual, não há espaço para muito dos artifícios que admitia usar nos anos 70 e 80.
- Vivi o futebol em uma época completamente diferente. Tudo isso, se eu fosse fazer hoje, seria escrachado, esculachado, seria tido como negativo, referência ruim - afirmou.
Para o jornalista Fábio Seixas, chefe de produção do SporTV, é complicado falar da época de Dé, o Aranha, em comparação com o momento atual.
- Não dá para comparar. São momentos completamente diferentes. Hoje em dia, um jogo de futebol é transmitido com 20 câmeras. Hoje você tem todos os ângulos. É tão vigiado, em todos os sentidos, no sentido técnico e ético - considerou.
Dé, o Aranha, aparece na imagem atrás do garotinho, com o time de 1976 |
Dé, o Aranha, esteve no Redação desta sexta-feira |
Fonte: Sportv.com