Jorginho optou pela serenidade após a vitória contra o Flamengo e a conquista da vaga na final do Carioca neste domingo, em Manaus. Apesar de toda a festa pela classificação e ainda a extensão do tabu em cima do rival para nove jogos sem derrota, o técnico do Vasco freou a euforia ressaltando que o time ainda não ganhou nada dentro da temporada. Elogios, porém, para a aplicação tática do time no triunfo por 2 a 0.
- Taticamente, foi uma das melhores partidas que fizemos. Essa foi a primeira e a segunda foi contra o próprio Flamengo em São Januário. Estamos muito atentos e repito: não ganhamos nada. Apenas credenciamos nossa equipe para final e sabemos o quanto vai ser difícil. Quem vier, vai ser parada dura, como foi contra o Flamengo. Claro que fica todo mundo feliz, mas já começa a concentração para o próximo jogo - disse Jorginho.
O técnico revelou uma estratégia de motivação diferente para o jogo deste domingo. Usando declarações do rival, Jorginho e o auxiliar Zinho fizeram um trabalho psicológico do time na final para entrar no gramado.
- Eles (jogadores do Flamengo) queriam dizer que queriam, que estavam com muita vontade, e já atuamos rapidamente na fila quando esperávamos para entrar. Foi surpresa e isso poderia mexer com os jogadores. Eu e Zinho pedimos concentração total, independentemente de qualquer coisa, e foi o que aconteceu.
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Preparo físico
Já trabalho com o Joelton desde 2005, começamos juntos no América, e nos damos muito bem. Ele dá seus conselhos, eu escuto, fala da carga de trabalho. Essa semana fizemos um máximo de 30 minutos de trabalho com muita intensidade. Temos que parabenizar a todos, ao Cappres... Sempre que aparece alguma inovação, começam a criticar. É importante respeitar o modelo de trabalho do Cappres. Só agradeço. Vocês não ficaram sabendo, mas o Julio Cesar quase não jogou e o Diguinho também, que recebeu uma pancada. Foi um trabalho incansável para fazer com que os jogadores entrassem em campo.
Vitórias sobre o Fla
Estamos tendo algumas vitórias contra o Flamengo, mas cada jogo é um jogo. Não podemos achar que isso vai acontecer sempre. Temos que seguir focados no que precisamos alcançar. É um sonho o título de campeão carioca nas condições que estamos (invictos).
Freguesia?
Não há freguesia. Isso é coisa para torcedor, não é para gente. Estamos focados. Cada jogo é um jogo. Para treinador, comissão e jogadores, não existe essa palavra.
Obediência tática
A manutenção de uma base deixa mais fácil. Sabemos até onde o jogador pode dar. Não quero receber méritos. O mérito é para quem se coloca à disposição para fazer o que temos conversado e proposto como modelo de jogo. Ser protagonista, ter marcação alta... Os treinadores do passado falavam que quem se movimenta é responsável pelo passe. Os jogadores estão muito obedientes na questão tática. Não sabíamos se o Flamengo vinha no 4-4-2 ou no 4-2-3-1. Colocamos o time em campo pensando nas duas possibilidades e encaixou perfeitamente. O segundo tempo foi muito bom.
Time misto com o Remo
É muito cedo para pensarmos nisso. Vamos sentar no avião e conversar, tomar uma decisão junto com a preparação física, junto com o Cappres. Sabemos o quanto é desgastante em Manaus. Temos que pensar bem e ver quem que podemos dar uma segurada.
Riascos
É um jogador que tem tido um destaque porque tem sido obediente. Tem dado trabalho aos zagueiros, não se contenta em ser pivô. É um jogador que se movimenta bem, joga em velocidade, e isso dificulta para o adversário. Além da penetração na diagonal, faz bem o pivô. A torcida está vendo isso, a diretoria está vendo isso. Não é uma coisa simples, porque ele não é do Vasco, mas a diretoria vai fazer de tudo para que ele fique.
Provocação de Eurico
Sempre sou chamado a atenção pelo presidente por dizer que não ganhamos nada. Ele diz: "Ganhamos, sim". Sei o quanto pesa uma vitória, fui jogador e treinador dos dois lados. Sei que pesa para o torcedor, para diretoria, mas literalmente só chegamos na final. De nada adianta se não vencermos. Tenho isso no meu sangue, sou vencedor. É a primeira chance de ser campeão no meu país. Tenho que fazer com que os torcedores entendam isso.
Andrezinho
O Andrezinho é muito obediente taticamente, muito inteligente. Ele sabe a hora. Só teve uma vez que partiu em velocidade, quando poderíamos matar o jogo e acabou sofrendo uma falta. Achei que deveria trabalhar um pouco mais, manter a passe, mas ele sabe muito bem ter o equilíbrio entre a saída em velocidade ou manter a posse de bola. Fisicamente, ele está sobrepujando com a idade. É obediente taticamente e por isso se cansa pouco.
Variação tática
Fazemos a linha de quatro normal. O Julio Cesar é extremamente inteligente. Tínhamos a preocupação por conta de um problema na panturrilha, que quase o tirou do jogo. Foi uma coisa proposital ele se manter defensivamente para manter a posse de bola e não deixar que o Cirino penetrasse na diagonal.
Dedicação dos jogadores
Faz toda a diferença. Se você não tem uma entrega, não consegue ser obediente taticamente. Há vontade, dedicação, raça e entrega desses jogadores.
Maturidade como treinador
Estou longe de chegar ao nível de Levir Culpi, Muricy, Ricardo Gomes... Eu quando parei de jogar não sabia o que queria. Estou caminhando, gosto de estudar muito, ver tendências táticas, movimentação, pressão no homem da bola, marcação alta... Mesmo quando perdemos a bola, temos de cinco a oito segundos para retomar atrás da linha da bola. Tenho muito para aprender.
Fonte: GloboEsporte.com