No final das contas, depois de tantas idas e vindas, o Maracanã será novamente do futebol. Pronto para receber um clássico do Estadual nos dias 1º e 8 de maio, o estádio colocará à prova a demanda reprimida do torcedor carioca, quaisquer que sejam os finalistas. Por isso, a expectativa é de que os dois jogos tenham mais público do que todas as partidas disputadas por eles na Região Metropolitana do Rio (incluindo a Baixada Fluminense). Voltar aos domingos de gala no Maracanã é um prêmio tão bom quanto conquistar a vaga na final. E uma motivação a mais para Vasco, Flamengo, Fluminense e Botafogo neste domingo.
Até o momento, os quatro grandes jogaram apenas 24 partidas no Rio e Grande Rio. O único campo da capital que recebeu os finalistas foi São Januário, em 15 partidas, a maioria do Vasco (9), com três clássicos. Seis confrontos foram em Los Larios, em Xerém, e três, no Estádio Giulite Coutinho, em Édson Passos. Na soma de tudo, apenas 86.986 torcedores pagaram para ver seus times em campo. Enquanto isso, o Maracanã viu mais de 130 mil pessoas em êxtase nos shows dos Rolling Stones, em fevereiro, e Coldplay, em abril.
Com a bola rolando no campo — que está em recuperação após os megaeventos recentes —, os dois jogos finais não devem chegar a tanto. Até porque, em média, são colocados à venda menos de 60 mil ingressos. O total não está definido, mas a Rio-2016, que está gerenciando o Maracanã para os Jogos, trabalha com o número de cerca de 50 mil lugares disponíveis. Na última final, entre Vasco e Botafogo, por exemplo, as duas partidas levaram quase 100 mil pessoas ao estádio, número superior ao de torcedores que pagaram para ver os quatro times no Rio e Grande Rio este ano em todas as suas partidas somadas.
Único com estádio próprio, o Vasco pôde contar com algum apoio da torcida em São Januário, ainda que a média tenha sido de quase um terço da capacidade do estádio (5.821 pagantes). Sem o Engenhão, em obras nos últimos meses e agora cedido para a Rio-2016, o Botafogo tomou a casa vascaína por empréstimo ou a visitou em oito jogos — contando os dois clássicos com os donos. Porém, os torcedores não se sentiram tão à vontade: a média foi inferior a três mil espectadores, sem levar em consideração que parte do público era do adversário.
LUCRO FORA DO ESTADO
No entanto, tricolores e rubro-negros estão na seca de ver seus times em ação no Rio. O Fluminense jogou apenas três vezes perto da sua torcida — nenhuma delas no município do Rio. Foram dois jogos em Xerém e um em Édson Passos. Apesar de ser considerado um clube nacional, o Flamengo ficou ainda mais afastado da sua origem. Foi ao Giulite Coutinho uma vez e enfrentou o Vasco em São Januário. O futebol foi visto por pouco mais de 20 mil torcedores. Ambos optaram por jogar no interior do estado ou levar os clássicos para outras praças.
—É muito bom. Primeiro porque vamos parar de viajar um pouco. E todo mundo vai querer chegar à final para usufruir tudo que o Maracanã tem a nos oferecer — disse o meia tricolor Gustavo Scarpa.
Porém, financeiramente o Maracanã não vem sendo bom para os clubes desde a reforma para a Copa do Mundo. Os contratos fechados e o alto valor dos custos de uso e manutenção tornaram o estádio caro em jogos de pouco apelo. Estima-se um gasto de cerca de R$ 250 mil por jogo. As partidas longe do estado até geraram lucros para os times. O Flamengo, por exemplo, somou quase R$ 2 milhões em renda. O Fluminense, R$ 1,77 milhão em quatro jogos. O Vasco também se saiu bem quando saiu do Rio (R$ 1,57 milhão em três partidas).
Mas a final no estádio representa bem mais que a questão financeira — a Federação do Rio vai arcar com os custos. Amanhã, o confronto final será decidido. Seja Vasco x Botafogo, Flamengo x Fluminense, Botafogo x Flamengo ou Vasco x Fluminense, o carioca vai reencontrar o futebol no Maracanã por pelo menos dois domingos.
Fonte: O Globo Online