Confira 10 passos da reconstrução vascaína após a fase ruim de 2015

Terça-feira, 19/04/2016 - 15:21
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"A Taça Guanabara não vale de nada". A frase, que à primeira vista soa como recalque do torcedor rival, muitas vezes é comprovada na prática quando o campeão do tradicional torneio não levanta o Estadual. Isso pode até acontecer com o Vasco, que disputa semifinal com o Flamengo, domingo, às 16h (de Brasília), em Manaus. Mas, neste caso em especial, o troféu conquistado sobre o Fluminense, no último domingo, valeu, sim. E valeu muito! Valeu para recuperar a auto-estima e apontar caminhos para um clube que respirou fundo diante da pancada de mais um rebaixamento e chega ao quarto mês do ano com o caminho pavimentado para voltar à elite.

Até a estreia na Série B, dia 14 de maio, contra o Sampaio Corrêa, no Maranhão, há a chamada "hora da verdade" do Carioca, mas o que o Vasco mostrou até aqui não é mentira. Invicto há 21 jogos (15 vitórias e seis empates), o time de Jorginho demonstrou um coletivo organizado para potencializar as individualidades de nomes como Nenê e Martín.

O GloboEsporte.com enumerou dez pontos cruciais para reconstrução de um time que pode até não estar pronto - as oscilações recentes mostram isso -, mas caminha para tal.

RESPEITO QUE NÃO ACABA

Desde que Eurico Miranda celebrou a "volta do respeito", na semifinal do Carioca passado, o Vasco não perdeu mais para o Flamengo. Em 2016, mais dois resultados emblemáticos: vitória com gol no fim em São Januário, em duelo na Colina depois de mais de uma década, e empate minutos depois o rival sair na frente jogando melhor em Brasília. Retrospecto que não pode ser ignorado para semifinal de domingo, quando o Cruz-Maltino pode empatar.



FORÇA DEFENSIVA

Entrosamento de Luan e Rodrigo, que disputam o terceiro Estadual juntos, manutenção de todo setor desde o ano passado e defesas milagrosas de Martín Silva. Se tem algo que dá certo no Vasco há um bom tempo, é a defesa. Na campanha invicta de 2016, não foi diferente. São apenas oito gols sofridos em 16 jogos no ano, sendo somente dois na Taça Guanabara, além de passar em branco em três dos cinco clássicos. Quando necessário, opções menos badaladas como Rafael Vaz, Jomar e Henrique, cumpriram seus papéis.



ORGANIZAÇÃO COLETIVA

Por mais que tenha tido dificuldades na reta final da Taça GB, é nítida a organização tática do time de Jorginho. Em poucos momentos da campanha, o time passou a impressão de não saber o que estava fazendo, mesmo quando as coisas não saíam da maneira prevista ofensivamente. Na vitória sobre o Flu, mesmo sem os dois zagueiros titulares e o primeiro volante, a equipe soube de defender. Marca de quem sabe se posicionar em campo.

BRILHO INDIVIDUAL

Jorginho já admitiu que o time é montado para favorecer a qualidade de Nenê, e o camisa 10 correspondeu quase sempre que necessário. Com sete gols e sete assistências, é, de longe, o craque do Carioca até agora. Some a isso a participação em jogadas de bola parada, como no gol de Rafael Vaz contra o Fla e Marcelo Mattos diante do Boavista. Lá atrás, Martín Silva segurou a onda nos momentos difíceis, em especial diante do Flamengo em Brasília

RENEGADOS DECISIVOS

A busca por um atacante de área era a única preocupação do Vasco no mercado no início do ano. A falta de opções e o dinheiro curto, no entanto, brecaram as investidas. E nem precisou. Os surpreendentes Riascos e Thalles deram conta do recado e somam 14 gols no ano. Herói em três clássicos, o colombiano é o vice-artilheiro do Carioca, com oito, e virou o jogo na relação com o torcedor, enquanto o jovem da base mudou o comportamento, entrou em forma e já foi às redes seis vezes no ano.

FORÇA NOS GRANDES JOGOS

Três vitórias e dois empates nos confrontos diretos contra Flamengo, Fluminense e Botafogo, cinco gols marcados e dois sofridos. As estatísticas valorizam, e muito, a série invicta de 21 jogos, que traz a reboque outros cinco jogos do Brasileirão passado, com direito a triunfos sobre Palmeiras, Santos e Joinville. Por mais que os rivais falem do baixo nível do Estadual, a boa fase vascaína vai bem além disso.

VARIAÇÃO TÁTICA

Ainda não é o ideal, mas Jorginho testou durante a campanha as várias opções táticas que prometeu apresentar no Vasco em 2016. Em Pinheiral, na pré-temporada, o treinador disse que sua equipe precisava ser protagonista e não foram poucas as vezes em que 4-4-2 virou 4-3-3 ou 4-2-3-1 para se impor diante dos adversários. No jogo do título, em determinado momento, o time teve cinco peças ofensivas: Andrezinho, Nenê, Eder Luis, Jorge Henrique e Riascos.



SINERGIA COM A TORCIDA

Assim como a diretoria, a torcida abraçou o elenco rebaixado em 2015. Além de voltar a mostrar força em São Januário, apesar de a média de público não ser das melhores, o Vasco teve recepção de gala em Vitória, Brasília, Belém e Manaus. Praticamente não houve protesto na temporada, e o torcedor deu show. O vascaíno que não mora no Rio de Janeiro pegou o elenco de Jorginho no colo e foi retribuído com três vitórias e um empate.



VOVÔS-GAROTOS

A média de idade avançada era um fator preocupante para o Vasco no início da temporada. Dos 11 titulares, oito têm mais do que 30 anos e Riascos está na porta, com 29. Será que a base mantida teria fôlego para manter o pique do ano passado? Quatro meses depois, a resposta é sim. O trabalho em parceria do Cappres com o preparador físico Joelton Urtiga tem evitado a sobrecarga de trabalho e permite que ausências sejam raras. Nenê, Martín (15), Andrezinho, Julio dos Santos e Rodrigo (14) participaram de quase todos os 16 todos da temporada, por exemplo. Haja fôlego.

ELENCO ENXUTO

Uma trajetória tranquila em 2016, porém, passa muito por não se iludir com tantos fatores positivos. Como o próprio Martín Silva disse, o Carioca não é parâmetro e o elenco precisa ser encorpado para Série B. Com um time titular muito bem arrumado, peças de reposição ainda não foram testadas o suficiente e são incógnitas em uma competição mais forte, casos de Rafael Vaz, Henrique - ambos com contrato próximo do fim -, Jomar, Diguinho e o próprio Yago Pikachu. Crescimento de Thalles e Riascos é ponto positivo. Ainda assim, há dúvidas sobre o poder de fogo para uma competição com 38 rodadas.

Fonte: GloboEsporte.com