O resultado na água falou mais alto que o histórico de vitórias internacionais. A prata na Regata de Qualificação e o desempenho no Single Skiff pesado inferior ao do Double Skiff Peso-Leve Feminino, em relação ao tempo de referência das respectivas provas, tiraram Fabiana Beltrame dos Jogos Olímpicos do Rio. Mas o maior nome do remo feminino brasileiro ainda pode competir na Lagoa Rodrigo de Freitas, em agosto, caso a FISA aceite o pedido da CBR para dar ao país uma das duas vagas disponíveis por convite nas provas individuais de cada gênero.
“Acho que é incontestável, os dois barcos conquistaram a medalha de ouro e merecem a vaga”, afirmou Fabiana ao Remo em Voga, pouco depois de ver a notícia publicada no site da entidade. “Só achei errado a divulgação dos percentuais de tempo, já que as condições de raia estavam completamente diferentes de uma prova pra outra”, completou, em referência à tabela com os percentuais de cada prova, usada pela CBR para justificar a escolha.
“A regra para definição da vaga por gênero, visto que prevíamos a possibilidade de classificação dos quatro barcos, foram estabelecidas e divulgadas pela Confederação Brasileira de Remo em novembro de 2015, e determina que, em condições iguais de vento, o barco com melhor percentual em relação ao tempo de referência obtém a vaga e, no caso de alteração na condição de vento, o barco com melhor colocação na prova conquista a vaga”, explica o texto no site da entidade.
Segundo a CBR, “nas duas hipóteses os barcos Double Skiff Peso-leve, masculino e feminino, atingiram melhor resultado quando comparado aos barcos individuais, deixando claro que são os barcos detentores das vagas olímpicas, tanto por melhor velocidade quanto por melhor colocação final”. Ouro no Double Masculino, Xavier Vela e William Giaretton atingiram 94,31% do tempo de referência, contra 92,09% de Steve Hiestand, bronze no Single Skiff. No Feminino, Fernanda Nunes e Vanessa Cozzi chegaram a 93,95%, com Fabiana marcando 91,70%.
Responsável pela equipe feminina, o técnico Julio Soares ressaltou o resultado do trabalho ao longo do tempo. “A Fernanda já rema há muitos anos e nem se quer havia vencido um brasileiro e tampouco competido internacionalmente. Trabalhei com ela um ano e meio na seleção. Juntei as meninas em campo de treinamento desde novembro até fevereiro e em março fizemos a Qualificação Interna”, diz o treinador, destacando a importância do processo de desenvolvimento do barco.
A possibilidade de Fabiana disputar sua quarta Olimpíada, igualando-se ao também catarinense Anderson Nocetti como recordista de participações do remo brasileiro, depende da Comissão Tripartite que dispõem de quatro convite para as provas de Single Skiff, dois no masculino e dois no feminino. “Ainda acredito na possibilidade do convite, por isso vou me manter treinando e vou competir as Copas do Mundo no pesado”, diz Fabiana, que completa 34 anos no próximo sábado.
Segundo o site da CBR, a entidade “requisitou a intervenção do Comitê Olímpico do Brasil junto à Federação Internacional de Remo (FISA) e ao Comitê Olímpico Internacional para que o Brasil possa estar presente nas quatro provas nas quais se classificou”, e fez ofício semelhante diretamente à FISA. “O pedido é justificado pela qualidade dos atletas demonstrada ao longo dos últimos anos e a relevância que um atleta brasileiro em provas de Skiff” pode trazer na promoção do remo local, afirma a Confederação, sem esclarecer quando foi feito o pedido, já que o prazo oficial para solicitação de convites terminou em 15 de janeiro.
Fonte: Remo em Voga (texto), Facebook da remadora Fabiana Beltrame (foto)