A Vila Cruzeiro, que já tem seu imperador, vê agora a ascensão de um novo príncipe. Aos poucos, Caio Monteiro desce a ladeira da rua de casa para ganhar o mundo. E, na caminhada em busca do sonho de realeza no futebol, o garoto de 19 anos pode dar um importante passo neste domingo, às 16h, quando tem chances de ser titular do Vasco pela primeira vez, contra o Volta Redonda, em São Januário.
A promessa é cotada para entrar na vaga de Jorge Henrique, suspenso. Caso aconteça, é grande a chance de o feito ser comemorado com churrasco e samba no quintal. Hoje, o pai de Caio é também seu motorista: leva e busca o filho nos treinos na Colina. Mas antes, Paulo Roberto dos Santos, ou Beto Lalá, era compositor de escola de samba. A paixão, ressalta o pai, não contagiou o filho caçula, que tem duas irmãs.
- Ele só quer saber de shopping e videogame. É até melhor assim - diz Paulo.
No Vasco desde os 8 anos, o atacante já não marca presença nos campos de pelada da comunidade como antes. Os primeiros chutes foram na mesma terra batida que revelou Adriano, hoje no Miami United, dos EUA. O Imperador é amigo da família e, num churrasco, aconselhou Caio a não seguir seus passos. A frase virou mantra na casa dele.
- A procura das marias-chuteiras aumentou depois que ele passou a jogar - dedura Camilla, a irmã mais velha do jogador.
Caio faz pouco caso desse sucesso. Há cinco anos namora Tainá, com quem teve Manuella, de 1 ano e 9 meses. Cheio de sonhos pela frente, o príncipe da Vila Cruzeiro tem mais com que se preocupar.
Ansiedade pelo primeiro gol
Há um mês, a vida de Caio Monteiro é uma sucessão de descobertas. Inicialmente, ele não estava inscrito no Estadual. Foram as lesões dos atacantes Riascos e Eder Luis que abriram espaço para a sorte do garoto no time de cima começar a mudar.
- Na mesma semana, fui convocado para a seleção brasileira de base, inscrito no Estadual e escalado no jogo. Foi tudo muito rápido - lembra.
Mas os 22 minutos contra o Bonsucesso, na estreia, não mexeram mais com o atacante do que os seis que teve na partida seguinte, com o Bangu. Foi o primeiro como profissional em São Januário.
- Fiquei mais ansioso nesse dia. A nossa torcida cobra muito em casa - conta ele.
Na última quarta-feira, Caio teve outra nova experiência: disputou o primeiro clássico contra o Flamengo. Entrou no fim do primeiro tempo, teve boa atuação e quase balançou as redes. O goleiro Paulo Victor defendeu seu chute e aumentou a ansiedade, tão natural da juventude. Acostumado a ser artilheiro na base, ele não vê a hora de marcar seu primeiro gol entre os profissionais:
- Já estou sentindo falta. Primeiro, a ansiedade era para estrear. Agora, quero muito fazer meu gol, mas sei que vai sair na hora certa.
Depois do primeiro, virá o desejo pelo segundo, pelo primeiro título e assim por diante. Onde a ansiedade o levará, só o tempo vai dizer.
Fonte: Extra Online