Principal remadora do Brasil e campeã mundial em 2011, Fabiana Beltrame ficou "aborrecida" com as declarações dadas por Eduardo Paes e afirmou que o político não entende de remo.
O prefeito do Rio de Janeiro afirmou nesta semana que as pessoas não deveriam comprar ingresso para ver as competições da modalidade na Olimpíada e sim "assistir na beira da lagoa, tomando a sua cerveja em paz com a sua família". Ele recomendou também "botar uma cadeira de praia e assistir ao remo de graça".
"Ele (Paes) tirou o valor do remo. Tratou o remo como se fosse qualquer porcaria. Eu e os outros atletas ficamos aborrecidos e chocados. A gente treina todo dia, cinco seis horas, e tem de ouvir isso. É falta de respeito. Não sei ao certo o que ele quis dizer, de repente não foi a intenção, mas foi um comentário infeliz", disse Fabiana ao UOL Esporte.
"Claro que você pode ver uma competição de remo de diversos lugares, mas nada se comparar a estar ali na arquibancada para ver a chegada, aquele momento mais emocionante. Ele (Paes) mostrou que não entende de remo", retrucou a remadora.
Fabiana também lamentou a medida tomada pelo Comitê Organizador dos Jogos não construir uma arquibancada temporária flutuante para 6 mil pessoas na Lagoa Rodrigo de Freitas. A decisão foi tomada para diminuir o orçamento dos Jogos.
"Em Londres, eram quase 20 mil pessoas acompanhando as provas de remo, e aqui será muito menos. Na competição em si, dentro da água, muda pouco. Mas é sempre bom ter aquele calor humano, aquela torcida, principalmente na chegada", afirmou Beltrame, que entre os dias 22 e 24 de março buscará a classificação para a Olimpíada do Rio na categoria skiff pesado durante o Pré-Olímpico das Américas no Chile.
Antes de Fabiana responder ao prefeito, o diretor executivo da Federação Internacional de Remo (Fisa, na sigla em inglês), Matt Smith também havia dito que estava chocado com as declarações.
Esta não foi a primeira vez que Paes cometeu deslize ao falar de esportes olímpicos. No ano passado, ele afirmou que a pista de canoagem slalom viraria um lugar para a prática do "esquibunda" após os Jogos. A canoísta Ana Stália mostrou indignação na época.
"Não temos sorte de ter pessoas como ele (Paes) no governo de uma cidade olímpica. Sinceramente, odeio polêmica mas nenhum atleta fica calado diante de uma declaração dessas. Gostaria que ele soubesse como é a vida de um atleta da canoagem ou de qualquer outra modalidade", afirmou.
Fonte: UOL