As vaias cessaram, mas não somente por conta dos gols. Riascos é uma figuraça. O torcedor vascaíno pode até ter restrições ao desempenho do atacante em campo, apesar de ser vice-artilheiro do Carioca, com seis gols (Tiago Amaral, do Volta Redonda, tem sete). É difícil, porém, passar imune ao seu carisma. Seja pelas comemorações com coreografias engraçadas ou pela originalidade como a que pegou o filho Paulinho no colo dentro de campo, o colombiano é daqueles personagens que não passam despercebidos. E isso não é de hoje. Após rodar por seu país, foi goleador na China, campeão e polêmico no México, entrou para história do Atlético-MG de maneira curiosa, e, mesmo ao seu jeito peculiar, brilha neste início de ano do Vasco. Sucesso replicado em forma elogios no Twitter.
O GloboEsporte.com listou histórias marcantes do folclórico colombiano de 29 anos, que tem contrato encerrado em 15 de maio e futuro indefinido no Vasco. A tendência é que retorne para o Cruzeiro, detentor de seus direitos, mas com uma certeza: em São Januário, ele não foi mais um. E as recordações vão além dos gols, como virou hábito em sua carreira. Você sabia?
PRECURSOR E GOLEADOR NA CHINA
A China descobriu Riascos muito antes de "descobrir" o futebol brasileiro. Principal destino de estrelas na última janela de transferências, o país apostou no futebol do colombiano, que já tinha rodado por America de Cali, Real Cartagena, Estudiante de Mérida e Deportivo Cali, e se deu bem. Com a camisa do Shanghai Shenhua, que anos depois investiu em nomes como Drogba e Anelka, o atacante foi o artilheiro da Superliga Chinesa de 2010, com 20 gols. No total, ele balançou as redes 24 vezes em 39 partidas. O retrospecto, entretanto, não o colocou novamente na mira dos orientais, apesar de o Cruzeiro estar louco para vendê-lo.
"ÍDOLO" NO GALO COM DIREITO A MÚSICA
Riascos já estava na história de um clube brasileiro mesmo antes de atuar no país: o Atlético-MG. Destaque do Tijuana que fazia boa campanha na Libertadores de 2013, ele tinha tudo para ser o herói da classificação para semifinal, mas parou no pé esquerdo de Victor. Autor do gol do empate por 1 a 1, em BH, que ainda dava a vaga ao Galo, o colombiano desperdiçou pênalti já nos acréscimos e virou "ídolo" atleticano, com direito até a nome em música de provocação ao Cruzeiro: "Maria, eu sei que você trema, sempre que o Galo vai jogar. Eu vi Riascos ir pra bola, e Victor de bico isolar". Curiosamente, dois anos depois, foi jogar justamente na Raposa e tentou justificar o lance:
- Eu fico tranquilo, porque quando joguei contra o Mineiro (Atlético-MG) eu fui bem, só no último minuto que aconteceu o pênalti e eu perdi, mas isso acontece e estou tranquilo. Provocação é normal. Estou muito tranquilo, estou num clube muito importante do Brasil. Vou responder com futebol no estádio.
DANÇA, TIROS E CACHORRO
Não é de hoje que Riascos chama a atenção por comemorações inusitadas. Nem sempre, porém, ele arrancou sorrisos pelas danças extravagantes, como o já conhecido "gusanito", sucesso no Vasco. Quando defendeu o Tijuana, no México, formou dupla de sucesso com o também colombiano Fidel Martinez, foi campeão nacional em 2012, mas se envolveu em polêmicas. Após gol contra o Toluca, eles encenaram disparos um contra o outro, onde Riascos era "baleado" e caía. A cena foi criticada publicamente pelo presidente da Liga Mexicana, Decio de María:
- Os gols têm que ser festejados de forma simpática.
Na decisão daquele mesmo campeonato e novamente contra o Toluca, Riascos voltou a inovar e imitou um cachorro urinando na bandeirinha de escanteio ao fazer um dos gols que garantiram o título para o Tijuana. No Vasco, até o momento, o colombiano tem ficado restrito ao "gusanito" e outras coreografias do seu país.
TWITTER: DESABAFO, MULTA, CRÍTICAS E APOIO
A torcida do Vasco não é a primeira a viver relação de amor e ódio com Riascos, e nem sempre ele encarou bem as cobranças. Se após assumir a artilharia do Carioca, com o gol marcado sobre o Botafogo, o colombiano optou por retweetar poucas críticas e muitos elogios dos cruz-maltinos, no México a situação foi diferente. Contratado pelo Pachuca após ser campeão no Tijuana, o atacante respondeu de maneira ofensiva a torcedores que questionavam seu futebol e acabou multado pela federação local em US$ 11 mil. Em seguida, apagou os posts e pediu desculpas públicas:
- Peço mil desculpas aos meus seguidores de bem. Tive uma reação inadequada em um momento difícil que passei pelo meu novo clube.
No Vasco, o que se vê é um Riascos mais boa-praça e de bem com a vida. Em alta, replicou elogios como: "Que homem maravilhoso", "O mundo dá voltas, não é mesmo?" e "O melhor camisa 9 da atualidade".
PAULINHO, O NOME
Nem dança, nem tiros, uma das comemorações mais marcantes de Riascos aconteceu na última quinta-feira, diante do Friburguense, quando correu na direção da social de São Januário e pegou uma criança no colo, levando para o gramado. Era Paulinho, seu filho de dois anos. Nome tipicamente brasileiro, mas que chama a atenção por estar no diminutivo na certidão de nascimento. O motivo? Uma "homenagem" ao volante ex-Corinthians, Seleção e atualmente no Guangzhou Evergrande, da China. A escolha, no entanto, não foi por admiração ao futebol do companheiro de profissão. Quando defendia o Tijuana, do México, na Libertadores de 2013, Riascos enfrentou o Timão e achou o nome bonito, sugerindo-o para esposa Leidy Melo, que gostou da ideia.
FÃ DE SAFADÃO, FUNK E SERTANEJO
Pela desenvoltura nas comemorações em campo, não é difícil de imaginar o apreço de Riascos por música. E a música brasileira o conquistou. Se as coreografias após os gols são colombianas, nos vestiários de São Januário os ritmos preferidos são nacionais, com destaque para Wesley Safadão. Nome do momento no país, o cantor cearense é quem mais toca no telefone do atacante, segundo relato de amigos.
Artistas sertanejo também estão entre os preferidos do colombiano, que gosta de cantarolar o funk "Baile de Favela", do MC João e que tem feito sucesso nas arquibancadas de São Januário. No Brasil há pouco mais de um ano, Riascos utilizou a música para facilitar a adaptação. No Cruzeiro, não deu muito certo, mas no Rio de Janeiro ele se encontrou.
De vida pacata na Cidade Maravilhosa, o artilheiro do Carioca tem como programa preferido ir à praia e não dispensa um bom som onde quer que esteja.
Fonte: GloboEsporte.com