Após reunião no Rio de Janeiro, os clubes da Primeira Liga divulgaram uma série de dez reivindicações para a CBF. Na lista, está o pedido para que os 40 clubes das séries A e B possam organizar a Liga Nacional em 2017. Outras demandas são maior transparência da entidade, proibição do aumento de salários do presidente, e a venda do avião da Confederação para investir no futebol.
"Boa parte disso tínhamos divulgado. Isso já tinha sido pedido pelo Flamengo na eleição da CBF. Não sei como vai ser encaminhado. É uma coisa que todos os clubes concordam", afirmou o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello.
Sobre a possibilidade de os clubes organizarem o Campeonato Brasileiro já em 2017, o presidente do Fla explicou: "O reconhecimento do direito dos clubes poderem criar a liga é uma forma de os clubes terem papel preponderante no sistema de futebol".
O advogado da Liga, Eduardo Carlezzo, disse que a ideia é, sim, que os clubes assumam o Brasileiro em 2017. "Sim, a Primeira Liga nasceu com objetivo de encaminhar a base para a Liga Nacional. A ideia é que a CBF abra a possibilidade para os 20 clubes da Série A e os 20 clubes da Série B possam organizar a Liga Nacional em 2017", disse Carlezzo
Sobre as medidas em que se exige transparência da CBF, o advogado explicou que se trata de uma agenda pública e mínima da liga para reforma da confederação. E comentou, por exemplo, o pedido para que a CBF venda seu avião para investir no fundo para o futebol.
"Entendemos que, no momento de crise do futebol e falta de dinheiro dos clubes, seria uma forma de ajudar o futebol", contou. Além disso, os clubes querem que a CBF seja submetida a auditorias e que o salário do presidente seja fixado por uma empresa de auditória externa. A Primeira Liga ainda quer derrubar a cláusula que exige oito federações para apresentar candidatura à eleição da CBF.
Outra reivindicação é participar da reforma do estatuto da CBF. Isso é, teriam grande força se puderem votar na revisão do documento.
Entre os 15 clubes da Primeira Liga, 11 deles estão na Série A do Brasileiro, isto é, teriam grande força se puderem votar na reforma do estatuto da CBF. Ficou claro a posição de confronto com a CBF inclusive no apoio ao Flamengo nas críticas à CBF por conta de não poder jogar em Brasília.
"O Inter vai jogar com o Flamengo em Brasília. E será uma maravilha", apoiou o presidente do Inter, Vitório Pífero.
10 PROPOSTAS PARA MUDANÇAS NA CBF
1. Sistema eleitoral. Candidatos à presidente necessitariam do apoio de 5 entidades, entre clubes e federações, para inscrição no processo eleitoral.
2. Transparência. Contratação imediata de uma empresa de auditoria (big four) para análise de todos os negócios e contratos da CBF a fim de apurar as suspeitas de corrupção.
3. Proibição de cumulação de cargos. Impossibilidade de detentores de mandato eletivo e ocupantes de cargos na administração pública, federações e clubes de participarem da Presidência e Diretoria da CBF.
4. Apoio ao futebol. Venda imediata do avião da CBF e destinação dos recursos arrecadados a um fundo de desenvolvimento do futebol.
5. Política salarial. Proibição quanto a fixação do salário de presidente pelo próprio presidente, definição da remuneração por empresa independente e publicação de salário da presidência e diretoria.
6. Legalidade. Reconhecimento do direito dos clubes da série A e B de participarem da assembleia administrativa da CBF, segundo o disposto na Lei 13.155
7. Ética. Criação de um conselho de ética formando por pessoas independentes e reconhecidas nacionalmente por suas posturas profissionais, com ampla liberdade de investigação.
8. Liga. Reconhecimento do direito dos clubes criarem a liga nacional para a gestão das duas principais séries do futebol brasileiro a partir de 2017.
9. Gestão. Definição de critérios rigorosos de ética na análise da elegibilidade de concorrentes a cargos eletivos e da admissibilidade no provimento dos cargos executivos e técnicos.
10. Compras e patrocínios. Adoção de manual de procedimentos para a compra de produtos ou serviços, bem como para a negociação de patrocínios, que estimulem a competição e a transparência.
Fonte: UOL