Com ambos os times já classificados para a segunda fase do Campeonato Carioca, Vasco e Botafogo fazem, hoje, às 19h, em São Januário, um clássico de invictos com caráter amistoso —e o termo se aplica ao jogo desta noite não apenas pela pouca repercussão na tabela da competição, mas também pela aproximação dos dois clubes fora de campo nos últimos dois anos.
Alinhados à Federação de Futebol do Rio ( Ferj) nos recorrentes embates com Flamengo e Fluminense desde o ano passado, cruzmaltinos e alvinegros dividem o estádio do Vasco durante o fechamento de Maracanã e Engenhão e até compartilham informações em seus departamentos jurídicos, como no caso da briga processual do clube de General Severiano com o volante Willian Arão, agora no Flamengo.
SÃO JANUÁRIO DE GRAÇA
O presidente do Botafogo diz que a criação da Primeira Liga, à qual ambos os clubes não se filiaram, aprofundou as diferenças com a dupla Fla-Flu.
— Nós temos uma agenda comum, que foi a defesa do Campeonato Carioca, de valorização do produto, algo que foi desprestigiado por Flamengo e Fluminense na minha visão. O Botafogo já cedeu o Nílton Santos (Engenhão) para o Vasco em outras circunstâncias, e agora está mandando seus jogos em São Januário. Há uma reciprocidade — diz Carlos Eduardo Pereira, confirmando que o Botafogo pediu auxílio ao Vasco no caso Arão:
— Foi uma troca de informações entre advogados, uma coisa técnica, porque o Vasco viveu caso semelhante (com o atacante Leandro Amaral) e teve êxito.
Um sintoma do relacionamento amistoso entre os dois clubes é que o Vasco empresta gratuitamente seu estádio ao Botafogo. O time de General Severiano arca apenas com os custos de realização da partida, que saem da arrecadação de bilheteria.
O presidente vascaíno Eurico Miranda diz que a cessão gratuita do campo se deve menos a uma benevolência com o alvinegro e mais a uma questão que pode ser definida como conceitual por parte do dirigente.
— O Vasco não aluga São Januário, empresta. Alugar deixaria implícito que quem está alugando tem alguma ingerência sobre o estádio e não é isso que acontece. O normal é não ceder (o estádio), mas neste ano há a questão prática de que não há mais estádio no Rio — diz Eurico, consciente do compartilhamento de ideias, mas reticente em alinhar totalmente os clubes:
— Não sei se há essa aproximação toda. Acho que houve uma coincidência de opiniões, de visão sobre o campeonato.
Ao contrário do clássico com o Flamengo, há duas semanas, o confronto com o Botafogo não enseja em São Januário grande preocupação sobre a segurança, até porque as facções de torcida organizada dos dois times são consideradas “amigas”.
Por determinação da Polícia Militar, que levou em conta a logística de chegada e acesso ao estádio, a divisão dos ingressos será novamente de 90% para o mandante (o Vasco) e 10% para o visitante.
TITULARES EM AÇÃO
Depois de poupar Júlio César, Marcelo Mattos, Andrezinho e Jorge Henrique contra o Friburguense, na quinta-feira, o técnico Jorginho promoverá o retorno de seu time titular, desfalcado apenas do zagueiro Rodrigo, que sofreu luxação na clavícula.
O meia Nenê, que cumpriu suspensão contra o Friburguense e também descansou no meio da semana, comemorou o retorno num clássico:
— Odeio ficar fora, é estranho, quero sempre jogar. Tenho 34 anos, mas meu metabolismo é de 28. Teve o lado bom de que agora estou zerado nos cartões.
Pelo lado do Botafogo, o goleiro Jefferson, recuperado de uma virose, e o lateral-direito Luis Ricardo, que havia se queixado de dores musculares — ambos foram poupados do treino da sexta- feira —, participaram normalmente da atividade de ontem e estão confirmados.
O técnico Ricardo Gomes fechou o treino, mas liberou a parte final para a entrada da imprensa, quando foi possível ver que o time que venceu o Fluminense será repetido.
Em certo momento, no entanto, Neílton foi testado no lugar de Luís Henrique, e poderia formar dupla de ataque com Ribamar.
Diante do Vasco, em um estádio no qual tem mandado seus jogos, o Botafogo terá pela frente a maioria torcendo contra pela primeira vez. Titular da sólida zaga do Botafogo, Emerson afirma estar tranquilo em relação a isso por já ter enfrentado o Vasco em seu estádio várias vezes em partidas válidas pelos campeonatos das categorias de base.
Fonte: O Globo (texto), UOL (foto)