Um cruz-maltino que conhece os bastidores do Vasco como poucos é quem me conta em um bate-papo. Eurico Miranda está por trás do acordo na calada da noite que levou a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Federação do Estado do Rio (Ferj) a engolir com muita indigestão a Primeira Liga. À beira do ringue, o presidente do Gigante da Colina teria dado o sinal para o presidente da Ferj, Rubens Lopes, baixar a guarda. Eurico quer ver o circo pegar fogo. De preferência, antes de maio — quando começa o Campeonato Brasileiro.
Eurico Miranda e Rubens Lopes perderam um round por pontos, mas não a luta. O cartola de São Januário é maquiavélico. Considera um ótimo precedente a CBF liberar a Primeira Liga. O próximo lance é o surgimento de um líder entre os principais clubes do país para clamar pela criação de uma Liga Nacional. E pra já. Eurico tenta se manter discreto, mas é o maior interessado. Ele tem certeza de que a CBF não se curvará pela segunda vez aos clubes a ponto de abrir mão da organização do Campeonato Brasileiro. Mas a liberação da Primeira Liga deu brecha para que a pressão deixe a entidade máxima do futebol sem saída. Com a criação da Liga Nacional, o Vasco entraria como um dos fundadores. E assim, escaparia do vexame de disputar a Série B pela terceira vez em oito anos.
Eurico está de tocaia. Na primeira oportunidade vai sair do anonimato com a força política que ainda tem. Apesar da saúde debilitada, o presidente do Vasco continua com uma relação próxima com Rubens Lopes. Ambos tramam passo a passo a possível virada de mesa travestida de Liga Nacional. “Com certeza teve um acordo que beneficia o Vasco. Esses caras são do mal e não tomariam uma decisão se não fosse bom para o Vasco”, diz a fonte. E continua. “Quem manda na Federação é o presidente do Vasco. Por isso que o Campeonato Carioca se transformou num produto de quinta qualidade”, detona.
O passarinho bem informado revela o quanto Eurico Miranda e Rubens Lopes estão unha e carne. “O presidente do Vasco está muito mal de saúde. Ele tem pressa para fazer tudo enquanto está na ativa. Imagino que é algo (a Liga Nacional) já pra esse ano. O único que não é da família que foi visitá-lo no hospital foi o Rubinho”, revela.
A prova definitiva de que há uma armação em curso é um paralelo com uma situação recente da política do nosso país. Curiosamente na qual Eurico Miranda era um dos personagens. “O Coronel Nunes é o clone do Severino Cavalcanti, que salvou o presidente do Vasco na CPI do Futebol. Ele (o Coronel Nunes) tem uma missão. E será beneficiado com isso”, projeta o informante.
Presidente da Primeira Liga, o mandatário do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, começou a colocar a jogada ensaiada em prática bem antes do que se esperava. “A CBF atravessa um momento de transição e estamos dando todo o apoio. A tendência é que, no futuro, a CBF tome conta, com toda competência e carinho, do futebol da Seleção Brasileira. A intenção da Liga é evoluir e se tornar uma Liga Nacional. Estamos felizes com esse acordo, e outros clubes que não fazem parte da Liga já se manifestaram e demonstraram interesse em se juntar a nós. Esperamos que todos os grandes clubes venham, como os de São Paulo, e os de outros estados também”, declarou Gilvan.
Enquanto o presidente do Cruzeiro faz o seu papel no acordo que liberou a Primeira Liga, os parceiros Eurico Miranda e Rubens Lopes se fingem de “mortos”. Aparentam um certo enfraquecimento. Mas, na verdade, tramam pelos cantos a jogada seguinte. De preferência, antes que as tabelas das séries A e B do Campeonato Brasileiro de 2016 sejam publicadas pela CBF. Afinal, como disse meu informante, “Ele (Eurico Miranda) tem pressa para fazer tudo enquanto está na ativa”.
Quando você menos esperar vai soar o gongo para o recomeço do combate. Eurico Miranda e Rubens Lopes reaparecerão fortalecidos para, contraditoriamente, brigarem pela criação da Liga Nacional.
Aguardemos as cenas dos próximos capítulos…
Fonte: Blog Drible de Corpo - Correio Braziliense