Romário foi ídolo de todas as torcidas do Brasil, mas um privilégio de apenas três: Vasco, Flamengo e Fluminense. Nos campos do Rio, o ex-atacante, que completou 50 anos nesta sexta-feira, construiu a maior parte de sua carreira e lapidou a imagem de malandro, rato de praia e mulherengo, estereótipos comuns do povo carioca. Uns foram justificados, outros não.
Um exemplo: Romário não gostava de treinar. Segundo Antônio Lopes, a verdade não é bem essa. O atual gerente de futebol do Botafogo era técnico do Vasco em 1985 e o lançou como profissional. Aos 19 anos, ele tinha fome de aprender, garante:
- Romário treinava à beça, ficava até depois do treino trabalhando as finalizações. Ele nunca gostou muito de treino físico, mas quase nenhum jogador gosta.
Depois de um desses treinamentos, o jovem mostrou a Antônio Lopes a autoconfiança que seria uma tônica na carreira. Ele chamou o técnico e pediu para ser escalado no lugar de Roberto Dinamite, maior ídolo do clube.
- Ele tinha uma personalidade do cacete. Era reserva e um dia disse para mim: “Pô, professor, eu já jogo mais do que o Roberto”. Eu me lembro bem. Disse a ele para ter calma, porque o homem ainda sabia fazer gol - conta.
Foi graças à negativa de Lopes que Romário virou camisa 11. Quando o técnico bancou Dinamite no time, o Baixinho não foi escalado como centroavante, como queria, e teve de se contentar em atuar como ponta. Estreou com o número tradicional da posição e não largou mais.
Outro episódio ajuda a explicar quem é o Baixinho. No fim de 1994, ele foi eleito o melhor jogador do mundo. Meses antes, venceu a Copa nos Estados Unidos. Mas, com 28 anos, cansou da Europa e trocou as partidas da Liga dos Campeões, no Camp Nou, pelos jogos do Estadual na Rua Bariri. Fechou com o Flamengo e ganhou Kleber Leite, então presidente do clube.
- Romário sempre foi espontâneo. Ele sempre atendeu ao coração e ao espírito, e é uma das pessoas mais firmes que já vi - elogia.
Enquanto jogador, Romário sempre fez o que quis. Faltou defender o America a tempo de seu pai, Edevair, ver. Para ficar no Rio, o atacante foi para o Fluminense em 2002. Tudo pela cidade e suas amadas mulheres.
- Uma vez, ele me falou que não bebia, não fumava, mas em relação às mulheres, não tinha jeito (risos). Em campo, compensava tudo - recorda-se Celso Barros, presidente da Unimed e responsável pela contratação na época.
Fonte: Extra Online