Autor do cruzamento que resultou no pênalti do gol 1000 de Romário, Thiago Maciel, hoje taxista, relembra jogada aos passageiros

Sexta-feira, 29/01/2016 - 19:20
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Quem não acompanha futebol pode até achar que não passa de mais uma história de taxista. Entretanto, dentro do carro amarelo de Thiago Maciel, o que ele conta é verdade. Em 2014, o lateral-direito trocou os campos pelas ruas do Rio. Roda atrás de passageiros e, eventualmente, ouvintes para sua melhor lembrança no esporte: foi dele a jogada para o milésimo gol de Romário, aniversariante de 50 anos desta sexta-feira.

Em 2007, Thiago Maciel tinha 25 anos. Tentava se firmar no Vasco, clube que o revelou em 2004. Titular na partida contra o Sport, pelo Brasileiro, encontrou São Januário em jogo de casa cheia. Todos esperavam que fosse naquela noite o tão esperado gol mil. No segundo tempo, o lateral recebeu o passe de Abedi, avançou em velocidade pela direita e cruzou na direção do camisa 11. Antes que bola chegasse ao destino, bateu no braço do zagueiro Durval. Pênalti marcado pelo árbitro, convertido pelo Baixinho e eternizado na história do futebol mundial. E na vida de seu coadjuvante.

- Na hora, você não tem dimensão do que fez. Só depois, com o tempo, que você vê a importância de ter feito parte daquilo. Até hoje as pessoas se lembram, meus amigos me chamam de “lateral do milésimo” - conta.

A festa dos jogadores em torno de Romário depois que Magrão repetiu Andrada, goleiro que sofreu o milésimo gol de Pelé, foi genuína. Thiago conta que a meta do camisa 11 se transformou em um objetivo de todos no elenco, de bom grado. Romário havia mudado. Apesar de ansioso para alcançar a marca o quanto antes, não transformava isso em irritação. O Baixinho estava até mesmo mais acessível, brincalhão.

Eram os momentos finais de brilho na carreira do atacante. E a última impressão que deixou em Thiago Maciel foi melhor do que a primeira.

- Eu joguei com ele em 2005 também, e ele era mais fechado, falava pouco com a gente. Tinha aquele jeitão mais marrento mesmo. Em 2007, estava mais legal. Depois do milésimo, fez uma festa para todo mundo. Aquilo foi marcante, porque até pagar um cafezinho para ele era complicado, não abria a mão de jeito nenhum... - lembra, aos risos.

Atuar ao lado de Romário era uma honra, mas podia ser também um peso, admite Thiago Maciel. A cobrança em cima do cruzamento certo era grande. Com um artilheiro do nível do Baixinho na área, não colocá-lo em condição de marcar era quase um pecado.

Aos 33 anos, Thiago Maciel é irmão do volante Ygor, também revelado pelo Vasco e com passagens por Fluminense, Internacional, Figueirense e Goiás. O taxista ainda tem o desejo de voltar a jogar futebol, mas só se surgir uma proposta que compense deixar a praça. Enquanto ela não aparece, vale lembrar o passado:

- Foi um privilégio jogar com o Romário, mesmo com os esporros que dava quando a bola não chegava.



Fonte: Extra Online