O técnico Jorginho chegou ao Vasco em agosto do ano passado com a difícil missão de livrar o time de São Januário do seu terceiro rebaixamento do clube Série B. A equipe carioca cresceu, se recuperou, pulou de 13 para 41 pontos no fim do Brasileirão, mas o sonho de manter o time na elite do futebol brasileiro não foi alcançado. Apesar ainda lamentar o resultado final da última temporada, o treinador cruz-maltino faz questão de exaltar a mudança no comportamento dos seus jogadores e, agora, espera por um ano mais tranquilo ao Gigante da Colina em 2016 (assista ao vídeo).
- Acho que vivi muito tempo como atleta, sabia o que era necessário. Ao chegar ao Vasco, percebi que, além de outras características que precisavam ser trabalhadas, tinha a questão de acreditar no potencial. Uma pessoa sem confiança pode errar mais. O lateral não cruza bem, o meio-campo não tem um bom passe, faz a coisa mais simples, o atacante não chuta. Tudo isso foi um trabalho que a gente fez. Não fiz sozinho. Esses 43 jogadores, um plantel grande, estavam inseridos no mesmo sonho. Não conquistamos o sonho, mas conquistamos o respeito de adversários. Quando cheguei, perdi quatro jogos, inclusive de 6 a 0 para o Internacional. As equipes não respeitavam o nosso time. Com paciência, percebi com quem a gente poderia contar e a coisa mudou completamente. Os jogadores ganharam confiança. Foi uma mudança radical na equipe - afirmou Jorginho - disse ao "Tá na Área"
Jorginho disse que ficou surpreso com Nenê, que chegou ao clube durante o Brasileirão e acabou virando o principal jogador na reta final da competição. O técnico destacou ainda a recuperação do lateral-esquerdo Julio Cesar, que pouco jogou antes da sua chegada.
- Todo mundo sabia o potencial do Nenê, só não sabia se ele voltaria ao Brasil, manteria essa qualidade técnica e se adaptaria tão rapidamente. Eu peguei um jogador no banco, o Julio Cesar. Ele cresceu muito, fez gols, foram dois comigo. Ele estava desacreditado, o Christiano era o titular, mas tomou a vaga e foi muito bem. Para mim, foi uma grande alegria saber que um jogador acima dos 30 anos não está acabado - disse.
Veja outros pontos da entrevista com Jorginho
Apoio da família e dos amigos
- Eu amo muito a minha família. Gosto muito de estar com eles. Converso com a minha esposa, inclusive sobre futebol. A minha parceria com o Zinho, meu auxiliar, e com o Joel (Urtiga), meu preparador, foi muito forte. Eu oro muito.
Relação da religião com a profissão
- O jogador levanta a camisa e mostra 'Deus é fiel'. Mas Deus é fiel para ele e não é para o goleiro que sofreu o gol? Por isso, tenho muita dificuldade de pedir uma vitória. Peço para estar sempre alegre, motivado, feliz e acreditando que posso tirar algo do profissional que está comigo. Isso me ajuda a entender o atleta, e a tirar o que ele tem de melhor.
Relacionamento com os jogadores
- Em alguns momentos, eu deixo de lado o treinador e falo como pai, como amigo. Era muito difícil para mim ver o Guiñazu no banco, mas era fundamental que isso acontecesse. A gente acaba tendo uma cumplicidade muito grande, uma amizade. A gente passa a entender melhor o atleta, e ele também passa entender a gente. Dói deixar um jogador no banco. Mas apenas 11 podem jogar.
Apoio ao atacante Riascos
A torcida desistiu dele, vaiava no Maracanã. Eu pedi para ele olhar no meu olho, porque o olho fala muito de quem nós somos. Se estamos falando a verdade ou não. Eu falei: "Olha para mim, eu não vou desistir de você. Você vai dar a volta por cima".
Grande ídolo na carreira
-O Zico era o maior. Eu tive a oportunidade de jogar ao seu lado. Ele era realmente o mais completo, apesar de ter o Leandro como ídolo. Foi o melhor lateral-direito que eu vi jogar. Era um extraterrestre. Eu fui um dos que ficaram marcados na seleção brasileira, como Carlos Alberto Torres, Cafu, Nelinho e tantos outros que passaram por ali. Mas esse não é daqui. Realmente o Leandro foi um fora da série.
Fonte: Sportv.com