Declaração de amor em redes sociais, reverências da torcida e confiança de Eurico Miranda. Nenê está em lua de mel com o Vasco. De contrato renovado por três anos, o meia-atacante sabe que é a principal esperança para conduzir o clube de volta à elite do futebol brasileiro. E não foge da responsabilidade. Feliz da vida, o Craque da Galera do último Brasileirão atendeu a imprensa nesta quarta-feira, no CT João Havelange, em Pinheiral, e abriu o coração ao falar da relação com o Cruz-maltino, que o recolocou em evidência no futebol nacional.
O retorno ao Brasil, após mais de uma década em Espanha, França, Inglaterra e Qatar, foi cercado por desconfiança. Já aos 34 anos, Nenê precisava provar que ainda tinha lenha para queimar, e justamente em um clube praticamente fadado ao rebaixamento. Nove gols e quatro assistências depois, ele não conseguiu evitar a queda para Série B, mas o assédio de grandes no mercado e o reconhecimento do torcedor deixaram a tranquilidade da escolha certa e de que São Januário é seu lugar.
- Demorou um pouquinho (para assinar o contrato), uma semaninha de espera. Quando tudo foi resolvido, estávamos vindo para pré e havia questão burocrática. O importante é que assinei, estou muito feliz e sou honrado por defender esse clube que representa muito em pouco tempo. É como se estivesse aqui há muito tempo. A consideração que tenho aqui é para poucos. Muito pela minha dedicação, amor pelo que faço. Isso não tem preço e pesou muito na decisão.
O respeito que tive da torcida do Vasco me fez querer mais, me fez querer retribuir. Essa camisa não tem divisão
Nenê, meia-atacante do Vasco
Muito assediado pelo Atlético-MG ao término do Brasileirão, Nenê trocou propostas vantajosas financeiramente e a possibilidade de voltar a disputar a Libertadores para seguir no Vasco da Gama. Após tanta especulação, o meia-atacante tratou o reconhecimento do torcedor vascaíno como determinante para sua escolha e minimizou o fato de disputar a Segunda Divisão em 2016.
- Muitas coisas na cabeça para decidir (nas férias). Queria relaxar, descansar com a minha família, colocar a cabeça em ordem. Deixar passar o momento de angústia depois do último jogo. Há a vontade de estar na Libertadores. Mas o respeito que tive da torcida do Vasco me fez querer mais, me fez querer retribuir. Essa camisa não tem divisão.
Assim como Luan, outro a renovar o contrato na virada do ano, Nenê tratou o retorno à elite do futebol brasileiro como uma pendência pessoal. Em conversas com Eurico Miranda e Jorginho, o jogador sentiu sua importância para o elenco e decretou a permanência.
- Isso pesou bastante. A firmeza do Eurico, o Jorginho. Tudo pesou. Principalmente a torcida. Falei: "Não tem jeito". Acho que tinha que cumprir minha missão. Uma boa hora para continuar junto e colocar o clube no lugar onde merece.
Em pouco mais de 15 minutos de entrevista coletiva, Nenê falou dos planos para a reta final da carreira, se divertiu ao comentar brincadeiras com Luan e Diogo Silva durante a pré-temporada,e tratou a identificação com o Vasco como maior até mesmo do que a que teve com o Paris Saint-Germain. Confira abaixo todas as respostas do camisa 10:
Aposentadoria no Vasco
- Difícil prever o que vai acontecer, mas a minha intenção é de cumprir esse contrato com o Vasco. Acho que foi uma coisa realmente minha. Depende de quantos anos ainda tenho para jogar. Está cada vez mais perto. Meu pensamento é de ficar até o final. Quero jogar até os 40. Pensamento é de cumprir o contrato.
Relação com a torcida
- Foi uma coisa natural. Bateu. Eles, comigo. Eu com eles. Viram o profissional que eu sou. Vejo nas redes sociais o respeito e a admiração que eles têm por mim. Dei a cara, fiz o meu melhor. Fiz com a melhor vontade possível. Eles viram isso, e eu senti isso deles. É uma coisa realmente apaixonante a maneira com que eles amam o clube. Essa paixão que o torcedor do Vasco tem com o clube eu ainda não tinha visto.
Idolatria
Espero que eu seja realmente um dia considerado um ídolo do Vasco. Ainda não me considero, mas sinto isso da torcida. Isso que importa
Nenê, sobre idolatria da torcida do Vasco
- Eu ouço isso de muitas pessoas, pelo meu caráter, por ter ficado diante de tantas propostas. Me darem essa condição de ídolo... São poucos que conseguem. Me sinto honrado, e vamos lutar para isso. Acho que é uma coisa natural. Espero que eu seja realmente um dia considerado um ídolo do Vasco. Ainda não me considero, mas sinto isso da torcida. Isso que importa.
Salvador da pátria na Série B
- Me sinto muito feliz, mas não penso dessa maneira. A pressão acaba ficando maior. Acho que é importante manter o elenco. Isso às vezes é melhor do que alguma contratação. O mais importante é a base ser mantida. O entrosamento vem de mais tempo. Esse é o caminho certo. Fico feliz de estar representando o Vasco dessa maneira.
Onde o Vasco pode chegar?
- O Vasco entra de igual para igual. O time está forte. No Brasileiro, é obrigação nossa subir. Na Copa do Brasil, vamos com tudo para tentar conquistar esse título. O time é praticamente o mesmo. Tivemos uma das melhores campanhas do segundo turno do Brasileirão. O time tem que entrar com esse pensamento. Temos tudo para conquistar títulos.
Identificação
- Tive uma identificação forte com o Paris Saint-Germain. Mas com a identificação que tenho com a torcida do Vasco, acho que passou isso a do Paris. Em tão pouco tempo. Espero que nossa união seja para sempre.
Balãozinho em Luan no recreativo
- Com certeza provoquei o Luan depois. Tomou o chapéu e ficou me procurando em seguida para dar o troco. Mas tudo é brincadeira, coisa saudável. Estamos com uma relação realmente muito boa. Foi bonito, mas eu queria ter vencido o rachão.
Aposta com Diogo Silva
- Servi o almoço dele. Tenho que ser um bom pagador (risos). Eu sou assim, quero ganhar em tudo. Mesmo depois do treino, tive que servir. O Diogo está de parabéns, agarrou muito.
Fonte: GloboEsporte.com