Transformar vidas é uma das maiores essências do futebol. A história do herói cruzmaltino no segundo jogo da Copa São Paulo é o maior exemplo disso. O meio-campista Eduardo Melo, de 19 anos, nasceu em Manaus (AM), passou pelo futebol paulista e apenas no segundo semestre do ano passado conseguiu conquistar um lugar numa grande equipe brasileira.
O engraçado, entretanto, é que o sonho parecia distante pouco tempo atrás. Quando disputava competições por equipes de várzea em sua cidade natal, Eduardo jamais imaginou que um atitude da sua mãe, Mônica Melo, seria o passaporte para uma mudança radical em sua rotina. Hoje em São Januário, o armador faz a alegria da família, quase toda vascaína.
- Sou natural de Manaus e tenho orgulho de representar minha cidade. Fui pego de surpresa em 2011 quando a minha mãe me contou que eu havia feito minha inscrição num peneirão da Portuguesa. Meu sonho sempre foi ser jogador de futebol, mas nunca passou pela minha cabeça que conseguiria realizá-lo, principalmete porque só atuava em times de várzea. Acabou que fui para São Paulo com meus, que largaram emprego e tudo para me acompanhar. A responsabilidade era grande, então dei o meu melhor e acabei sendo aprovado. Fiquei quatro anos na Lusa e durante esse período conheci o professor Rodney, que hoje é o meu treinador aqui no Vasco. A minha família sente um orgulho muito grande mim, não só por eu ter conseguido vencer os obstáculos que apareceram, mas também por estar atuando no Vasco. Quase todos os meus familiares são vascaínos - revelou o camisa 17.
O tento anotado diante do São Raimundo (RR), na última terça-feira (05/01), não foi o primeiro de Eduardo no cruzmaltino, mas pode ser considerado o mais importante. O gol garantiu o empate e manteve o Gigante vivo na briga por uma vaga na segunda fase da Copinha. Com olhos brilhando e sorriso no rosto, o jovem não escondeu a satisfação ao comentar o feito.
- A emoção de marcar um gol é muito grande. Venho treinando durante muito tempo para ajudar a equipe em momentos decisivos. Agradeço a Deus e ao treinador por ter me dado a oportunidade de mostrar o meu trabalho. Encaro esse gol como o início da arrancada da minha carreira dentro do Vasco. Esperei muito tempo por uma chance. Em relação aos nossos resultados na Copinha, eles não foram positivos, como esperávamos, mas acredito muito em nossa equipe. Nos comportamos bem nas duas partidas, mas infelizmente as vitórias não vieram. Vamos em busca dos três pontos contra o Nacional - declarou o meio-campista.
Fonte: Site oficial do Vasco
De Manaus ao Vasco: conheça o autor do gol Cruzmaltino na Copa São Paulo
Eduardo Melo é amazonense de bairro humilde de Manaus. Com 14 anos, jovem recebeu apoio dos pais para fazer teste na Portuguesa-SP, onde atuou por 4 anos
O São Raimundo vencia o Vasco por 1 a 0 quando - aos 44 minutos do segundo tempo - o meia Eduardo Melo marcou de falta e salvou a equipe carioca de uma derrota e, consequentemente, de uma eliminação precoce na Copa São Paulo de Futebol Júnior. Isso a maioria dos cruzmaltinos já ficou sabendo. O que muitos não sabem é quem é o herói vascaíno.
O jovem contou um pouco de sua curta trajetória no futebol. Revelado pela Portuguesa-SP, o meio-campo permaneceu por quatro temporadas consecutivas na equipe da capital paulista antes de chegar no Vasco, em julho de 2015, e alcançar o momento considerado por ele como ápice da carreira. Antes disso? ''Nada demais, jogava apenas campeonatos de bairro em Manaus'', como ele mesmo descreve.
- Minha carreira é uma loucura. Quanto eu estava com 14 para 15 anos, minha mãe chegou no quarto com um papel e disse: "amanhã você está indo para São Paulo, eu te inscrevi na peneira da Portuguesa e você vai fazer um teste lá". Eu era moleque e claro que tinha o sonho de ser jogador. Mas nunca esperaria esse tipo de atitude da minha mãe. Geralmente quem sempre acompanhou tudo foi meu pai - disse o amazonense, de 19 anos, via mensagem de voz.
Acharam estranho o apoio que os pais deram ao filho mais velho da família? Ainda tem mais. Quando passou no teste, ainda com 14 anos, a ficha caiu: ele teria que se mudar a São Paulo. O fato seria o suficiente para a maioria dos parentes um pouco mais preocupados desistirem da ideia. Não foi o que aconteceu com seus pais, Eduardo Antônio Alves da Silva e Mônica Melo Alves
- Quero fazer uma ressalva aos meus pais, que são a base de tudo. Eles largaram tudo em Manaus. Largaram a casa, a família, os empregos. Fizeram uma loucura mesmo. Apostaram apenas em mim. Não conheciam nada ou ninguém em São Paulo, e mesmo assim me acompanharam nesse risco. Graças a Deus está dando certo - completou Eduardo, que morava no bairro da Redenção, Zona Centro-Oeste de Manaus.
Inclusive, ao falar sobre sua infância, não é uma surpresa que ele tenha se tornado um jogador de futebol. De acordo com o garoto, todas suas recordações envolvem ele e um campo de futebol.
- Nunca joguei em equipe de Manaus. Sempre time de bairro, futebol amador... Mas minha rotina era sempre futebol. Morava em frente a um campo, então era futebol de dia, tarde e noite - completou.
Com três Copinhas no currículo (duas pela Lusa, em 2014 e 2015, e uma pelo Vasco, em 2016), essa foi a primeira vez que o armador balançou as redes na competição. Logo de falta, um golaço. Apesar da juventude, as pretensões para o futuro não são nada modestas. Ele tem o sonho de ser campeão do mundo pela Seleção Brasileira.
- Meus planos para o futuro é me profissionalizar no Vasco da Gama. Time que tem uma história muito grande, respeitado em qualquer lugar. Se Deus quiser chegar na Liga dos Campeões, ser campeão europeu e mundial um dia - finalizou.
Situação do Vasco na Copinha
Com duas rodadas realizadas até aqui, O Vasco da Gama é o segundo colocado do Grupo 27, com apenas dois pontos. O líder é o Guaicurus, com quatro. No entanto, o time precisa apenas de suas forças para garantir a classificação. Para isso, tem que vencer o Nacional-SP, nesta quinta, às 16h (horário de Brasília), no estádio Comendador Souza.
Rotina de treinamentos
Ao lado dos companheiros, Eduardo realizou na manhã desta quarta-feira um treinamento regenerativo na academia do Hotel Excelsior. A atividade durou aproximadamente duas horas e contou com a participação de todos os jogadores, incluindo o zagueiro Daniel Gonçalves e o volante João Victor, desfalques no jogo anterior.
Fonte: GloboEsporte.com