O Vasco fez uma substituição no marketing. Sai Bernardo Pontes, publicitário que estava na gerência desde a gestão de Roberto Dinamite, entra Marcus Duarte, profissional de marketing que trabalhou no próprio Vasco com Eurico Miranda de 2007 a 2008.
A volta de Duarte começou com uma boba polêmica. Nas redes sociais, circula uma foto dele com a camisa do Flamengo e críticas de torcedores. Pouco importa o time que o profissional de um clube torça desde que o fator emocional seja isolado. Tanto um profissional flamenguista pode obter excelentes resultados no Vasco, quanto um amador vascaíno pode causar estragos inimagináveis pelo torcedor.
No máximo, o que há para se criticar é que Duarte, nome frequente no mercado esportivo desde 2001, quando trabalhou para o Vitória, com duas passagens pelo Flamengo, de 2005 a 2006 e de 2011 a 2013, poderia ter se preservado ao não se expor na internet. Tal qual o gerente da Volkswagen deve ter a prudência de não "ostentar" um Chevrolet, ou o da Pepsi, uma Coca-Cola. Mas é uma opção pessoal.
O torcedor poderia se atentar, em vez de "para que time ele torce", ao perfil do profissional, alinhado ao que o Vasco mais precisa em 2016. O principal motivo de desequilíbrio financeiro do clube em relação a rivais é a receita que sai da torcida por meio de São Januário e do programa de sócios-torcedores. Em 2015, no Campeonato Brasileiro, o Vasco teve R$ 3 milhões em receita líquida com ingressos, contra R$ 21 milhões do Palmeiras, de torcida similar. Sete vezes menos.
A experiência de Duarte como profissional do Maracanã, de 2013 a 2015, vem bem a calhar. Ele internalizou, no estádio, ingressos e acesso – geralmente, uma empresa terceirizada cuida da operação, mas o Maracanã decidiu fazer ele mesmo, com equipe própria. Aumentou a fiscalização contra fraudes, criou o cartão Maracanã, alinhou o sistema com os de Flamengo e Fluminense. É o que o Vasco precisa. Ainda que já tenha assinado contrato com a Futebol Card para as bilheterias de São Januário, o gerente tem muito a agregar na operação para aumentar a eficiência do estádio cruzmaltino e, com muito atraso, colocar o sócio-torcedor para funcionar.
O "novo velho" gerente de marketing é descrito – e elogiado – por colegas e ex-chefes pelo perfil operacional. Condiz com o Vasco de Eurico, sem espaço para firulas publicitárias e estrategistas de marketing, dois outros perfis que cabem em outros clubes, mas não ali. Ter a confiança do chefão, aliás, é fundamental. Experiência para aguentar a politicagem do dia a dia, também. Duarte, flamenguista ou não, aparenta ter o necessário para estruturar o Vasco em 2016.
Fonte: Coluna Época Esporte Clube - Época