Técnicos que venceram a Série B falam sobre desejo de Jorginho de maior aproveitamento da base

Domingo, 20/12/2015 - 16:28
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Com um novo rebaixamento para a segunda divisão, o Vasco termina 2015 focado em mais uma reformulação do elenco. O presidente Eurico Miranda, o técnico Jorginho e o gerente de futebol Isaías Tinoco estão afiados no discurso de manutenção do time titular que reagiu no segundo turno no Brasileirão e aproveitamento das categorias de base.

- Queremos rejuvenescer essa equipe. Sabemos que isso é necessário. Para isso, estamos observando direitinho, conversando com a diretoria, com o pessoal da base. Alguns (jogadores) vão fazer a pré-temporada conosco, para vermos quem tem condição de permanecer no profissional - diz Jorginho.

Para Ricardo Gomes, treinador campeão da Série B deste ano com o Botafogo, essa pode ser uma receita vencedora para uma equipe que ficou marcada por excesso de trintões:

- Em qualquer divisão, o ideal é mesclar os experientes com os mais jovens. Hoje em dia, é muito difícil formatar elenco em qualquer clube do país. Tem que apostar na base sempre.

Já Hemerson Maria, que venceu a competição com o Joinville em 2014, não vê a segunda divisão como o melhor momento para usar a garotada.

- Você tem que ter um elenco mais maduro e experiente, com uma mentalidade muito forte e vencedora, porque é uma competição muito dura - afirma o técnico. - Se você tiver uma equipe que já vem jogando há algum tempo, bem entrosada, você pode usar garotos, mas não é a competição mais adequada.

Segundo Maria, as equipes consideradas grandes lidam com uma cobrança muito forte da torcida pelo acesso e, por isso, precisam ter cuidado com os meninos. Ele destaca ainda que, na segunda divisão, além da qualidade técnica, é preciso ter "espírito de luta":

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- As viagens são muito longas, o tempo de recuperação de um jogo para o outro é muito curto, e (o time) vai encarar campos ruins, que dificultam a imposição de um futebol de qualidade. Vou ser bem claro: o jogador não pode ter muita frescura.

Apesar do desejo de apostar em juventude, o Vasco pode esbarrar nas limitações das categorias de base. Em 2015, a equipe sub-20 colecionou campanhas ruins nos principais torneios juvenis.

No Brasileiro da categoria, foi eliminado na segunda fase como lanterna do grupo que tinha Fluminense, Flamengo e Palmeiras. Na Copa do Brasil, caiu nas oitavas de final para o Atlético-PR. E, na Copinha, não passou da primeira rodada do mata-mata após ser derrotado pelo Cruzeiro. O último revés aconteceu nesta semana, quando o clube carioca foi lanterna de sua chave na Copa Rio Grande do Sul de Futebol Sub-20.

- O Vasco tem capacidade de recrutar bons jogadores, mas houve um período de problemas na formação, e alguns atletas foram muito prejudicados. Quanto a jogadores que podem ser aproveitados no profissional, (o Vasco) está defasado em relação ao Fluminense, que tem a melhor base do Rio disparado, e a outros clubes como São Paulo, Internacional e Santos - analisa o jornalista Pedro Venancio, responsável pelo blog "Na base da bola", do "Globoesporte.com".

A diretoria do clube reconhece que faz um "trabalho de recuperação" no sub-20, e, embora os resultados deste ano não sejam animadores, já representam melhora em relação ao desempenho de 2014, quando o Vasco terminou o returno do Campeonato Carioca de juniores em nono lugar.

- Nunca se sabe a resposta que os meninos podem dar no profissional, depende da maneira como o treinador vai colocá-los. A permanência do Jorginho é importante para dar segurança ao trabalho (de transição dos jogadores) - afirma Venancio, que destaca os meias Mateus Vital, Evander e Andrey como principais valores do Vasco no momento.

EXTRAÇÃO BAIXA

Os três têm apenas 17 anos, mas só Mateus Vital já estreou pelo profissional. Ele esteve em campo no empate com o Coritiba pela última rodada do Campeonato Brasileiro.

Para a terceira empreitada na segunda divisão, o Vasco tem a missão de extrair mais do que conseguiu da última vez que disputou a competição. Em 2014, só o zagueiro Luan foi desenvolvido no período. Para isso, precisará lidar com as expectativas que cercam um gigante do futebol fora da elite.

- O time grande já entra na Série B com a obrigação de subir. Tudo que você faz não é mérito, mas você pode reconstruir a equipe, deixá-la com uma base forte para o retorno à Série A - aconselha Gilson Kleina, campeão da segunda divisão com o Palmeiras, em 2013.



Fonte: O Globo Online