Torcedores vascaínos são acusados de agredir repórteres no Espírito Santo após Coritiba x Vasco

Sexta-feira, 11/12/2015 - 13:56
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A torcida vascaína que se reuniu nos bares da Grande Vitória não entregou os pontos. Cantaram, incentivaram o Cruz-maltino do início ao fim da rodada de encerramento do Brasileiro, no último domingo à tarde. Mas ela acabou decretando o terceiro rebaixamento do Clube da Colina em 8 anos - os dois últimos numa distância de apenas dois anos.

No Bar Zé Pilin, em Jardim da Penha, cerca de 100 torcedores da organizada Guerreiros do Almirante (GDA) se reuniram para assistir ao empate de 0 a 0 do Vasco com o Coritiba com churrasco na calçada, batucada, bandeirão e uma bonita festa. Porém, quando se aproximava o final da partida, dois torcedores mais exaltados coagiram e agrediram membros da imprensa que estavam presentes no local para cobrir a concentração dos vascaínos.

Um deles (o de boné) em um primeiro momento coagiu o fotógrafo do jornal A Gazeta para não publicar fotos da torcida em caso de queda do time. Logo depois, a alguns metros dali, já na rua, o mesmo torcedor arrancou com violência um bloco de anotações das mãos do repórter do jornal A Tribuna. Um outro agressor surgiu (o de camisa preta do Vasco) e bateu forte na câmera do fotógrafo de A Gazeta tentando arrancá-la.

Na confusão, cerveja ainda foi jogada pelos agressores na câmera fotográfica. O torcedor de camisa preta ainda tentou uma nova investida, mas foi impedido por outros vascaínos que estavam no local e não queriam saber de violência.

As equipes de reportagem, compostas por dois repórteres e dois fotógrafos, acharam por bem sair do local temendo outros possíveis ataques dos agressores. Diferente dos dois torcedores violentos, o vascaíno Carlos Magno Vitória, que assistiu ao jogo no Triângulo das Bermudas, conversou com a reportagem de forma tranquila e culpou a reação tardia do Vasco pela confusão.

- Lamentavelmente mais uma vez na Série B. O clube vai ter que cumprir com sua honra de verdade agora - disse o torcedor.

Sindicato emite nota de repúdio por conta das agressões

O Sindicato dos Jornalistas do Espírito Santo (SindijornalistasES) se manifestou por meio de nota de repúdio por conta das agressões sofridas pelos repórteres e fotógrafos dos jornais impressos capixabas, as quais considera "covardes", se colocando à disposição dos profissionais para qualquer medida judicial. Confira na íntegra a nota.

É com pesar e repúdio que o Sindicato dos Jornalistas no Espírito Santo vem a público mais uma vez protestar contra a intolerância, a ignorância e a violência de pessoas que transformam festas, confraternizações e manifestações em atos de selvageria contra profissionais que estão somente exercendo sua função de trabalhador.

Mais uma vez esse fato lamentável aconteceu aqui em Vitória. No domingo, dia 06/12, torcedores do Vasco da Gama , membros da torcida organizada Guerreiros do Almirante (GDA), frustrados com o rebaixamento do time, resolveram descontar a frustração em cima de 4 jornalistas que estavam trabalhando na cobertura dos eventos promovidos pelas torcidas, um deles realizado no bar Zé Pilin, no bairro Jardim da Penha.

O Sindijornalistas repudia veementemente esta prática covarde de torcedores e se coloca à disposição dos jornalistas de A Gazeta e A Tribuna para medidas judiciais que acharem necessárias.


Movimento Guerreiros do Almirante também se manifesta

Também por meio de nota, a filial capixaba da torcida Movimento Guerreiros do Almirante (GDA-ES) se manifestou sobre o ocorrido, se defendendo das acusações e se desculpando com quem se sentiu ofendido. Confira a íntegra da nota dos vascaínos.

O Movimento Guerreiros do Almirante do Espírito Santo vem a público prestar alguns esclarecimentos acerca das reportagens veiculadas nos meios de comunicação esportivos capixabas e nacionais sobre o ocorrido no jogo de domingo.

1 - A GDA-ES não se trata de uma Torcida Organizada na acepção comum do termo. Somos um movimento de torcedores que apoiam o Clube de Regatas Vasco da Gama incondicionalmente. Não temos nenhuma ligação política, nem dentro, nem fora do clube. Apenas torcemos para o Vasco. Não exaltamos nunca a torcida, somente o clube, incentivando os demais torcedores a sempre cantar pelo Vasco e nada mais.

2 - Sempre nos reunimos no mesmo local desde 2009 e quem é frequentador conhece o movimento e sabe que SOMOS TOTALMENTE PACÍFICOS! Somos um grupo formados por estudantes e trabalhadores, ninguém ligado a nenhum grupo criminoso, ou envolvido com brigas e agressões, principalmente por causa do futebol. Dividimos o local assistindo jogos muitas vezes na companhia de torcedores do Flamengo, local próximo também da concentração de torcedores do Fluminense, e nunca havia ocorrido algo desse tipo, o que já demonstra que não estamos ali para arrumar confusões.

3 - No domingo, aconteceu o jogo Vasco x Coritiba, no qual o Vasco veio a ser rebaixado para série B do campeonato brasileiro. Fizemos uma grande festa para torcer incondicionalmente como sempre fazemos e, por isso, o local chama a atenção dos curiosos. No dia havia vascaínos do movimento, torcedores comuns e até torcedores de outros times, como o Flamengo. E até o final do jogo não havia nenhuma ocorrência de confusão.

4 - Os jornalistas em questão estavam lá desde o principio, tirando fotos e registrando o que achavam devido, mas parece que isso não lhes era suficiente. Torcedores chorando tem todo ano e não vende tanto jornal... Assim, resolveram começar com diversas provocações desnecessárias. Começaram a tirar closes das pessoas entristecidas, mesmo tendo sido pedido por diversas vezes para que não fizessem. Mas eles não acharam que deveriam parar. Faziam perguntas capiciosas (sic) para provocar uma reação mais enérgica nas pessoas. Queriam uma matéria mais apelativa e vendável, ignorando a dor e os pedidos das pessoas que ali estavam.

5 - Por fim, se aproveitando de alguns que já estavam ficando irritados, um deles deu um chute em um rapaz justamente para que ele perdesse a cabeça e o tal "jornalista" conseguisse sua matéria. E infelizmente conseguiu.

6 - Queremos esclarecer que não há qualquer prova de ter havido agressão física a nenhum jornalista, como vem sendo divulgado. O que houve foi uma troca de empurrões, um banho de cerveja e umas anotações rasgadas. Foi prestada uma queixa de constrangimento ilegal. Não há qualquer prova de corpo de delito.

7 - A GDA-ES lamenta profundamente os fatos ocorridos e pede desculpas a todos que se sentiram ofendidos. Continuaremos a nos reunir no mesmo local de sempre e a apoiar o Vasco da Gama incondicionalmente. Esperamos que eventos como esse não voltem a ocorrer e que o jornalismo esportivo capixaba se preocupe mais em trabalhar com ética, profissionalismo e bom senso, atuando em prol do desenvolvimento do esporte capixaba e não em prol de interesses alheios.




Fonte: GloboEsporte.com