O presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, afirmou nesta quinta-feira que o clube celeste está fora da Primeira Liga, grupo que reúne equipes de Minas Gerais, Rio de Janeiro e da região Sul do país. Oficialmente, a Raposa é o primeiro clube a desistir da participação no torneio, que planeja sua edição inaugural para o primeiro semestre do próximo ano. Gilvan era o presidente da Liga e compartilhava a liderança com Mário Celso Petraglia, presidente do Atlético-PR, desde a reunião mais recente, no último dia 26 de novembro. A cúpula do grupo se surpreendeu com a decisão, mas pretende se esforçar para que o torneio ocorra em 2016.
O anúncio da desistência ocorreu durante a entrevista coletiva de apresentação do novo treinador do Cruzeiro, o ex-auxiliar técnico do time, Deivid, nesta quinta-feira, na sede administrativa. Um dos motivos para a saída da Raposa da competição é a divisão de cotas para a competição. O entrave causou divergências durante o último encontro dos representantes dos times da Primeira Liga.
- O Cruzeiro não vai mais disputar a Liga Sul-Minas-Rio. Ela não é viável para o Cruzeiro. Discordamos de coisas que aconteceram na última reunião. O torneio não vai ser rentável agora. O futebol brasileiro precisa fazer ligas para organizar campeonatos. E a CBF cuidar só da seleção – declarou Gilvan de Pinho Tavares.
A Federação Mineira de Futebol, apesar de ter apoiado a competição, viu com bons olhos a saída do Cruzeiro, pois não prejudicará o estadual em Minas. Em entrevista ao jornal "Gazeta do Povo", Alexandre Kalil, diretor-executivo da Liga, afirmou que a escolha de Petraglia para dividir a presidência do grupo com Gilvan motivou a decisão do cruzeirense.
- Acho que foi porque o Petraglia ganhou a eleição. Convocamos a eleição, e o Mario ganhou com vantagem esmagadora. Ele ficou triste por isso. Me disse na mesma hora que pretendia tirar o Cruzeiro da Liga. Mas não achei que fosse fazê-lo - declarou Kalil.
Em entrevista à Rádio Transamérica, de Curitiba, Mário Celso Petraglia preferiu não comentar sobre a possível motivação de Gilvan. No entanto, o presidente do Atlético-PR não se diz surpreso com a decisão e espera conversar com o cruzeirense.
- Eu não vou tecer nenhum juízo de valor. Não é do meu perfil. E eu não conversei com ninguém. Estou voltado à nossa campanha, não falei com Kallil, com Gilvan e não falei com ninguém. Não posso dá-la. Seria leviano. Preciso falar com o presidente Gilvan e ele me dizer as razões. Não foi surpresa, absolutamente. Nós estamos sem mesa no futebol brasileiro há muitos anos. Queremos criar um foro de debates de união e conseguimos a Sul-Minas-Rio com Flamengo e Fluminense, agora, o stablishment não quer, as federações não querem, os veículos que promovem não querem, a CBF não quer. Querem que continuemos subordinados à forças de hoje e que há 50 anos roubam o futebol brasileiro.
Presidente do Avaí e vice-presidente da Primeira Liga, Nilton Macedo Machado ainda não sabia da saída da equipe mineira. Ele garantiu que o grupo não será desfeito e o torneio ocorrerá em 2016.
- Estou sabendo por você. A Liga vai acontecer sem o Cruzeiro. A Liga é uma sociedade civil com 15 sócios. Não é a saída de um sócio que acaba com a Liga - argumentou.
As divergências entre os membros se intensificaram na última reunião. O debate da divisão de cotas e a escolha de Mário Celso Petraglia para dividir a presidência do grupo causaram os entraves. CEO da Liga, Kalil deixou claro que o Flamengo receberia mais pela competição. Peter Siemsem, presidente do Fluminense, declarou que pretendia lutar por uma divisão mais igualitária.
Após a desistência do Cruzeiro, a assessoria de Peter declarou que "o clube segue na Liga ainda. Não tem isso de ter desistido". No entanto, é grande a chance da saída também do Flu. Presidente do Grêmio, Romildo Bolzan também se surpreendeu com a decisão. Mas nem tanto.
- Estou surpreendido, embora entenda que isso seja reflexo da nossa ultima reunião. É uma desistência de competir, mas também uma desistência política. Vou atrás de informações, mas é preocupante. Reflete a nossa dificuldade de conviver corporativamente entre os clubes. Também é um debate político, de mudar o futebol, buscar soluções, propor um debate novo. Jogar é o de menos, mas apostamos na capacidade de fazer coisas diferentes daquilo que está definitivamente incorreto. Ser rentável ou não é o de menos. Não diria que comprometa a competição, mas a nossa capacidade de conviver e organizar a liga - declarou Bolzan, em entrevista à Rádio Gaúcha.
O GloboEsporte.com apurou que o Flamengo articulará para tentar convencer Gilvan a retornar à Primeira Liga. Uma reunião na próxima segunda-feira deve ocorrer com os demais membros do grupo para discutir a situação. O local do encontro ainda não foi definido.
A competição tem início previsto para o dia 27 de janeiro. A final seria no dia 31 de março. O Cruzeiro estava no grupo com Fluminense, Atlético-PR e Criciúma. A estreia da Raposa seria contra o Tigre catarinense, fora de casa. Joinville, Chapecoense e Paraná fazem parte da Liga, mas não disputariam a primeira edição.
Fonte: GloboEsporte.com