Para os vascaínos, a tarde deste domingo, 6, promete ser um “teste pra cardíaco, amiiiigo”, como diria o narrador esportivo Galvão Bueno, da Rede Globo. É que o Vasco da Gama põe em jogo hoje, a partir das 17h, a permanência na Série A do Campeonato Brasileiro, uma espécie de Grupo Especial dos gramados. Na capital paranaense, a partida será contra o Coritiba, que também luta pra ficar na elite do futebol canarinho.
E se desgraça pouca é bobagem, o time da Cruz de Malta não depende apenas de seus esforços. Além de uma vitória em Curitiba, o Vascão precisa de tropeços de Figueirense e Avaí, rivais diretos na tabela de classificação. Imaginando uma Quarta-feira de Cinzas, é como se o Vasco tivesse que tirar 10 na última nota do último quesito, e seus rivais obrigatoriamente serem avaliados com um 9.9. Já que a história chegou ao Carnaval, eis a questão: como estão alguns sambistas vascaínos, momentos antes da decisão?
Presidente da Unidos da Tijuca e ocupando a vice-presidência administrativa do Vasco da Gama, Fernando Horta estará pessoalmente no Paraná e vai acompanhar o jogo direto do estádio Couto Pereira, onde se realizará a partida. Confiante, o todo-poderoso da escola do Borel acredita que Fluminense e Corinthians, adversários de Avaí e Figueirense na última rodada, vão ajudar.
– O Vasco vai ficar. Acho que o Fluminense não vai amolecer, e o Corinthians vai ganhar o jogo. Lógico que, quando eu entrei no Vasco esse não era o intuito, mas aconteceu. A equipe se recuperou depois da quarta rodada do segundo turno, quer dizer, tá disputando um campeonato em 14 jogos, é difícil. Mas o time tá de parabéns pela última metade, mas pecou lá atrás. A gente vai ficar – confia Horta, que está no corpo diretivo do Vasco desde o final de 2014, quando venceu, ao lado do presidente do clube, Eurico Miranda, a eleição vascaína.
À beira do precipício e bem próximo de dar um passo à frente, o Vasco não está lá numa situação das mais confortáveis, mas para o cantor oficial da Grande Rio, Emerson Dias, não tem essa. O jogo nem começou, e o intérprete já está pensando em dar uma sacaneada nos amigos flamenguistas depois da partida.
– É de arrepiar! Não tem essa de difícil. Difícil é quando a gente estava a 13 pontos da Zona, agora só falta um, não tem problema, não. O último que morre é o burro. Se o Vasco conseguir escapar, é hora dos flamenguistas me aturarem. Tenho uns amigos que faço questão de ir na rua e gritar pra eles, “bota a camisa na encruzilhada, macumbeiro, que não deu certo” – brinca Emerson, que vai para a quarta temporada seguida no comando do carro de som da tricolor de Caxias.
Compositor da escola de Duque de Caxias, Gustavo Dias, que é filho de Emerson, expressa sua paixão pelo Vasco de maneira bem mais performática. Quem explica é o pai do garoto, de 20 anos.
– Ele é muito mais vascaíno do que eu. Ele bota chapéu, gorro e espalha camisa pela casa inteira. E cada lance de perigo ele tem um ritual diferente – revela o cantor.
Quem já ouviu o CD das escolas de samba do Grupo Especial versão 2016 já conhece o grito de guerra do intérprete Leozinho Nunes, da São Clemente: “É o som do bem”. Mas, neste domingo, 6, o som que mais fará bem ao cantor é o da bola batendo no fundo das redes do Coritiba, consagrando um gol do Vascão, quem sabe livrando o time da segunda divisão. O puxador da escola do bairro de Botafogo, Zona Sul carioca, é outro cheio de confiança na equipe cruzmaltina.
– Tenho que acreditar no meu time, vou assistir em casa, sozinho. Sempre que fico em casa sozinho, o Vasco ganha. Queria zoar os flamenguistas, mas nem posso muito, porque meu pai é flamenguista, aí não dá – confessa o intérprete.
O Clube de Regatas Vasco da Gama já foi tema de escola de samba. Rolou em 1998, ano do centenário do time, na Unidos da Tijuca. Naquela oportunidade, quem desenvolveu o enredo “De Gama a Vasco, a epopeia da Tijuca” foi o carnavalesco Oswaldo Jardim. A representante do Morro do Borel ficou em 13° lugar no Grupo Especial, e acabou rebaixada ao Acesso.
Fonte: Sambarazzo