Jorginho se emocionou. Em entrevista coletiva após o empate por 0 a 0 com o Coritiba, na tarde deste domingo (veja os melhores momentos no vídeo acima), que decretou o terceiro rebaixamento do Vasco para a Série B do Campeonato Brasileiro - foi a terceira queda do clube nos últimos oito anos -, o técnico não segurou as lágrimas ao comentar a situação pós-queda. O comandante, que assumiu o time no returno e somou 28 pontos - mais que o dobro dos 13 do primeiro turno -, comparou a tristeza à perda de um familiar, lamentou a reação ter começado tarde e já projetou o futuro em São Januário.
- Boa noite. Quero agradecer a Deus por não ter perdido esperança, se entregado. Dado saúde para suportar tanta pressão, tanta desconfiança, a gente tinha condições de reverter isso.
Sentimento como se tivesse perdido alguém na família, dor muito grande. Queria pedir desculpas ao torcedor do Vasco da Gama, que nos apoiou em todo momento. Se existe algo que foi positivo, além da entrega dos jogadores em todos momentos, foi acreditar no trabalho que viemos a desenvolver a partir do jogo do segundo turno. Se chegamos onde chegamos, com possibilidade de ficar na Primeira Divisão na ultima rodada, tem a ver com o torcedor e fez com que recebêssemos algo a mais. Fica a tristeza de não conseguir objetivo maior, mas a vida continua. São experiências que nos fazem melhores profissionais. O caráter foi muito lapidado nesse período. Falei com todos, falei isso: demos nosso melhor, vamos sair de cabeça erguida. Infelizmente, não foi suficiente para que fugir do rebaixamento. Mas nossa vida profissional continua, vamos procurar fazer o melhor. Alguns partirão, outros ficarão. Os que ficarem, darão o melhor para que o Vasco volte. É o lugar que merece estar. É a realidade, temos que encarar.
Jorginho não segurou as lágrimas ao lembrar de tudo o que passou nesses quase quatro meses em São Januário, com direito a noites de insônia. O técnico, porém, garantiu que tudo foi feito da melhor forma possível e que não mudaria nada se pudesse voltar atrás. Mas reclamou da perda de pontos em confrontos diretos e de um pênalti sofrido por Nenê neste domingo.
- Não tenha duvida que procuramos fazer tudo dentro das possibilidades. Algumas noites consegui dormir, muitas não (pausa e choro). Entreguei minha vida. Tudo que eu tinha de conhecimento no futebol, tudo que eu acumulei de experiência nos clubes que passei, como atleta e como jogador. Não faria nada diferente, demos nosso melhor, os jogadores fizeram o melhor. Agradeci muito. Acredito que o olhar quer dizer muita coisa. Via no olhar a entrega, a confiança no trabalho. Por isso, não tinha como fazer diferente. No decorrer do segundo turno foi confuso, difícil... Debaixo de tanta pressão, conseguimos resultados maravilhosos a partir do quinto jogo. Mas, infelizmente, não foi suficiente. Não adianta lamentar alguns pontos perdidos diretamente, em confronto direto. Mas realmente foi assim. Segundo turno muito confuso em termos de arbitragem. Não foi a principal coisa, mas foi pênalti. O Wilson, que jogou comigo, disse que foi pênalti. O que é a tristeza. Não tenha dúvida que merecia algo diferente. Por hombridade. Essa torcida apaixonada que não alcançou o objetivo que tanto merecia.
O Vasco caiu pela terceira vez em sua história para a Série B, todas as quedas aconteceram nos últimos oito anos e foram com o time na 18ª posição. O primeiro rebaixamento foi em 2008, quando o clube perdeu na rodada final para o Vitória por 2 a 0 em São Januário e terminou com 40 pontos. O segundo ocorreu em 2013, após goleada sofrida por 5 a 1 para o Atlético-PR na Arena Joinville e ficou com 44 pontos. Agora, a degola acabou decretada com 41 pontos após o empate por 0 a 0 no Couto Pereira.
Confira outros temas da entrevista coletiva do treinador:
SENTIMENTO
O sentimento que fica é de como se tivesse perdido alguém na família. Dor muito grande. Queria pedir desculpas ao torcedor do Vasco que nos apoiou em todo momento. Se existe algo que foi positivo, além da entrega dos jogadores, foi que eles acreditaram no trabalho que viemos desenvolver a partir do segundo turno. Se chegamos aonde chegamos, com possibilidade de sair da zona. Fica a tristeza de não conseguir o objetivo, mas a vida continua. São experiências que nos fazem melhores profissionais, que lapida o caráter. Falei isso com todos, demos nosso melhor, temos que sair de cabeça erguida. Infelizmente não foi o suficiente para que fugíssemos do rebaixamento.
Alguns partirão, outros chegarão e os que ficarem darão o melhor para que o Vasco volte para o lugar que merece estar. Não poderia de forma nenhuma ficar mais de 180 dias no Z-4, não merecia isso. Merecia sucesso dentro da competição, mas é a realidade e temos que encarar.
EMOÇÃO DO TREINADOR
Não tenha dúvida que procuramos fazer tudo dentro das possibilidades. Fiquei noites sem conseguir dormir, entreguei minha vida (neste momento, o treinador para de falar e embarga a voz, bem emocionado), tudo que eu tinha de conhecimento no futebol, tudo que eu acumulei de experiência nos clubes que passei, como atleta e como treinador. Não faria nada diferente, demos nosso melhor.
Não adianta lamentar alguns pontos perdidos diretamente, mas realmente foi assim. Segundo turno muito confuso em termos de arbitragem, não quero dizer que foi a principal coisa. Mas hoje teve pênalti. Wilson (goleiro do Coritiba), que jogou comigo, me disse que foi pênalti. Agradeci muito aos jogadores. Acredito que o olhar quer dizer muita coisa. Via no olhar a entrega, a confiança no trabalho, por isso não tinha como fazer diferente. No decorrer do segundo turno foi confuso, difícil debaixo de tanta pressão e conseguimos resultados maravilhosos a partir do quinto jogo. Mas infelizmente não deu
FICA?
Não pensei sobre essa situação. A gente em nenhum momento teve conversa em relação a isso. A tristeza é tão grande que não dá nem para pensar. A gente tem que digerir bem isso e conversar com calma sobre tudo que está por vir.
CONFIANÇA NA VIRADA
Vasco já passou por situações como essas e vai se reerguer novamente. Aconteceu com outros grandes, como o Vasco, que é a terceira vez. Difícil definir, foi ao longo do percurso. Criamos um ambiente apesar de termos 43 jogadores. Hoje, quando Riascos saiu, saiu chateado, queria ganhar. Mas pensei em não perder equilíbrio. Se levássemos o gol tudo ia por água abaixo de vez. Queríamos manter a força ofensiva, com desejo de conquistar. Mas a defasagem de pontuação do primeiro turno foi muito grande, trouxe sobrecarga grande. Mas quero dizer: faço parte dessa equipe, desse resultado, me sinto completamente responsável por tudo.
CONTROLE E APOIO
Cheguei de volta ao Vasco numa data marcante, no meu aniversário. Tinha sido treinador do Flamengo em 2013 e ia enfrentar justamente o Flamengo na Copa do Brasil. Nessa hora tem que buscar forças de onde pensa que não tem. Foi realmente trabalho árduo. Cresci como treinador, homem, amigo... É difícil, às vezes quer explodir, tem que se conter, ter equilíbrio necessário. Até o fim pensei que seria possível, chegamos perto de tirar o vasco dessa situação. Isso aumenta o respeito, o carinho por uma equipe que me deu essa resposta e uma diretoria que me deu apoio. Nos momentos mais difíceis ele disse que continuava acreditando. 'Você está no caminho certo, acredito em vocês'.
FUTURO DO CLUBE
O clube tem força, se reestruturando para justamente desempenhar papel bonito dentro de campo. Acredito sinceramente que vai se reerguer no próximo ano. Tenho pouco tempo de volta para detectar mais, não trabalhei com a diretoria passada, mas o importante é que tem condições de se reerguer
APOIO DA TORCIDA
Chega a ser algo que nos constrange acompanhar tudo aquilo, no estádio, a temperatura do contato com eles. Não teve um que não veio passar incentivo, com respeito, sem cobrança. Todos são completamente apaixonados pelo clube
É um clube que tem uma torcida extremamente grande em todo o Brasil e com certeza essa torcida vai contribuir muito para a volta do Vasco em 2017. Foi um orgulho muito grande ter participado disso, apesar de não ter conquistado a permanência
Fonte: GloboEsporte.com