A campanha do Fluminense no Campeonato Brasileiro de 2009, que servia de exemplo para o Vasco na atual briga contra o rebaixamento, já não serve mais. Apesar de o destino ter colocado no roteiro o mesmo estádio e o mesmo adversário brigando para não cair, o Cruz-Maltino vai precisar de um milagre maior na última rodada do que o rival conseguiu na época. O Tricolor naquela ocasião também chegou a ser dado como virtual rebaixado pela matemática com 99% de probabilidade, mas somou 24 pontos em 10 jogos e foi ao Couto Pereira com 71% de chances de escapar, contra 68% do Coritiba, de acordo com cálculos do matemático Tristão Garcia - o time dependia só de si e bastava um empate, o que aconteceu: 1 a 1. A equipe de Jorginho, por sua vez, mesmo somando 27 pontos nas últimas 14 partidas, visitará o Coxa com apenas 12% de salvação - precisará ganhar e ainda secar Figueirense e Avaí -, enquanto os donos da casa correm apenas 1% de risco desta vez.
Para dificultar ainda mais a situação vascaína, os adversários da dupla catarinense não têm mais objetivos no campeonato: o Corinthians, que vai receber o Avaí na Arena Corinthians, já garantiu o título, enquanto o Fluminense, que visitará o Figueirense no Orlando Scarpelli, está em 13º lugar e só cumprirá tabela. Apesar da situação delicada, ídolos do clube seguem acreditando. Como, por exemplo, Mauro Galvão. O ex-zagueiro e capitão no título da Libertadores de 1998 elogiou o desempenho cruz-maltino no segundo turno e lamentou o fato de a fórmula do campeonato de pontos corridos criar situações a que considera injustas na rodada final.
- É difícil apontar (resultado mais difícil de acontecer), cada time nessa fase tem motivações diferentes. Tem times que vão com tudo, outros que já estão pensando ano que vem... Isso não dá para culpar ninguém, os times que estão assim foram eles que chegaram nessa situação. Difícil querer cobrar alguma coisa. Não gosto desse tipo de campeonato por causa disso, nesse final sempre tem essas coisas, um depender do outro. Esse campeonato dá margem para isso. Hoje, pelo que vem jogando, o Vasco tem condições. A única dificuldade é não depender só de si. Mas o grande objetivo tem que ser ganhar do Coritiba, senão não adianta nada fazer conta.
Pedrinho também não jogou a toalha. O antigo meia revelado no Vasco, multicampeão no clube entre 1995 e 2001 e que foi homenageado em 2013 com um jogo de despedida para encerrar a carreira, exaltou a evolução do time desde a chegada de Jorginho e disse confiar na vitória sobre o Coritiba no Couto Pereira. Assim como aposta em empate ou derrota do Avaí diante do Corinthians. Mas ele admitiu que o Fluminense tirar pontos do Figueirense, empurrado pela torcida em casa, é uma árdua tarefa.
- Acredito. O Avaí acho que não ganha, no Vasco eu acredito, o mais difícil é lá em Floripa, Figueirense x Fluminense. É um resultado um pouco mais complicado. O Vasco está pagando o preço de um primeiro turno muito ruim. Se cair, nem torcida nem jogadores poderiam ser culpados porque estão jogando muito bem. Com a chegada do Jorginho, eles criaram um conceito e estão dando resposta - opinou o ex-jogador, que elogiou a evolução de Nenê - Joguei com ele no Palmeiras (em 2002), era segundo atacante, jogava mais pelas beiradas, jogador de ir para cima. Com a idade mais avançada ele recuou um pouquinho, entrou em forma e é um cara diferente tecnicamente. Está ditando o ritmo, sabe a hora de segurar, de acelerar, está com confiança...
Craque do Vasco nos anos 80, Geovani está acompanhando o drama vascaíno à distância, em Vitória, capital do Espírito Santos, onde reside. O ex-meia considera difícil derrotar o Coritiba no Couto Pereira, mas apostou na salvação cruz-maltina em caso de "ajudinha" do Fluminense. O ídolo lamentou que torcedores estejam pedindo nas redes sociais para o Tricolor entregar o jogo.
- Estou sofrendo, torcendo para esse pesadelo sair logo. Se o Fluminense fizer a parte dele, o Vasco sai. Mas tenho dúvida, falam em time reserva, isso é chato para caramba. O futebol carioca fica enfraquecido, tem que se unir e fazer ele se fortalecer. Mais difícil é ganhar, fazer o papel dele, porque o resultado lá é possível. Pelo o que o Vasco está fazendo, merece ficar na Série A. Vamos torcer até o final. Se sair dessa, que aprenda a lição de que não existe time de Carioca e time de Brasileiro. Não tem parâmetro achar que ganhar Carioca a equipe está pronta. Desde a minha época que não era assim, e olha que tinham três, quatro jogadores de seleção cada clube - argumentou.
Fonte: GloboEsporte.com