Juninho Pernambucano, sobre os jogadores do Vasco: 'Eles estão demonstrando uma força mental incrível'

Quarta-feira, 25/11/2015 - 23:34
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O silêncio que precede a explosão é a presença mais marcante num São Januário às vésperas de uma partida que pode decidir o futuro do Vasco e fazer o estádio se transformar em palco de festa ou lamentos. À espera da permissão de entrada, jornalistas parecem os únicos a terem voz leve, sem o peso da expectativa a engasgar as palavras.

Elas só são expressas para fazer as contas que o time precisa a fim de escapar do rebaixamento. Sentados à frente do portão 16, os funcionários que dão permissão ao acesso dos repórteres folheiam um jornal em busca de boas notícias. Mas a leitura os leva à certeza de que o sofrimento terá início no sábado, quando Avaí e Figueirense enfrentam Ponte Preta e São Paulo, respectivamente.

— Esses jogos nos interessam. E domingo, às 18h, o Coritiba enfrentará o Palmeiras... — diz um funcionário a outro, ciente de que o Vasco precisa vencer seus dois jogos.

As observações do porteiro ecoam no ambiente silencioso e cinzento de espera. E são levadas pela chuva rápida e forte que parece cair apenas sobre o estádio, poucos minutos antes das 18h. Suficiente para dispersar as vozes em busca de abrigo. Nem mesmo o eco das bolas de basquete de encontro à quadra do ginásio, próximo à entrada, diminui o domínio do silêncio.

A sensação permanece no curto caminho até a sala de imprensa. Acrescida de um tom de assepsia presente no ar, não apenas pela limpeza, ainda que com algumas partes em obras. Um local regido com firmeza de quem requer ordem em todos os aspectos.

Da capelinha à quadra de tênis, passando pelo Colégio Vasco da Gama, só os gatos observam a passagem dos forasteiros da cobertura diária. Pretos, brancos e malhados, são praticamente os únicos com acesso exclusivo aos treinos do técnico Jorginho, que ontem deu apenas trabalho físico aos titulares. Com expressivos olhos verdes, rondam desconfiados por São Januário, como que para espantar qualquer mau olhado trazido de fora. Fonte de boa sorte, segundo os antigos egípcios, são mais um rastro da esperança de quem escolheu acreditar.

O QUE PENSA JUNINHO

Sem os jogadores em campo e torcida nas arquibancadas, nem mesmo na social do clube, o estádio parece se concentrar assim como o time para o jogo contra o Santos, no domingo. Hoje, o adversário joga em outra frente, na final da Copa do Brasil, com o Palmeiras, e pode beneficiar o Vasco, caso repita a última rodada contra o Coritiba e escale os reservas no fim de semana.

— Eles estão demonstrando um força mental incrível e não devem gastar energia, preocupando-se com outros resultados. Mas, imaginando o cenário, uma vitória apertada do Santos seria o melhor — avaliou o ídolo Juninho Pernambucano.

No clube, a torcida é para que o jogo de hoje não atrapalhe a luta contra o rebaixamento.

— Não adianta ficar pensando nos resultados dos outros. Precisamos vencer os nossos e torcer — disse Riascos.

No caminho de volta, após a coletiva de Riascos, que espera que sua recuperação pessoal reflita na do Vasco, meninos da escolinha de futebol quebram um pouco o peso da tensão que paira sobre São Januário, com provocações tipicamente infantis. Já com a noite caindo, a sombra de Eurico Miranda em sua sala parece forjar o destino do clube.

Fonte: O Globo Online