Na cerimônia de lançamento do Centro Avançado de Prevenção, Recuperação e Rendimento Esportivo (Caprres) em São Januário, o presidente do Vasco, Eurico Miranda, falou num "futuro radioso" do clube com a obra de mais de R$ 1 milhão para prevenção e tratamento dos atletas vascaínos. Também comentou débitos do passado - dizendo que pagou mais de R$ 80 milhões de "dívidas herdadas" -, mas deixou o presente de lado. A coletiva de imprensa não teve perguntas abertas para a imprensa. Na saída do evento, questionado sobre o momento do time no Brasileiro - a cinco jogos do final -, mudou o tom do discurso e não assegurou a permanência na Série A - como vinha fazendo desde o início da competição, quando chegou a dizer que o Vasco iria disputar o título Brasileiro e de todas as competições do ano.
- Só digo uma coisa. Para mim, ainda não acabou. Continuo acreditando. Ponto. O resto todo é firula - disse Eurico Miranda, seguido por integrantes da diretoria vascaína, ao se retirar da Sala do Conselho de Beneméritos, que era sala Chico Anysio na gestão Dinamite.
O evento teve apresentação do coordenador científico do Vasco, Alex Evangelista, que apresentou detalhes da parceria com a Ambev. O prédio terá 600 metros quadrados e vai ficar no estacionamento dos atletas, ao lado do portão de entrada dos jogadores. As obras já começaram e têm previsão de término em 120 dias, aproximadamente quatro meses.
- Dia de orgulho para os vascaínos, obra dessa dimensão passa a ser referência não só para os dias atuais, mas para o futuro do Vasco. Desde que voltei assumi o compromisso de recuperar todo o complexo de São Januário, tão abandonado nos últimos anos - disse Eurico.
"Milagre vascaíno"
No início do evento, Eurico apresentou toda a diretoria que estava na mesa. O vice-presidente de futebol, José Luis Moreira, o vice médico Egas Manoel Fonseca, o primeiro e segundo vice-geral Fernando Horta e Silvio Godoi, além do gerente de marketing da Ambev, Sandro Leite, compuseram a mesa. Evangelista mostrou fotos e um pequeno vídeo do centro de recuperação e disse que a obra vai deixar o clube como pioneiro na área de tecnologia esportiva.
- Queremos um centro de referência mundial, com o Vasco na vanguarda como sempre foi. Temos conceito de lesão zero e desde o início do ano isso está sendo aplicado, com a parceria vamos idealizar a obra física para darmos segmento para o futuro. Nossa obra tem arquitetura pensada, com temperatura ideal, com teorias científicas, práticas que envolvem todos os lugares que já vimos no mundo. Viajando pelo Japão, com a seleção da Alemanha, com a NBA nos EUA, unimos teorias e formatamos esse projeto - explicou Evangelista.
Após a apresentação do projeto e de algumas palavras do representante da Ambev, Eurico, "antes de finalizar", disse que em 11 meses de gestão sua diretoria reformou o ginásio e fez outras intervenções no clube. Ele também disse que o clube conseguiu pagar mais de R$ 80 milhões em dívidas de gestão anteriores, sem citar Roberto Dinamite. Após o pronunciamento, Eurico foi questionado sobre a quais dívidas se referia - se eram trabalhistas, fiscais ou cíveis. O presidente disse que em outro momento vai apresentar a lista de compromissos cumpridos, sem dar detalhes. O presidente do Vasco, referindo-se a "entendidos" da crônica esportiva, disse que, para ele, transparência não é dizer como paga as contas, mas pagá-las.
- Vamos ter muito mais (dívidas) pela frente. Esse é o tipo de administração que fazemos. Eu queria registrar isso. Apesar de estar com toda nossa capacidade de arrecadação comprometida e de termos que fazer nosso dia a dia, vou repetir: pagamos mais de R$ 80 milhoes de dívidas herdadas. E dívidas que tiveram que ser pagas, porque senão não conseguiríamos realizar absolutamente nada. Muitos questionam como que a gente consegue pagar isso: chama-se "milagre vascaíno". Só o Vasco consegue fazer algo semelhante. O futuro se apresenta radioso, principalmente com a concretização dessa obra. Para os entendidos, que gostam de coisa de transparência, transparência, para mim, é honrar os compromissos. Não é dizer que nós temos os compromissos, não. É que eles sejam honrados. Os compromissos passam a ser da instituição, não daqueles que passaram por aqui. Mas temos obrigação de honrar os compromissos - afirmou Eurico Miranda
Mesmo com o time em situação delicada, na lanterna do Campeonato Brasileiro e com 96% de risco de rebaixamento segundo cálculos do matemático Tristão Garcia, a crise no futebol não impediu o projeto, em parceria com a Ambev e avaliado em mais de R$ 1 milhão. A empresa responsável por bebidas como o Guaraná Antártica e a cerveja Brahma renovou seu contrato com o Vasco por mais dois anos. O primeiro compromisso, iniciado em 2010 e com cinco anos de duração, rendeu frutos como a reforma dos vestiários, a montagem da atual academia, a instalação do placar eletrônico de São Januário e a sonorização do estádio.
Fonte: GloboEsporte.com (texto), ESPN.com.br (foto)