Nos últimos dias e nas últimas partidas, mais do que os 26 jogadores que podem entrar em campo, as atenções ficaram voltadas para o trio de arbitragem - e até para o quarto árbitro e delegado do jogo, no caso específico do filho de Delfim Peixoto, presidente da Federação Catarinense, que foi acusado por Eurico Miranda de ser responsável pela expulsão de Jorge Henrique. O próprio jogador seguiu o presidente em depoimento de defesa no julgamento de absolvição no STJD ao longo da semana. Apesar das atitudes extracampo, que se reflete no comportamento de Eurico em entrevistas e na presença de perto na véspera da partida, o técnico Jorginho quer isolar o time para se concentrar no adversário.
A partida contra o Grêmio, para o treinador, exige mais do que atenção redobrada em Douglas, articulador do time, nos atacantes gremistas e no esquema tático do elogiado técnico Roger Machado. Jorginho quer controlar a ansiedade dos jogadores, que convivem com a pressão de uma equipe que está há 28 rodadas ininterruptas na zona de rebaixamento - desde a quarta rodada do Brasileiro 2015. Em entrevistas, jogadores admitem que entrar, a cada jogo, com a necessidade absoluta de vitória pode atrapalhar o rendimento.
- É uma pressão muito grande, mas estamos convivendo com isso. Já são oito jogos que não perdemos. Acho que o que mais atrapalha mesmo é a ansiedade para fazer o gol, isso realmente acaba atrapalhando um pouco - admitiu Bruno Gallo, meia do Vasco, que ainda não conheceu a derrota no Brasileiro desde que entrou no time. O resultado negativo que teve foi contra o São Paulo - 3 a 0 na Copa do Brasil.
O time se apoia em jogadores experientes, na liderança do presidente Eurico Miranda no dia a dia e também na mensagem sempre confiante do técnico Jorginho. Ao lado de Zinho e da comissão técnica, o treinador passa tranquilidade e segue o mantra euriquiano: o Vasco não vai cair para a Série B.
- Sempre tive essa convicção desde que cheguei aqui. Apesar de o início ter sido com resultados terríveis. Mas o 6 a 0 foi um divisor de águas (jogo contra o Internacional). A equipe tem jogado bem, e isso, naturalmente, vem trazer esperança ainda maior de que estamos no caminho certo - disse Jorginho.
Na entrevista da véspera da partida, Jorginho mostrou semblante calmo e até caiu na gargalhada ao se enrolar no comentário sobre o amigo Zinho. As conversas da psicóloga Maíra Ruas, do gerente de futebol Paulo Angioni, que é psicólogo de formação, com jogadores, na beira do campo, também aumentaram nos últimos tempos. O treinador reconhece que é difícil manter a concentração do time 100% na partida com erros de arbitragem e, ainda mais, num momento em que o presidente do clube abre guerra contra a CBF, contra a comissão de arbitragem e contra um cartola influente, após empate na partida contra a Chapecoense. Mas ele simplifica a estratégia para colocar o grupo nos trilhos para mais uma batalha, expressão, aliás, usada pelos jogadores na véspera do jogo contra o Grêmio.
- É muito simples (tirar arbitragem da cabeça dos jogadores). Estávamos a 13 pontos de sair da zona de rebaixamento. Hoje, estamos apenas a quatro. O objetivo está sendo alcançado - diz o treinador, sem, no entanto, deixar de ressaltar o prejuízo das decisões dos árbitros:
- Volto a repetir: já estaríamos fora da zona de rebaixamento não fossem os erros absurdos de arbitragem. Mas nos aproximamos cada vez mais disso. Aquele percentual de 1% de chances de escapar já aumentou. Domingo podemos ficar a um ponto de sair.
Fonte: GloboEsporte.com