Eurico, sobre CBF: 'A relação continua sendo boa, até o momento que deixa de ser boa'

Quarta-feira, 21/10/2015 - 10:29
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A relação entre Eurico Miranda e CBF se estreitou com um pomposo almoço receptivo, aumentou com um empréstimo e se rompeu de forma abrupta com ameaças e denúncia ao STJD. Rachados, eles parecem caminhar juntos em apenas um ponto: a polêmica Liga Sul-Minas-Rio.

Está certo que até semana passada nem mesmo neste ponto falavam a mesma língua. Eurico, que não teve o seu Vasco convidado, sempre foi contra a realização do torneio se baseando em dois pilares que não cansa de repetir: "imoralidade" e "ilegalidade".

Em sua concepção, a competição é imoral por "prejudicar terceiros", no caso, os clubes pequenos dos Estaduais. E ilegal ao citar os termos do estatuto da CBF que, entre outros pontos, obriga a aprovação e publicação de um calendário para o ano seguinte, ação que já foi feita pela entidade para 2016.

Até esta semana, a CBF estava inclinada a dar a chancela para a realização do torneio, mas após demanda da Federação do Rio (Ferj) - comandada pelo parceiro de Eurico, Rubens Lopes - e também por ofícios dos sindicatos dos atletas nacional e do Rio de Janeiro, a confederação recuou e alegou que só as federações poderão aprovar a disputa através de assembleia.

Os argumentos para a mudança, em parte, batem com os de Miranda e Lopes, principalmente na questão legal, já que a entidade avalia que o campeonato poderá sofrer sanções jurídicas em caso de chancela individual.

Del Nero recebeu Eurico com almoço na CBF

Apesar de, neste momento, estarem em vias de iniciar uma "guerra sem quartel", como Eurico ameaçou caso a CBF não apure suas denúncias contra a arbitragem do Campeonato Brasileiro, o dirigente do Vasco e o presidente da entidade já tiveram uma relação próxima.

Tão logo ganhou a eleição no Cruzmaltino, Miranda, num ato raro entre presidentes de clubes, foi recepcionado com um almoço por Marco Polo Del Nero, então vice da confederação, e José Maria Marín, mandatário da CBF na época e hoje preso na Suíça por acusações de fraudes.

Como destacou o site da CBF na ocasião, Marín não poupou elogios a Miranda:

"É uma imensa alegria ter a companhia de um grande dirigente, que ajudou a construir a história não só do Vasco, mas também do futebol brasileiro, com seu trabalho à frente do seu clube. A CBF é a sua casa, como é a casa de todos os presidentes de clubes e federações do país".

Eurico, por sua vez, não se furtou em trocar gentilezas:

"Quero agradecer as suas palavras elogiosas, mas render também as minhas homenagens aos dirigentes da entidade máxima do futebol brasileiro, como presidente de um clube filiado da grandeza do Vasco".

Pouco tempo depois, Miranda conseguiu um empréstimo com a CBF na ordem de R$ 5 milhões para pagar dívidas fiscais.

A boa relação, no entanto, mudou de panorama quando o presidente do Vasco passou a se incomodar com o assunto Sul-Minas, que tem entre seus membros dois de seus desafetos: Flamengo e Fluminense.

As cobranças à CBF para não aprovação da Liga passaram a se tornar públicas e se alongaram para a questão da arbitragem do Campeonato Brasileiro após o Cruzmaltino se sentir prejudicado em algumas partidas, principalmente no empate em 1 a 1 com a Chapecoense.

O discurso duro, as ameaças e acusações não passaram barato e Eurico foi denunciado no STJD pelas declarações. Sua suspensão pode chegar a até dois anos em julgamento que ainda não tem data para acontecer.

Questionado pelo UOL Esporte, em entrevista coletiva na semana passada, se sua relação com a CBF havia esfriado, Miranda respondeu:

"A relação continua sendo boa, até o momento que deixa de ser boa. Nunca pedi nada a eles, nunca fui lá para pedir ajuda em matéria de jogo, etc. Fui recepcionado como presidente de uma instituição como Vasco e nunca tive qualquer tipo de ligação com eles".

Fonte: UOL