Um dos vícios do Vasco é a mistura nada saudável de política com futebol. Pior é quando interesses prevalecem sobre o jogo. Bruno Gallo foi vítima dessa relação nos primeiros anos de carreira, e pagou com o exílio em Portugal. De volta, colocou as suspeitas em segundo plano com o bom futebol.
Atualmente um dos destaques da equipe que tenta evitar o rebaixamento, o volante poderia ter brilhado pelo clube bem antes. Até 2007, era visto como promessa, além de ter sido capitão e camisa 10 do time de juniores que tinha também Alan Kardec, Alex Teixeira e Souza.
Sua história no clube mudou junto à troca de presidentes. Nos tempos de Eurico Miranda, Luiz Carlos Gallo, pai do jogador, era visto como alguém com bom trânsito nos bastidores do clube e seu empresário era um dos mais próximos da diretoria.
Mas com a entrada de Roberto Dinamite, o atleta perdeu espaço até ser emprestado para o Leixões (POR) em 2009. Foi tão deixado de lado que no ano seguinte a diretoria, mesmo com a possibilidade de negociá-lo, preferiu rescindir seu contrato e deixá-lo ir para o Vitória (POR).
— É só você ver a sequência de jogos que ele teve na época. O Dorival Júnior (técnico do Vasco) gostava dele. Mas a diretoria passou a trabalhar com outros empresários, e ele foi emprestado — lembrou o pai de Bruno Gallo.
E o que parecia um tropeço na carreira se mostrou, com o tempo, um passo certo. Ao atuar por clube médios de Portugal, deixou de ser apoiador e encontrou sua verdadeira posição: volante. Ganhou a disciplina tática que hoje o coloca como titular do time de Jorginho.
Aos 27 anos e com Eurico Miranda novamente à frente do Vasco, Bruno Gallo quis voltar e teve o desejo atendido. Não foi difícil: seu representante é amigo de Euriquinho, filho e assessor do presidente, e seu pai fez campanha para o retorno do atual grupo político ao poder.
— Nunca tinha tido contato com o Eurico, mas vi o Vasco antes de ele sair e depois. Você pode ser amigo de quem for, mas não engana tanto tempo. O Bruno sempre deu a vida pelo Vasco. Poderia ficar em Portugal, mas voltou — frisou o pai de Bruno.
Ainda assim, a desconfiança de que a política teria falado mais alto voltou junto com Bruno. Mas em campo, o volante deixou as desconfianças para trás. Hoje, contra o São Paulo, tenta evitar o rebaixamento e reescrever a mais bela página de sua história pelo Vasco, sem política e com futebol.
Fonte: Extra Online