Representantes dos clubes Botafogo, Flamengo e Vasco da Gama e da Federação de Remo do Estado do Rio de Janeiro (FRERJ) anunciaram na manhã de hoje, em entrevista coletiva realizada na sede do Clube de Regatas do Flamengo, na Gávea, que não vão alterar a data da última etapa do Campeonato Estadual e, em consequência disso, cerca de 150 atletas do Rio não participarão do Campeonato Brasileiro de Remo 2015.
Mês passado, numa ação unilateral, o presidente da Confederação Brasileira de Remo (CBR), Edson Altino Jr, transferiu a data e o local da realização do Campeonato Brasileiro de Remo 2015, do Rio de Janeiro, dia 03 de outubro, para Brasília, dia 1º de novembro, mesma data da última etapa do Campeonato Estadual de Remo do Rio de Janeiro.
As federações estaduais fazem seus calendários de acordo com o calendário da CBR que, no final de 2013, divulgou seu calendário para os anos de 2014 e 2015. A entidade nacional alterou a data do Brasileiro de Remo sem levar em consideração a última etapa do Estadual, prejudicando clubes e atletas do Rio de Janeiro, que além de não terem a oportunidade de participar da competição nacional mais importante do calendário, ainda ficam sem chance de lutar por uma bolsa-atleta.
A FRERJ tem feito todos os esforços possíveis para convencer a Confederação Brasileira de Remo (CBR) a rever a transferência do Brasileiro de Remo para Brasília. "Na minha opinião, a decisão de alterar a data e o local do Brasileiro foi uma decisão unilateral da CBR com fins de retaliação e afronta a FRERJ por críticas a gestão do atual presidente da entidade", afirma Marcos Almeida, diretor e representante da FRERJ na coletiva.
Marcos Almeida ressalta que o vice-presidente da CBR, Marcellus dos Santos Silva, semana passada pediu seu desligando por não concordar com a atual gestão e no seu lugar foi colocado um aliado de Brasília da atual gestão. Isso comprova que o ato foi político e com fins de nos afrontar e retaliar, pois retirar o Campeonato Brasileiro da raia Olímpica do Rio de Janeiro, tendo apoio e incentivo do Governo para sua realização, é injustificável.
Para o diretor da FRERJ, com essa atitude a atual gestão da CBR está prejudicando clubes e atletas do Rio de Janeiro a mercê de ambições pessoais, deixando ao largo os interesses do esporte e disseminando a discórdia com sua infeliz decisão.
- Não existe condição dessa administração prosseguir no comando da entidade. O legado que a CBR deveria buscar com as Olimpíadas de 2016 foi jogado fora. Nós da federação repudiamos as atitudes tomadas pelo presidente da CBR - declara Marcos.
De acordo com o diretor de remo do Botafogo de Futebol e Regatas, Marcelo Murad, o objetivo dos clubes do Rio de Janeiro e da Federação de Remo do Rio é fazer esporte e a atitude do presidente da CBR é uma arbitrariedade, foi feita a revelia dos clubes.
- O presidente da CBR decidiu, intempestivamente, realizar o Brasileiro em Brasília, na mesma data em que será disputado o Estadual do Rio de Janeiro e, assim, está deliberadamente agindo para prejudicar os clubes cariocas e seus atletas, inclusive aqueles que formam cerca de 70% da seleção nacional. Essa mudança foi feita a dois meses da realização da competição nacional, o que impede a participação dos remadores cariocas até por falta de recursos. O Botafogo estará impedido de lutar pelo tricampeonato de sênior e júnior, em total falta de tato e coerência por parte da CBR. Além disso, os clubes do Rio não tinham previsão orçamentária para o deslocamento de barcos e atletas para Brasília - acrescenta Murad.
O vice-presidente de Remo do Vasco da Gama, Antônio Lopes, entende que querer disputar o Brasileiro no mesmo dia da regata do Rio de Janeiro é impedir que os atletas cariocas participem do campeonato nacional e, consequentemente, impede dos vencedores recebem uma bolsa-atleta. Para ele, a decisão do presidente da CBR é arbitrária, porque ele não levou em consideração o estatuto da confederação, que diz que uma mudança de data do Campeonato Brasileiro tem que ser feita através de um colegiado, tem que ser uma decisão colegiada e não só do presidente. "Isso prova que a decisão dele é política e não esportiva, pois ano que vem tem eleição e ele quer agradar outras federações e desprestigiar o Rio de Janeiro", analisa e completa:
- Em uma assembleia realizada em 2013, onde estavam os presidentes de todas as federações do Brasil, ficou decidido de forma unanime que o Brasileiro de Remo em 2014 e 2015 seriam no Rio de Janeiro. Essa assembleia é dos presidentes das federações do Brasil, não só do Rio. Agora, por uma questão política, a CBR transferiu a competição para a mesma data da final do nosso Estadual. Isso tudo ocorreu sem consulta às federações. Outro problema é que a cidade de Brasília está passando por uma seca muito grande, isso é até prejudicial para os atletas - declara o vice-presidente de remo do Vasco da Gama.
Antônio Lopes ressalta, ainda, que os melhores atletas estão no Rio e não nos outros estados. "O único estado que tem uma rivalidade em termos de categoria é o Rio Grande do Sul. Nos últimos quatro anos, nossa remadora Fabiana Beltrame teve os melhores resultados internacionais para o esporte e parece que a CBR quer puni-la por isso. Não podemos aceitar isso", finaliza.
Para Marcelo Vido, diretor de esportes olímpicos do Flamengo, os clubes hoje desenvolvem suas gestões e planejam suas ações com suporte de projetos incentivados e não havia previsão para irmos a Brasília. Os atletas acabaram de competir (20/09) na raia olímpica e haverá outra regata (11/10) na mesma raia.
- Devemos ressaltar que a federação possui um documento da Casa Civil apoiando o evento no Rio. O momento é de debater e pensar em algumas ações. Alguns clubes aqui foram criados a partir do remo e aí se vê a importância do esporte para nós. A CBR não poderia mudar a data e o local do Campeonato Brasileiro sem conversar com os clubes - diz Marcelo Vido.
Fonte: Site oficial do Vasco